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16.10.11

OS PROTESTOS DA MIDIA


Ontem eu estava assistindo a abertura do PAN 2011, em Guadalajara, vocês sabiam que está rolando o PAN de 2011?  Não?  Voces estão vendo a Globo demais gente!  O PAN está sendo exibido pela Record, que não é santa, nós sabemos, mas, que vergonha a Globo não dar cobertura alguma ao PAN 2011.

Essa mesma Globo (e suas coligadas) tem feito literalmente convocações para os protestos contra a corrupção, felizmente com resultados ridículos.

Para a turma que está organizando estes protestos, o povo brasileiro não protesta, não chia, não participa.  Mentira.  É só ver os protestos contra os maus serviços públicos (como os trens e hospitais) e marchas como no caso dos Bombeiros, que a própria Globo tratou no inicio de “queimar”, sem sucesso, sendo um de seus mais recentes fracassos políticos.  O mesmo fez contra os professores em greve em MG (110 dias, não sabiam?).

Vamos lembrar que a Globo fez o possível para não noticiar a campanha das Diretas Já, nos anos 80, apesar das multidões que lotavam avenidas e praças, muito, mas muito maiores que essa que ela tem conseguido juntar.  Porém, mais tarde, ela explorou a indignação popular contra Collor, que ela colocou no poder, incitando os jovens nas marchas conhecidas como “dos caras-pintadas”.

Para a Globo só valem aqueles movimentos que ela ajuda ou organiza nos bastidores, ou que atacam aqueles que ela gostaria de atacar.  É curioso como, depois de feita a passeata, os organizadores somem dos facebooks da vida, deixando os simpatizantes na mão.

Quem anda muito tiririca com isso são os partidos de esquerda, que sempre se acharam donos da verdade e que sempre foram os mobilizadores populares contra o sistema.  Acontece que, de fato, vários grupos, como a UNE, estão cooptados pelo PT e por outros partidos.  O impedimento que os grupos de protesto fazem contra a presença de bandeiras ou mesmo políticos nas marchas tem irritado estes partidos e lançado questões sobre o caráter fascistas destes protestos.

Sim, a História tem exemplos para contar sobre como os donos do poder manipularam sentimentos de indignação do povo contra os partidos políticos e a política, movimentos que começaram puros ou realmente manipulados, e descambaram para a onda fascista. 

A Globo há tempos vem se oferecendo para a população como um canal de manifestação, de cobrança, ela se faz de partido político, sem mandato e sem regras a cumprir, não temos como dar impeachment na Globo.  Ao oferecer espaço para o povão e para os especialistas (amigos) falarem, ela ganha credibilidade e adesão, fundamental para dois objetivos: continuar sendo o melhor canal de vendas (ninguém compra de mentiroso, mas de quem parece confiável), mesmo que a venda de coisas roubadas, lotes ilegais, carro ruim, propaganda enganosa, prostituição, etc.  Segundo motivo: como uma igreja, ela congrega em torno de si uma multidão de devotos e usa isso para pressionar os políticos e os governos.

Esse é talvez o objetivo básico hoje: após demolir a credibilidade dos partidos e grupos políticos, de forma generalizada, ela se apresenta como partido sem política, uma força que não exige de você o incômodo das eleições e do acompanhamento.  Assim o faz para pressionar os políticos que poderão em breve estar com as mãos no projeto de regulamentação dos meios de comunicação, para votá-lo, ou para enxotar ou destruir empresas rivais – como tentou fazer com a empresa portuguesa que comprou um jornal popular do Rio, ou as maquinações feitas contra a Band, o SBT e a Record.

Esse projeto de regulamentação pretende quebrar várias tretas e mutretas que hoje engordam as empresas de comunicação e as protegem sob o falso argumento da liberdade de expressão.  É com base na liberdade de expressão e de informação que essas empresas promovem seus realities shows, suas baixarias na TV e no rádio, sua censura prévia nas redações (vc só fica sabendo o que elas querem publicar) e até seus classificados.  O projeto quer quebrar a concentração de meios nas mãos de uma empresa só, péssimo para empresas como a Globo e a Abril (dona da Veja, outra metida com os protestos).

As marchas tiveram como provocação inicial uma matéria de um jornal espanhol, sem expressão alguma aqui, que indagou porque os brasileiros fazem marchas gays, evangélicas e da maconha e nenhuma contra a corrupção.  Usar uma provocação vinda de um jornal estrangeiro foi a forma encontrada para dar ares de espontânea e nacionalista a onda de protestos convocada.  Outra jogada é defender Dilma contra os políticos, porque é Dilma que tem poder de veto sobre o projeto de regulação da mídia, é Dilma que tem um índice de popularidade que a blinda contra golpismos da imprensa.  Defender Dilma é também uma forma de parecer defensor da ordem e da primeira mulher presidente.

Os meios de comunicação estão fazendo experiências psicológicas com a sociedade há tempos, já estão em estudos nos EUA programas para avaliar a atividade em redes sociais e descobrir estopins de greves e revoluções.   

Alguém pode pensar: “tudo bem, a Globo e a Abril têm todo o direito de mobilizar seus crentes, como faz a Record, para fazê-los defender planos e ambições” – talvez.  Os meios de comunicação estão aí para informar, não para mobilizar, a imprensa tem que informar e não ser golpista.  Se a Globo se acha melhor que a Record, não deveria agir como uma igreja ou um partido político.

Então, você é obviamente livre para seguir o “plim-plim”, ou o “ai Jesus”, ou a bandeira vermelha que você quiser.  Mas, pense bem, reflita.

13.10.11

Tá Tudo Perdido Mesmo

TÁ TUDO PERDIDO MESMO

O governo de MG porá os Dragões da Inconfidência e o tapete vermelho para receber Ivete Sangalo, futura Cidadã Honorária estadual. Os grupos de esquerda, que há tempos têm o comando da capacidade de protesto e de greve dos trabalhadores, estão chiando, pois o governo estadual dedica aos cidadãos indignados o cassetete e o gás lacrimogênio.

Luciano Hulk e Gugu Liberato continuam semanalmente organizando premiações benfeitoras a famílias escolhidas sabe-se lá como, exibindo-se como benfeitores e dignos de...Voto? Talvez não, eles querem é mostrar que o preço que cobram pelo espaço publicitário é justo, é caro mas é justo.

No dia 20 a mídia noticiou as passeatas em 12 estados, é o protesto “contra a corrupção”, o que seria muito bom não fosse o fato evidente de que são movimentos animados pela grande mídia (preocupada com os projetos de regulação das comunicações), por agitadores oposicionistas disfarçados e por pessoas que se consideram muito lucidas, mas que não enxergam que o povo tem sim protestado – vide as reações aos arrochos injustos contra servidores públicos e outras categorias, as reações contra os serviços ruins de trens, metrô, barcas, aos abusos policiais, etc – isso a dita mídia amiga não mostra.

As esquerdas, que se consideram donas da verdade e do espirito reformista, acusam os protestantes de serem manipulados, quando elas mesmas manipulam o povo – é só ver o silencio da UNE e dos sindicatos e conselhos profissionais contra as farras nos governos de esquerda. As esquerdas denunciam que o discurso moralista dos protestantes é a repetição da historia do golpe de 64, mas, fato é que a corrupção não pertence a este ou a aquele partido, ela não nasce em Brasilia ou no meio empresarial apenas.

