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Atrás sempre de um ponto de equilibrio e do desenvolvimente responsavel

28.6.07

ONU adverte que em 2030 a Terra será um lugar de favelas e que 60% da população estará morando em cidades. No Brasil, já se estima que mais de 80% vivam em áreas consideradas urbanas - mas não necessariamente com cara de cidade, com shoppings, parques, metrô, etc.

As zonas rurais estão se despovoando, produções agrícolas e extrativismo sendo abandonadas ou sendo concentradas nas mãos de poucos, dos poucos dotados de capital, tecnologia e influência política, dos poucos capazes de produzir para milhões, para as grandes redes de comércio, capazes de abastecer com eficiência a demanda crescente das cidades.

O despovoamento decorre da degradação ambiental, que tornam áreas improdutivas e inviáveis a vida, e também decorre do empobrecimento devido a fragilidade econômica dos pequenos produtores diante das complexidades do sistema (e não apenas do mercado). O êxodo rural está inchando as cidades, complicando a administração pública e privada da vida urbana, já prejudicada pela corrupção, omissão, incompetência e pelo próprio gigantismo e complexidade das cidades. As médias cidades, com 500 mil habitantes, seriam as mais visadas pelas novas ondas, porém, o tempo pressionará as pequenas também – porque os pobres e ambiciosos irão para as localidades que se mostrarem promissoras, eles querem água, comida, moradia, serviços sociais e emprego.

Mas, os técnicos da ONU dizem que o crescimento das cidades não se dá tanto por migração, mas pela diferença entre natalidade e mortalidade locais, o crescimento é de dentro para fora.

A mesma ONU e cientistas do IPCC alertam que mudanças climáticas poderão ampliar desertificação, enchentes e secas, com danos graves ao abastecimento de água, alimentos e outros insumos para a vida humana – sem falar das pragas, incêndios e doenças decorrentes disso. Então, além da degradação ambiental local e da crise econômica no campo por conta de fatores políticos e econômicos, o êxodo será agravado pelo colapso do clima.

A ONU alerta para o fato de que, se estivesse sendo bem gerenciada essa migração, ela seria positiva para todos, entretanto, não está, de modo que a favelização e as tensões sociais só tendem a ser agravadas. Recomenda que as cidades sejam projetadas para os pobres também.

Recomendação crucial, porque hoje as cidades são desenvolvidas pelas forças especulativas sobre um recurso esgotável e essencial, que é o ESPAÇO. Empreendimentos são lançados para especuladores, lavadores de dinheiro e para endinheirados. O Estado, falido e ruim, não faz projetos para os pobres e, quando faz, são ruins.

As cidades grandes já estão sendo consideradas um mar de favelas com ilhas de ordem e prosperidade, entretanto, a pressão social combinada com má gestão arruinará a todos e nivelará a todos, apocalipticamente. Os serviços de saúde, educação, segurança, limpeza, conservação, saneamento, transportes, tendem a ficar cada vez piores e os privados não darão conta das demandas e direitos de uma massa crescente de clientes. Convulsionadas, as cidades grandes já deixam de ser atraentes e mais e mais pessoas se dirigem para as médias e algumas pequenas. Já os cidadãos das grandes cidades, com recursos, fogem do caos e migram para cidades menores, mas sem fazer uma prévia reavaliação cultural – assim, transportam para seus "novos paraísos" os mesmos vícios e visões de mundo, causadores dos males dos quais fogem.

Essa concentração humana é positiva para aqueles que buscam concentrar seu poder econômico e político, é o caso, p.ex., das empresas de telefonia e de TV, planos de saúde, comércio varejista, transportes, partidos políticos, financeiras, tráfico de drogas, empresas de água e esgoto, etc – é mais fácil controlar 100 milhões de pessoas concentradas em cinco cidades que 100 milhões dispersas pelo campo e por cidades médias e pequenas. Se, por um lado, essa concentração facilita as coisas e permite evolução mais veloz, por outro promove grandes tensões, disputas e pressões sobre recursos. Ao mesmo tempo, é fácil controlar 100 insatisfeitos de um serviço que satisfaz outros 100.000, mas não é nada fácil controlar 100.000 insatisfeitos com um serviço que só satisfaz a 100.

O que prevê? Mesmo que os índices macroeconômicos sejam positivos, os índices sociais e politicos tendem a se agravar, viabilizando o chamado Estado Policial, fascista, militarizado, seja ele de esquerda ou de direita - um momento que antecederá o colapso final.

Os que querem um futuro melhor têm de prestar a atenção a estes fatores, a este processo, e se antecipar a ele, sendo vanguarda e tirando proveito dessa condição, para construir uma outra realidade.

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