Mais uma vez estamos vendo um justo sentimento sendo manipulado, usado, para fins políticos, os mesmos fins políticos que têm criado e alimentado a corrupção que denunciamos.

Mais uma vez as pessoas se negam a conhecer a História e a mergulhar no duro trabalho de conhecer os problemas e debater soluções, preferindo seguir receitas dadas por quem tem interesse em faturar com essa indignação, em direcioná-la. Não demorará muito e pedirão as tropas nas ruas contra os corruptos, pedirão a administração militar e falso moralista.

O povo, este que estará em Belo Horizonte emocionado com a premiação de Ivete, ou que sintoniza a TV para ver Hulk, Edir Macedo, Malafaya, Gugu, Datena, Hebe, futebol, filme enlatado e novela, é tão alienado quanto os que hoje protestam contra a corrupção, seus atos de protesto são explosões cegas, ou animadas pelos de esquerda, ou de direita. Muitos já viram isso, há séculos, daí o conformismo do bom escravo, que prefere roubar do patrão na calada da noite a apontar-lhe suas perversões e maldades. Triste realidade de um povo: ou se entorpece para fugir da dor, ou se esconde no trabalho desanimado, ou deixa manipular-se em sua revolta por quem simplesmente quer o trono do rei.

 
 

29.9.11

Por Que o Poder Publico é Ruim?

POR QUE O PODER PUBLICO É RUIM?

Por que a saúde e a segurança estão tão ruins?  Por que a justiça não anda?  Por que os transportes são uma vergonha?  Por que ninguém consegue resolver as enchentes?  As epidemias de dengue?  Por que, enfim, o que é público, governamental, funciona tão mal?  Você sabe?  Ou pensa que sabe?

O Poder Publico é formado por empresas publicas, prefeituras, tribunais, parlamentos (de vereadores, deputados e senadores), governos estaduais, governo federal, forças armadas, etc.  São organizações como quaisquer outras: reúnem pessoas, dinheiro e outros recursos para realizar objetivos.

Porém, se as organizações privadas têm como objetivo o lucro e o ganho de seus donos, o objetivo do Poder Público é o de gerar benefícios para a sociedade, atender aos interesses de todos – homens, mulheres, idosos, crianças, ricos, pobres, etc – enfim, da sociedade.

Sociedade é o grupo de pessoas com objetivos comuns e que trabalham juntas para atingi-los.

Sim, claro, cada um tem seus interesses, mas, existem alguns interesses que são comuns, como a prevenção de epidemias, o socorro de emergência, a justiça, a segurança nas ruas, os serviços de comunicação e informação, a educação básica e a conservação de estradas, aeroportos, etc.

A sociedade sustenta as empresas e órgãos públicos com os impostos e taxas, e também com pessoal, porque os funcionários públicos não vêm de outro planeta, ou de outro país, eles são cidadãos como você, e como você eles podem ser honestos ou sem vergonhas, idealistas ou oportunistas.

Porém, ao contrário das empresas particulares, que se não forem eficientes e bem administradas quebram, o Poder Público pode criar impostos, taxas e loterias para cobrir os rombos que surgem da má administração.

Da mesma sociedade saem os candidatos para serem votados nas eleições, e ela mesma que vota, que escolhe, quais deles receberão o poder para administrar os órgãos públicos, ou fiscalizá-los.  É mais ou menos a mesma coisa que acontece num condomínio, numa associação, num clube, em algumas igrejas, etc.  Ora, o Serviço Publico é o espelho da sociedade.

Quando as pessoas deixam de lado os objetivos comuns e passam a trabalhar em favor de seus próprios interesses, muitas vezes por meio de trapaças e violências, elas deixam de compor uma sociedade, não passando de um ajuntamento de indivíduos, aqueles mais organizados formam os bandos.

E assim, o Poder Público deixa de ser o instrumento de vida e felicidade geral, passa a ser a galinha dos ovos de ouro, a teta da vaca gorda, o trem da alegria que todos cobiçam.  Ao colocar no comando do Poder Publico políticos sem vergonha, a sociedade lhes dá carta branca para agir dessa forma.

A sociedade só se importa um pouco com o que acontece dentro dos órgãos públicos quando o mal finalmente a morde – aí já era.

Os malfeitores eleitos têm como primeira missão corromper o funcionamento da máquina pública, já desrespeitada por uma sociedade que age como um ajuntamento.  Começam favorecendo os funcionários que aceitam ajudar, seja por idealismo ingênuo, seja por oportunismo picareta, seja por pura covardia.

Não há político corrupto, malfeitor, sem sua rede de colaboradores, de cabos eleitorais a funcionários públicos de carreira.

Montam assim uma teia de colaboradores, todos com a missão de viabilizar a safadeza: o uso eleitoreiro da máquina, o roubo, o gozo particular dos recursos públicos (ex. carro oficial para ir ao shopping) e o uso do poder para extorquir.

O Poder Publico acaba por fim sustentando partidos políticos, sindicatos, associações de todos os tipos, religiões e empresas privadas de vários tamanhos e tipos, além dos bandidos comuns.  É a ruína do serviço público em favor do ganho privado.

A ruína dos serviços públicos os prejudica?  De modo algum, é mais um motivo para usarem da maquina para criarem seus centros sociais, para darem esmolas, para criarem dificuldades e vender facilidades, etc – aparecem assim como benfeitores do povo e parceiros de empresários.

E, quando as coisas beiram o caos, o discurso é sempre o mesmo: a culpa é dos funcionários públicos!  Todos os beneficiários com esses esquemas infames (incluindo a imprensa) fazem o coro de condenação.  A saída é privatizar, administrar o Poder Público como empresa privada, dando fim aos tais privilégios – que surgiram justamente para proteger os bons funcionários em sua luta pelo interesse publico contra esses malfeitores todos.

Parabéns povo brasileiro.

11.9.11

EPITÁFIO PARA OUTRO 11 DE SETEMBRO

ARIEL DORFMAN - extraido da Folha de SP

Naquele 11 de setembro letal --lembro que era uma terça-feira--, acordei pela manhã com um som de angústia, a ameaça de aviões que sobrevoavam nossa casa. E quando, uma hora mais tarde, vi uma nuvem de fumaça que subia do centro da cidade, eu soube que minha vida e a vida de meu país tinham mudado de forma drástica e taxativa, para sempre.

O ano era 1973, o país era o Chile e as forças armadas acabavam de bombardear o palácio presidencial em Santiago, deixando claro desde o início a ferocidade com que responderiam a qualquer tentativa de resistir ao golpe contra o governo democrático de Salvador Allende. Esse dia, que começou com a morte de Allende, terminou convertendo em matadouro a terra onde tínhamos tentado uma revolução pacífica. Quase duas décadas, que vivi principalmente no exílio, se passariam antes que pudéssemos derrotar a ditadura e recuperar nossa liberdade.

Vinte e oito anos depois daquele dia inexorável de 1973 aconteceu um novo 11 de setembro, também numa manhã de terça-feira, e agora foi a vez de outros aviões, foi outra cidade que também era minha a que recebeu um ataque; foi um terror diferente que desceu do ar, mas de novo meu coração se encheu de angústia, de novo confirmei que nunca mais nada seria igual, nem para mim, nem para o mundo. Desta vez o desastre não afetaria a história de um país apenas, nem seria apenas um povo que sofreria as consequências do ódio e da fúria --seria o planeta inteiro.

Me causou sobressalto, nos últimos dez anos, essa justaposição de datas. É possível que minha obsessão por procurar um sentido oculto por trás dessa coincidência se deva ao fato de que eu era residente de ambos os países no momento em que sofreram a dupla investida, a circunstância adicional de que essas duas cidades agredidas constituem os fundamentos gêmeos de minha identidade híbrida. Porque cresci aprendendo o inglês em Nova York, ainda criança, e passei minha adolescência e juventude apaixonando-me pelo espanhol em Santiago, porque pertenço tanto à América do Norte quanto à do Sul, não posso deixar de sentir de forma pessoal a paralela destruição dessas vidas inocentes, e tenho a esperança que da dor e da confusão ardentes nasçam algumas lições, quiçá alguma aprendizagem.

De fato, Chile e Estados Unidos oferecem modelos contrastantes de como se pode reagir diante de um trauma coletivo.

Uma nação submetida a uma adversidade tão brutal inevitavelmente se vê diante de uma série de perguntas básicas que interrogam seus valores essenciais, sua necessidade de obter justiça para os mortos e reparação para os vivos sem fraturar ainda mais um mundo já perturbado. É possível restaurar o equilíbrio desse mundo sem nos entregarmos à compreensível sede de vingança? Não corremos o risco de ficarmos parecidos com nossos inimigos, de nos convertermos em sua sombra perversa --será que não corremos o risco de terminar governados por nossa raiva, que costuma ser tão má conselheira?
Se o 11 de setembro de 2001 pode ser entendido, então, como uma prova em que se avalia a sabedoria de um povo, me parece que os Estados Unidos, infelizmente, se saiu mal no exame. O medo gerado por um grupo pequeno de terroristas conduziu a uma série de ações devastadoras que excederam em muito o dano causado pelo estrago original: duas guerras desnecessárias; um colossal desperdício de recursos destinados ao extermínio, mas que poderiam ter sido investidos para salvar nosso planeta de uma hecatombe ecológica e nossos filhos da ignorância; centenas de milhares de pessoas mortas e mutiladas, e milhões de outras deslocadas; uma erosão dos direitos civis e o uso da tortura pelos norte-americanos, o que avalizou outros regimes para que abusassem ainda mais de suas populações cativas. E, finalmente, o fortalecimento em todo o mundo de um Estado de Segurança Nacional que exige e propaga uma cultura de espionagem, mendacidade e medo.

O povo chileno também poderia ter respondido à violência com mais violência. Sobravam razões que justificavam levantar-se em armas contra o déspota que traiu e derrubou um presidente legítimo. Não obstante, os chilenos democráticos e os líderes da resistência --com algumas exceções lamentáveis-- decidiram desalojar o general Pinochet do poder mediante uma não-violência ativa, recuperando, parte por parte, uma organização atrás de outra, o país que nos haviam roubado, até derrotar o tirano em um plebiscito que ele tinha tudo para ganhar. O resultado não foi perfeito. Mas, apesar de, décadas mais tarde, a ditadura derrotada continuar a contaminar a sociedade chilena, a forma em que travamos nossa batalha continua a ser um exemplo definitivo de como é possível criar uma paz duradoura depois de tantas perdas, tanto sofrimento persistente. O Chile demonstrou uma determinação cuidadosa e ajuizada para assegurar que nunca haverá outro 11 de setembro de morte e destruição.

Me parece maravilhoso e até mágico que, quando os chilenos tomaram a decisão de lutar contra a malevolência por meios pacíficos, estavam, sem saber disso, fazendo eco a outro 11 de setembro. De fato, nesse exato dia em 1906, Mohandas Gandhi, no Empire Theatre de Johanesburgo, convenceu milhares de seus compatriotas indianos a usar a não violência para contestar um conjunto de leis discriminatórias que, concretamente, já preparavam o futuro regime do apartheid na África do Sul. Essa estratégia incipiente de "satyagraha" levaria, com os anos, à independência da Índia e a muitos outros movimentos para conseguir paz e justiça no mundo, incluindo a luta de Martin Luther King pela igualdade racial e contra a exploração.

Cento e cinco anos depois daquela memorável exigência do Mahatma para imaginar uma maneira de sair do delírio e da armadilha da cólera, 38 anos depois de aqueles aviões me despertarem pela manhã para me avisar que eu nunca mais poderia escapar do terror, dez anos depois de a Nova York de minha infância ter sido dizimada pelo fogo, tenho a esperança de que o epitáfio final para cada um e todos os possíveis 11 de setembros seja dado pelas palavras suaves e imortais de Gandhi: "A violência vai prevalecer contra a violência apenas quando alguém puder provar que o modo de acabar com a escuridão é com mais escuridão".

O último livro de Ariel Dorfman é "Entre Sueños y Traidores: un Striptease del Exilio".

7.9.11

Acorda Cara-Pintada!

Acorda cara-pintada, que estão te manipulando e são eles de novo.  A corrupção está na tua cara, mas a pintura que usas só deixa ver aquela corrupção que eles querem que você veja, para puxar você pra rua e te usar como peão, arma de pressão política.

Você vive dizendo que eles não te enganam mais, que o povo não é bobo, etc, etc, mas, basta botar olhos e ouvidos nos mantras e imagens que eles lançam no ar, no papel, e lá está você de novo às ordens.  Pare com isso cara-pintada!

Vou te contar um segredo nada novo: a razão de eles estarem de novo tirando as pessoas de casa, da inércia, para a rua, está nos bastidores que você não buscou conhecer, nas entrelinhas que você sempre se nega a ler, mas que são razões publicas, para quem quiser ver.

Há uma grande discussão no governo envolvendo novas regras para telecomunicações, discussão essa que visa acabar com décadas de abusos econômicos e usos políticos sujos, todos impunes, e que tenta também abrir o mercado para mais empresas, sabe lá no que isso irá resultar.  É coisa de dezenas de bilhões de reais mensais em jogo, é o controle da formação da opinião publica, que é muito mais que formação de voto, é orientação de consumo, de negócios.  Acorda cara-pintada, a mira foi posta sobre Brasilia, porque é lá a discussão.

Mas, você me dirá como quem descobre uma falha: “mas isso é muita mesquinharia, é outra teoria da conspiração” – e eu te replicarei: como a da pacificação dos morros no Rio, balela que agora vai sendo desmascarada, não é?  Pois bem cara-pintada, é isso mesmo, é mesquinharia mesmo, porque eles com seus bilhões garantidos podem viver aonde quiserem, podem fazer o que quiserem, como ou sem corrupção generalizada e destrutiva - você que se dane!  Você acha que eles pensam no Brasil, como patriotas?  E você, pensa?  O Brasil é um grande mercado.

É como se no Rio de Janeiro (onde não ocorre uma grande operação da PF sequer), ou em São Paulo, em Minas, ou no Ceará, ou no Rio Grande, não houvesse coisa sinistra.  É como se nos municípios estivesse tudo bem.  Esses caras que te levaram pra rua nos anos 90, porque o filhote os traiu, no Fora Collor, agora querem te usar de novo, para lá nas quatro paredes dizerem ao governo que têm o povo e que o governo tem que comer na mão, se não...

A corrupção de Brasília existe porque existe uma trama, como raízes da floresta, a nivel estadual e municipal, nas empresas e entidades sem fins lucrativos, como os clubes, as igrejas, as ONGs, os conselhos profissionais, nas entidades estudantis como a UNE, e nas sociedades secretas.  Cortar cabeças em Brasilia?  Essa árvore do mal fará brotar outras e você não sentirá a seiva maldita passar por baixo dos teus pés, para alimentar os que entrarão no lugar dos decepados.

Olhe pra você mesmo e avalie o quanto contribui para o mal, pois ele está em cada um de nós.  Se de nós não vier a solução, de onde ela virá?  Ah, mas eles não querem que você pense nisso, deixe a solução com eles, certamente, já possuem os caras certos sentadinhos esperando a vez.  Você só precisa esquentar o clima, fazer o clamor e abalar as estruturas, o resto deixa com eles... E depois senta mais 10 anos e chora. 

26.8.11

Espanhois apoiam Dilma

O movimento da Globo e demais midias do país, de "combate a corrupção e apoio a faxina de Dilma", vem recebendo espaço lá fora, por meio do jornal El País, que chegou mesmo a dizer que a midia brasileira age como paladina contra a corrupção.  El País é um jornal espanhol, do tipo do Globo, logo, envolvido até o talo com o grande capital daquele país - por favor, não estou fazendo discurso vermelho.

Manter Dilma no comando do "gigante" é crucial para o retorno dos investimentos estrangeiros no Brasil - a ordem a qualquer custo, ordem amiga do dinheiro dos grandes investidores, que resultam de qualquer modo em empregos e receitas, mas com custos sociais e ambientais, fora os politicos, incalculáveis também.

E o investimento espanhol?  Leia isto:

"Desde que em 1995 se produziu a explosão do processo privatizador brasileiro as grandes companhias espanholas começaram a tomar posições no país e como consequência disto, Espanha foi o primeiro investidor estrangeiro no Brasil em 1998, com 22% do volume total de investimentos e no ano 2000, com um montante de US$6 bi e quase 29% do total dos Investimentos Estrangeiros Diretos no Brasil. Com as incertezas das eleições de 2002 o volume de investimento espanhol no país se reduziu drásticamente. Nos anos 2003, 2004 e 2005 o IED espanhol no Brasil foi de US$ 710 mi, US$ 1,05 bi e US$ 1,22 bi respectivamente. En 2006, o IED espanhol no Brasil foi de US$ 1,5 bi, 6,8% do total, atrás somente dos Estados Unidos e dos Países Baixos. O estoque de IED acumulado da Espanha no Brasil é de US$ 35 bilhões, o segundo volume acumulado depois somente do Estados Unidos."

Fazem parte do rol de empresas várias com uma montanha de queixas de consumidores brasileiros, agora chamados a apoiar Dilma: a CEG (RJ) e a Telefonica (SP), fora outras, como a que gerencia hoje rodovias.


É importante então ligar a adesão e o elogio rasgado de El País, jornal similar ao O Globo, Estadão e Folha, ao movimento de combate a corrupção, a importancia do capital de grandes empresas espanholas no Brasil.




25.8.11

Um Segredo Bem Guardado

A prisão esta semana de Sarney pai e Sarney filha, mais outras 15 pessoas, numa localidade do interior do país revelou um grande segredo até então bem guardado.

Não foi a PF que fez as prisões, mas a guarda municipal desta localidade, por ordem de um juiz desconhecido, que estabeleceu fianças milionárias, ainda não pagas, para que os presos possam responder em liberdade, enquanto não se resolvem, permanecem presos em celas comuns, se bem que mais dignas que as do resto do país.

As autoridades da localidade, que tem como nome uma fria combinação de letras - "CB-01" - convocaram uma coletiva, diante das pressões dos vários orgãos de imprensa do país.  A localidade é um dos cinco mil e poucos municipios do país, mas possui uma realidade completamente diversa.

A beira de uma rodovia federal tipicamente interiorana, arruinada e não pavimentada, acessamos uma via pavimentada que fez chegar a um grande portal, parecido com estes de base militar.  Nos identificamos e tivemos de deixar o veiculo num estacionamento, sob a alegação de que em CB-01 só podem circular veiculos dirigidos pelos cidadãos da cidade, que possuem uma avaliação de habilitação diferente da do resto do Brasil.  Fazer o que...?

Tomamos um onibus que seguiu por uma avenida arborizada, vendo ao longe industrias cujos prédios e ambiente externo são caprichados em termos estéticos, nem de longe se assemelhando a uma zona industrial.  Entramos na cidade e uma coisa que nos impressionou de imediato foi o numero de jovens bem afeiçoados e uniformizados trabalhando na conservação de jardins, árvores, calçadas, pistas, no apoio ao transito, etc, não parecendo ser jovens de classes mais baixas, como nas nossas cidades.  Notamos também a forte presença de bicicletas, patins, além de coletivos eletricos, quase não se vendo veiculos de passeio.  Era uma terça-feira, horáro comercial, e durante todo o nosso trajeto não vimos camelôs, botequins, mendigos e jovens vadiando.  Havia uma limpeza visual no ambiente, as margens dos rios eram parques e vimos inclusive araras nas árvores.  Não vimos lixo nas ruas, mas, antes de entrarmos na cidade, vimos um imenso centro de reaproveitamento de residuos.

Fomos escoltados por guardas do municipio, que nos encaminharam diretamente ao centro de imprensa da administração.  Lá, o porta-voz repetiu o release distribuido e abriu tempo para perguntas.  A despeito da importancia do fato da prisão, perguntei a ele do porquê de um lugar como aquele permanecer ignorado.

- estamos construindo um novo país, temos aqui pessoas que querem construir um carro novo e melhor, em vez de ficar tentando consertar um velho.  Não nos preocupamos em aparecer ou ter espaço em vossa midia, temos a nossa e por meio dela provocamos reflexões e fortalecimento do caráter, e de nenhum modo deixamos de ter uma sociedade ordeira e um mercado forte.  Somos a oportunidade dos que querem fazer a sua vida, mas pensando grande, pensando socialmente.

- mas, e agora com a prisão dessa turma?

- estamos fazendo a nossa parte, se pudessemos, dariamos o nosso jeito, mas estamos dentro do Brasil, ainda não somos o Brasil, logo, temos de seguir certos procedimentos. 

- não temem represálias?

- sim, aliás, estamos sempre prontos para represálias do Brasil, porque sabemos que mexer contra a corrupção e a malandragem é mexer com os brios dos brasileiros.

- falas como se não fosses brasileiro.

- Sr., se conhecesse nossa realidade, nossos modos, concluiria que não somos de fato brasileiros, estamos aqui, mas somos um povo novo em formação.  Não perdemos nosso tempo tentando consertar o Brasil, estamos aqui consertando nossa vida e expandindo isso.

- agora voces ficarão conhecidos, como pretendem lidar com isso?

- vamos continuar nossa vida, somos um povo, digno do termo, não nos deixaremos ser perturbados por um bando, um amontoado.  Aqueles que quiserem se aproximar ou mesmo aderir, venham com a certeza de que aqui as leis são aplicadas e que temos nossos costumes.

- vejo que há bastante estrangeiros aqui...

- sim, temos pessoas de várias partes do mundo, mas, a maioria é de brasileiros e vizinhos, temos uma bela mistura de raças, o gosto pelo cultivo da saude fisica e mental e uma certa dose de maturidade para lidar com as apreensões do espirito.

- a praça central não tem igreja alguma.

- porque Deus está por todo lugar e em todos nós, lidar com isso é um de nossos segredos.

- os jovens são obrigados aos trabalhos forçados?

-  não se trata de trabalhos forçados, mas de serviço civil obrigatorio, o nosso sistema de ensino ensina para a vida.  Temos uma policia de costumes e uma policia criminal.  Nenhum cidadão incapaz fica na rua.  Não temos favela, porque ninguem entra aqui quando bem quer, porque ninguem aqui é deixado na indignidade. 

- e por que voces mexeram com esse vespeiro?

- porque ele deu o azar de pousar aqui, avisamos pelo rádio do aeroporto, mas, ele achou que estava no Brasil.




19.8.11

Todos Unidos na Hipocrisia

A imprensa vem batendo há semanas na corrupção e disseminando o sentimento de que não devemos continuar quietos diante dela.

A PF vem realizando operações diversas e o governo Dilma cuspindo de pronto os denunciados, aqueles que têm sua face suja exposta.  Primeira análise: a PF prende, mas e daí?  E depois?  A PF investiga e prende aleatoriamente ou ela está seguindo um roteiro?  Sim, porque as ações são todas concentradas fora do eixo Rio-SP e quando atuam nele é para pegar bandidos mais sujos e diretos, como os milicianos.

A imprensa bate, como no caso da Globo, incansável, nossa, a Globo é tão atuante, tão firma em favor da cidadania...

Será mesmo?  Eu não acredito nisto.  Chega de mais uma manipulação como na época do Collor.

A meu ver, a Globo está é preocupada, tem o rabo muito sujo, na minha opinião tão sujo quanto as empresas do mafioso da midia Murdoch, agora caçado com seus colaboradores na Inglaterra - cansaram-se dele?

Ao jogar no ar tantas denuncias e buscar aproximar-se da sociedade indignada, a Globo tenta esconder sua podridão e preparar seus amigos para defende-la na hora em que o bicho pegar, a Globo precisa estar livre e solta para ser a voz da sociedade, qualquer sujeira é menor que sua utilidade como veiculo de informação, compreenderam?

Daí tanta preocupação com liberdade de expressão - que ela não respeita - e com principio éticos da profissão - que ela não respeita também, aliás, principios éticos para nortear os jornalistas é ótimo, o chefe da redação e os donos do jornal (que mandam nos seus jornalistas e filtram as informações) não precisam de nenhum.

Então, onde a Globo ou outra midia (como a Band ou a Record) estiver eu estou fora.

Em 48 horas a Globo divulgou dois esforços de protesto contra a corrupção, um liderado pelo senador bravateiro Pedro Simon (muita conversa e pouca ação) e outro por pessoas supostamente sem partido ou ligação ideologica.

No primeiro caso, Simon conta com apoio da CNBB e CONIC (que estão devendo) e OAB (devendo mais ainda).  Basta perguntar se a OAB botou pra fora algum desembargador ou promotor pego em sujeira, é como o CREA ou a ABI.

No segundo caso, a ABI está apoiando o movimento,  nascido no Rio e que contava até a manhã desta sexta-feira com 1500 pessoas.  Oras, desde quando a Globo dá espaço nos seus meios para movimentos politicos informais com 1500 pessoas, todas internautas de Facebook?  A ABI um dia foi independente, morto Barbosa Lima Sobrinho (uma pedra no sapato de Roberto Marinho) a ABI passou a ser comandada por gente amiga.  Tá explicado.

Vou lhes dizer uma coisa: é facil pra caramba uma entidade vir a publico dizer que é contra os erros dos outros, quando não faz seu dever de casa e não corta na própria carne. 

A Globo vem numa pressão estranha, divulgando protestos na Inglaterra, França e até na India, ela está querendo inflamar a sociedade - ok, mas, não contra ela também tá?  Esse é o recado, a Globo sai do foco, é empresa legalzinha, está do nosso lado, vamos fingir que ela não está envolvida nisto tudo de podre, como a Abril, a Folha, o Estadão e as empresas de Edir Macedo.

Se algum movimento espontaneo surgir e tiver a midia como alvo, imediatamente será acusado de querer dar fim na liberdade de expressão.  Se algum movimento surgir e sequer der entrevista, será visto como suspeito e não terá espaço algum de divulgação - aprendam isso senhores - mas, será justamente esse movimento que merecerá toda a força.

Do contrário, preparem-se para mais um "Fora Collor" patrocinado pelas empresas, com direito a minissérie.


14.8.11

Subserviencia

Estive analisando esse programa da Globo News sobre a crise de lideranças mundiais.

Pra mim fica evidente que a parcela da elite intelectual com espaço na grande midia segue a mesma ideologia de nossos donos do poder, uma ideologia subserviente.  Fica evidente a preocupação com a crise de lideranças, que é ocidental, não é global, mas, para esses intelectuais, não havendo lideranças ocidentais, o mundo fica acéfalo, triste posição.  E o que dizer da China, ou mesmo da India e do Brasil? 

Como são servos dos impérios até então em vigor, a crise que hoje os abate é fonte de angustia, não de oportunidades para os países como o Brasil.  Tentam discutir soluções para reerguer esses impérios, em vez de discutirem como poderiamos estar ocupando espaços estratégicos na conjuntura global por causa do vácuo de poder.

É a mais clara demonstração de servilismo, de raciocinio servil.

http://g1.globo.com/videos/globo-news/globo-news-painel/v/convidados-falam-sobre-a-crise-de-lideranca-mundial/1596191/#/Todos%20os%20vídeos/page/1



Por Que Ninguem Reage


Essa tem sido uma pergunta cada vez mais feita, inclusive fora do país, a respeito do comportamento da sociedade frente os escândalos e estórias de corrupção e mau uso do poder oficial.  Há, de fato, passividade?  É o que parece pela ausência de grandes manifestações publicas, de rua, contra o exército de corruptos e outros malfeitores.

Vamos recuar no tempo até o fim do regime militar, envolto por uma falsa aura de honestidade e patriotismo.  O fim do regime se deu pela combinação de uma massa de escândalos de corrupção, antipatriotismo e abuso de poder, despejados via imprensa pelas forças de oposição, mais as mudanças no cenário internacional que tiraram apoio aos regimes pró-EUA na América Latina, dentro do jogo da Guerra Fria.  A partir de um determinado ponto, os donos do poder não quiseram mais os militares, eles não eram mais uteis.  Abriu-se então espaço para o clamor da oposição, por uma disputa por quem sucederia os militares no comando do sistema. 

A sociedade foi então chamada a colaborar na pressão contra o regime, em favor da democratização.  Tudo seria melhor e a esculhambação teria fim.  Os militares, cada vez com menos espaço de mídia, diziam que eles é que seguravam os abusos, de empresários e politicos.

A transferência de comando do país não pode ser evitada, mas, ela de cara demonstrou ser uma farsa.  Em vez de verdadeiras lideranças populares ou nacionais, seja de que linha fossem, o país foi entregue a políticos sem tal expressão, chefes de currais de estados de pífia ou nenhuma expressão, como o Maranhão e Alagoas, só isso demonstrava a farsa da vivencia democrática, a persistência de velhos esquemas tenebrosos de poder e a obstinação dos donos dele em não permitir a ascensão das esquerdas.

A esquerda, liderada pelo PT, anunciava aos quatro cantos que não tinha rabo preso, que representava a verdadeira fatia progressista do país, desenvolvimento com justiça social e saúde ambiental, e que defendia o verdadeiro nacionalismo e um sistema para todos e não para apenas a elite branca.   O PT soube reunir e usar diversos movimentos sociais, como o feminista, o ambientalista, o campesino, etc. 

As poucas vozes que ousaram contrariar essa impressão messiânica das esquerdas diziam que as esquerdas eram também corruptas e injustas, que provas disso estavam nas administrações dos sindicatos, organizações estudantis e ONGs sociais.  E, se não bastasse isso, seu modelo de administração e decisão (chamado “assembleismo”) não primava pela competência e rapidez, e que uma vez adotado no país levaria o mesmo a paralisia. 

Entretanto, o ambiente político, interno e internacional, mudou e permitiu a ascensão da esquerda representada pelo PT, que conquistou o governo maximo do país, emocionando muita gente, que achou que as mudanças agora realmente viriam.

Quando Lula assumiu o poder com o PT, o primeiro ano de governo serviu como um tremendo balde de água fria, um grande golpe nas esperanças, a ponto de Lula ser acusado de ter praticado estelionato eleitoral, sensação que cresceu ao longo do tempo, por conta das sucessivas denuncias de abuso de poder, corrupção, incompetência, entreguismo, empreguismo, etc.  No auge dos escândalos, Lula demonstrou ser tudo aquilo que as vozes contrárias às esquerdas vinham dizendo há anos: as esquerdas não eram diferentes daqueles que ela acusava.   

Não se pode, contudo, radicalizar.  Pode-se mesmo dizer que Lula fez o possível e que a história um dia contará a verdade, do mesmo modo fará com FHC.  É fato que tanto os adeptos do esquerdismo quanto os defensores da visão de direita acusam Lula e o PT, o estelionato eleitoral parece ter golpeado ambos os pólos ideológicos.

E foi justamente neste regime que a PF atuou bastante, com ou sem ordem do PT.  Nunca se ouviu falar tanto de operações contra corruptos, sonegadores, etc.  Infelizmente, a Justiça não tem atuado a contento, honrando o empenho policial.  Alegam os magistrados e promotores que as leis são ruins e as forças políticas cruéis – leis e forças que são produtos da classe política, dos políticos eleitos pela sociedade.  E aqui começamos a mergulhar na lama.

O que a sociedade brasileira ainda não viu é que tudo isso só se sustenta com seu apoio, com a vivencia da cultura da esperteza, da impunidade, da corrupção, dos muitos abusos, e tudo isso começa em casa e se alastra pelos vários espaços da vida, e daí retornando para dentro de casa.  Todos os governos estão sustentados pelos grupos políticos locais e pelas grandes entidades empresariais. 

Não adianta culpar a herança portuguesa, pois os portugueses saíram do país em 1822!  Só um povo altamente incompetente e cínico pode ficar se escondendo atrás disso.  Não adianta ficar culpando o povão, porque não é o povão que comanda secretarias, ministérios, estatais, empresas e quartéis, que comanda são membros da elite, são pessoas bem instruídas, bem alimentadas, que moram bem, etc.  Não adianta culpar a mídia e as religiões, porque elas vivem do apoio e dos recursos humanos e financeiros que são da sociedade.

Sim, os sucessivos governos civis foram desanimadores, mas, e a nossa parte?

O que fizemos para sustentar os bons?  Quantas vezes abandonamos o justo simplesmente porque achamos que ele não terá chance alguma?  Quantas vezes debochamos do honesto?

A passividade dos brasileiros tem muitas causas: entre os mais pobres, são séculos de eficientes políticas de repressão contra qualquer tipo de organização popular, de auto-gestão, e de favorecimento da conduta servil.  Mas, entre os não pobres, seria apenas o cansaço diante de uma impunidade sempre vitoriosa?  Estaríamos apenas cansados de ter fé, de esperar pela correta conduta do outro?

Olhemos para nós e para os outros, para o nosso cotidiano, nossas rotinas.  Quanto dela revela se somos dignos de dó, ou de respeito?  Quanto do nosso dia-a-dia, do que fazemos e pensamos, nos coloca como merecedores de dias melhores?  E quanto de nossa conduta nos serviria de acusação?  De hipócritas, de cínicos, de cúmplices?  Se tivéssemos o poder destes senhores que acusamos, faríamos melhor?  Seríamos mais decentes?
Eu penso que muito da passividade está em duas causas: Primeira, o desencanto com as forças que deveriam fazer algo, porque têm o poder para isso, mas não fazem, o espetáculo da impunidade e da derrota do justo nos cansou, o sacrifício de tentar mudar isso é muito grande, nos impediria de viver a vida como temos vivido – e, apesar de reclamarmos tanto, ela ainda é boa, pelo menos podemos comprar ilusões de felicidade que nos sossegam o espirito...  Segunda e a meu ver bastante comum, é a cumplicidade de cada um como colaborador ativo deste sistema infame – não reagimos porque, no íntimo, não temos coragem de ir tão longe em nossa hipocrisia, de acusar e combater aqueles iguais a nós, mas que estão lá em cima.  No fundo, nos vemos naquela figura odiada, não estamos cansados de nada, apenas não temos coragem de mudar a nós mesmos e daí o restante.

1.7.11

Reforma Moral

"Precisamos de uma reforma moral no Brasil" - é o que tenho ouvido cada vez mais de pessoas, irritadas com o noticiário que denuncia abusos como os do governador do Rio de Janeiro e os da familia Sarney, ou as informações sobre o estado precaríssimo do sistema prisional, da saude publica e privada, da educação, do futebol, etc.

Porém, curioso, para não dizer triste, é constatar como nós, individualmente, estamos devendo neste quesito.  Quantos não clamam hoje por uma reforma moral enquanto traem suas esposas com amantes, ou negam carinho aos filhos a titulo de lhes dar uma educação realista, ou - sendo funcionarios publicos - fazem mau uso da fé publica que possuem, "se dando bem", quantos não fazem assim?

Isso me faz lembrar o Evangelho, quando Jesus transitou em uma sociedade irritada, dividida, em crise moral, em crise politica e economica, miséria e violencia, corrupção de toda ordem.  Partidos reformistas disputaram a atenção de Jesus, querendo tê-lo como líder messiânico e Ele, sabiamente, percebeu e se arriscou num posicionamento que o levou à cruz.  Jesus jogou luz nos pecados intimos, secretos, escondidos, de cada reformista, para não falar dos acomodados e beneficiários da bagunça.

No Brasil hoje precisamos que cada cidadão indignado dê exemplo, ao invés de cobrar boa conduta dos outros.  Um corpo é formado por células e estas devem estar sãs para que o corpo funcione direito, não adianta umas ficarem acusando outras, enquanto escondem suas enfermidades.

Não acredito que seja viável uma reforma moral justa neste momento, tendo os moralistas este perfil hipócrita.  O corpo está tão doente que penso que seria mais viável extrair células sãs dele para formar outro corpo e deixar este doente apodrecer de vez.

30.6.11

Suicidio da Agricultura - Rubens Ricupero

Suicídio da agricultura


Por Rubens Ricupero (*)

Se a agricultura brasileira não conseguir sustentar a impressionante trajetória das últimas décadas, será devido à incapacidade de resolver com inteligência o desafio do meio ambiente.

Talvez não haja na história econômica do Brasil nenhum exemplo tão indiscutível de transformação de eficiência e produtividade como na agropecuária. Essa modernização só se tornou possível graças à pesquisa tecnológica, que erradicou o pessimismo sobre a agricultura tropical.

A tecnologia, afirma-se, permitiria expandir a produção sem devastar mais a floresta e o cerrado que restam. Os 70 milhões de hectares de pastagens degradadas poderiam servir de reserva à expansão agrícola ou florestal.

Em teoria, tudo isso é verdade. Na prática, o que se vê é pouco. Sinais positivos como o aumento de produção em proporção maior do que a expansão da área plantada são largamente compensados pela destruição. De forma inexorável, a fronteira agrícola avança rumo ao coração da floresta amazônica.

O choque da devastação em Mato Grosso estimulada pelo projeto de lei aprovado na Câmara provocou a mobilização do governo em verdadeira operação de guerra. O resultado foi pífio: a destruição apenas se reduziu marginalmente.

Essa mesma desproporção entre esforços de preservação e resultados precários, geralmente revertidos logo depois, caracteriza o panorama de desolação em todas as regiões e em todos os biomas: mata atlântica, caatinga, Amazônia, cerrado, árvores de Carajás convertidas em carvão para o ferro-gusa.

As entidades do agro protestam que suas intenções são progressistas. Contudo o comportamento de parte considerável de seus representados desmente as proclamações. Mesmo em Estado avançado como São Paulo e lavoura rentável como a da cana, quantos recuperaram as matas ciliares de rios e nascentes?

Tem-se a impressão de reeditar o debate sobre o fim da escravatura. Todos eram a favor, mas a unanimidade não passava de ilusão.

É fácil concordar sobre os fins; o problema é estar de acordo sobre os meios e os prazos. Sempre que se falava em datas, a maioria desconversava: o país não estava preparado, era preciso esperar por futuro incerto e distante.

Em 1847, um agricultor esclarecido, o barão de Pati de Alferes, se escandalizava com a aniquilação da mata atlântica no manual prático que escreveu sobre como implantar uma fazenda de café: "Ela mete dó e faz cair o coração aos pés daqueles que estendem suas vistas à posteridade e olham para o futuro que espera seus sucessores".

De nada adiantou: o café acabou devido à destruição dos solos. A joia da economia imperial deu lugar às cidades mortas fluminenses e paulistas. Não foi só naquela época. No auge da pecuária no vale do rio Doce, como lembra o ex-ministro José Carlos Carvalho, um hectare sustentava 2,8 cabeças de gado; hoje, mal chega a 0,6!

Produto do passado da erosão e da secagem das nascentes, o processo agora se acelera por obra do aquecimento global, que atingirá mais cedo e mais fortemente áreas tropicais como o Brasil. Sem compatibilização entre produção e ambiente, o destino da agricultura será o do suicídio dos fazendeiros fluminenses e do rio Doce.



*Artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo no dia 26 de junho de 2011





http://oglobo.globo.com/blogs/ecoverde/

22.6.11

O CRIME PERFEITO

Todos os dias forças país atuam na repressão ao roubo de cargas e aos mercados de produtos roubados, ao trafico de drogas e de animais, e contra a pirataria e ao jogo ilicito.  São atividades que reunem hoje milhares de pessoas, de idosos a adolescentes, mulheres e crianças, sendo que comunidades inteiras vivem disso, sustentando economias locais com o dinheiro do crime.  Para alguns trata-se de uma brutal injustiça, da teimosia de se aplicar leis burras, atrasadas, etc.

Em recente artigo, um blogueiro pró-ruralista, Ciro Siqueira, tratou alguns eventos graves envolvendo a fiscalização ambiental como demonstrações de uma fiscalização burra e desumana, por matar e arruinar comunidades, acusadas de violarem leis ambientais, tidas como estupidas.

Sem entrarmos no mérito de as leis serem ou não burras, fato é que não se justifica alguem viver do ilicito, do crime, de sair de sua terra natal para um lugar distante para viver do crime.

O ruralismo vem pregando o ódio cego ao ambientalismo, em nome de uma reaçao justa contra  o ódio cego ambientalista.  Leia o artigo:

http://www.codigoflorestal.com/2010/07/o-crime-perfeito.html

3.6.11

Mudar o Brasil

O Brasil não será mudado por ninguem que hoje está no poder ou que está lutando para usá-lo.  O sistema politico e eleitoral é ruim, a começar pelo voto obrigatorio e pela impunidade dos politicos que prometem e nao cumprem.

Nem esquerda, nem direita, nem católicos, nem evangélicos, nem verdes, nem desenvolvimentistas, existem posições, necessidades, demandas, que não dependem desses senhores.  Vamos nos libertar disso, o Brasil precisa de boa gestão e não de ideologias.

O Brasil não será mudado apenas pela Educação, além de se querer demais dos professores, qualquer boa lição é facilmente vitimada pelas ideologias pregadas pelos meios de comunicação, inclusive os canais religiosos.  O jovem que é formado para ser alguem digno quando cai no mundo adulto, no trabalho, no funcionalismo publico, passa a viver uma DESCONSTRUÇÃO, se assim podemos dizer, pois a pratica da vida brasileira destroi qualquer construção moral feita nos mais jovens.

O sucesso dos malfeitores liquida qualquer bom projeto, liquida qualquer sonho.

Para o Brasil mudar precisamos de Educação, da escolar a assistencia tecnica, mas precisamos de bons exemplos, de gente bem sucedida por fazer o certo.

Bem sucedida por fazer o certo, uma multidão mesmo que pequena, de pessoas felizes por fazerem o certo, tendo acesso ao consumo (moderado), a bons serviços, a saude - isso equivale dizer que precisamos de muito mais gente construindo um sistema paralelo, um estado paralelo, em vez de ficarmos dando murro em ponta de faca, enxugando gelo, soprando poeira, para ver se o Brasil muda apenas com nossos exemplos pessoais, como ilhas querendo domar um mar.

Mas, não sejamos tolos.  Nada disso seguirá adiante em plena paz, tolerado pelos que se beneficiam da farra, logo, devemos estar todos preparados para contra-atacar, destruir o adversário, lutar.

Se há algo que poderá um dia ser colocado no curriculo de cada um, para orgulho maximo, feito unico, esse algo será ter lutado por construir um outro país.  O vazio interior, a insatisfaçao que não passa, a revolta que não é extinta, a indignação que não se apaga, tudo isso acabará quando um dia pegarmos o destino pelas mãos e formos a luta.

30.5.11

Um País de Idiotas

1. O brasileiro trabalha 149 dias só para pagar impostos.
2. Em SP, Igreja Católica está construindo mega templo, em vez de um mega centro de ajuda.
3. A Igreja Universal, em contrapartida, está construindo uma réplica do que seria o Templo de Salomão, para ser um novo templo seu - até onde se sabe, nem os judeus se atreveram a isso.
4. A Alemanha decidiu fechar todas as suas usinas nucleares até 2022, que é o ano do bicentenário de nossa "independencia", por certo estaremos até lá com mais de 3 usinas operando e outras em construçao.
5. Aqui inventamos cotas para tudo.
6. O PT virou um partido safado como o DEM, na verdade, o PT sempre teve safadeza, afinal de contas, vão me dizer que nos sindicatos é tudo 100% ?!

28.5.11

O TEXTO DO NOVO CF ENFIM

http://www.aldorebelo.com.br/admin/noticias/uploads/FINAL.pdf

A quem interessar, segue o texto que foi aprovado, ele está no site do deputado, não foi possivel encontra-lo no site da Camara, como PL 1876/1999, o que tá lá é bem diferente deste.

Segue também o video com o deputado explicando suas posições.

http://www.vermelho.org.br/tvvermelho/noticia.php?id_noticia=155109&id_secao=29

19.5.11

Eita Brazilzão!

Depoimento de uma professora no RN, realidade de tantos outros professores neste país, traídos pelo próprio povo que diz que a Educação é a coisa mais importante no mundo.

Gente, isso tudo é bobagem, viva a Copa e as Olimpiadas


http://www.youtube.com/watch?v=yFkt0O7lceA

Isso não é exemplo de brasileiro, vamos parar com isso, a professora não pode mais pensar como brasileira, chega!  Vamos abandonar essa porcaria!  Vamos construir um outro país, na marra, com determinação para derrubar quem se colocar no nosso caminho!

3.5.11

Obama x Osama

Um presidente negro num país racista, os EUA, querendo se reeleger, após descumprir promessas e beneficiar aqueles que acusava (o setor financeiro e bélico) durante a 1ª campanha eleitoral, querendo se reeleger tendo no cangote uma oposição racista, belicista e fundamentalista cristã, o Tea Party, que o acusa de anticristo, muçulmano disfarçado, etc, etc. Um presidente que na 1ª campanha eleitoral anunciara que tiraria o seu país do Iraque e do Afeganistão – deixou o Iraque em plena guerra civil abafada e há dois meses via o Afeganistão virar um inferno das tropas invasoras da OTAN.


De outro lado, um mito terrorista construído sobre o filho de uma das famílias mais ricas da Arábia Saudita, aliada da poderosa família Bush, que comandou os EUA por anos. Bin Laden seria rival politico dos reis sauditas que há décadas comandam a Arábia meio de uma ditadura sanguinária acobertada pela imprensa ocidental. Bin Laden foi treinado, equipado e transformado pela CIA em chefe de uma organização terrorista contra a ex-URSS, quando esta tentava manter dominado o Afeganistão. A politica mudou e Laden foi transformado em chefe do terror global após o atentado de 11 de setembro, sobre o qual pairam pesadas suspeitas de, ao menos, ter sido facilitado pelo governo dos EUA, liderado na época por Bush filho, amigo da família Laden.

Os EUA têm sua história manchada por vários episódios de conflitos e agressões a outros países, justificados por fatos criados pelo próprio país: da guerra contra o México e a Espanha no século XIX, passando pelas duas guerras mundiais, pela Guerra do Vietnam, Coréia, sem falar no apoio as ditaduras latino-americanas, desse modo, não é nada diferente dos países que acusa de serem malfeitores, como a ex-URSS atual Russia, ou a China. No Brasil, durante anos negaram – com o apoio da imprensa, da classe politica e intelectual – o apoio ao Golpe de 64, inclusive ridicularizando a denuncia da presença da frota naval no litoral brasileiro, o tempo passou e um dia a história, com “H”, prevaleceu, eles mesmos confessando as participações denunciadas.

Pois bem, agora o presidente Obama, acuado, vem a publico anunciar a execução de Osama Bin Laden, numa mansão no Paquistão, país até então aliado visceral dos EUA. A primeira prova da morte apresentada a imprensa foi descoberta como falsa (foto do rosto) e retirada de circulação, o corpo foi jogado ao mar num local desconhecido, horas depois. E os demais mortos no ataque, sendo que um deles seria a esposa de Laden?

Os EUA alegam que foram cumpridos rituais muçulmanos de sepultamento ante de darem sumiço no corpo – informação essa rapidamente contestada por diversos líderes muçulmanos no mundo. Os familiares de Laden não foram chamados para isso e jogar no mar é um procedimento estranho.

Alegam terem dado sumiço para que não houvesse peregrinação – oras, o cara não era odiado no mundo todo?

Que pudor é esse Tio Satan? Che Guevara foi fotografado morto na Boliva, Sadam Hussein foi filmado sendo arrancado de um buraco, seu enforcamento também foi divulgado, seu corpo fotografado! Por que esse pudor com um troféu de guerra??? Por que mostrar uma foto falsa, descoberta rapidamente como falsa? Por que não expor o cadáver a investigações independentes de DNA, porque atestar por meio de um exame que ninguém sabe como foi feito?

Os EUA são a sede de uma indústria de fakes, de mentiras, de encenações: HOLYWOOD. Desenvolveram ao longo de décadas a arte de forjar versões, estórias, provas, inclusive de ETs. É também a sede da mais poderosa e agressiva indústria de noticias e informações, capaz de abafar qualquer tipo de versão dos fatos que incomode o Tio Satan.

Mas, não se preocupe não Tio Satan, a maioria das pessoas prefere confiar em ti, devotar sua fé em ti, porque é mais seguro e cômodo, alimentar suspeitas sobre você, tão glamouroso, seria um pecado. Querem ignorar que um dia elas mesmas poderão ser vitimas de suas mentiras e armas, mesmo com tanta obediência e devoção – que o digam os iugoslavos.

29.4.11

Hipocritas reclamões

Outro dia ouvia uma popular radio AM, do Rio de Janeiro, quando o apresentador perguntou porque o Rio era tão barulhento como cidade, perguntou a seus convidados, eles todos politicos cariocas, sabidamente "quebradores de multas" e "corretores de leis".  Hipocritamente responderam que faltava educação ao povo!

Politicos falando que falta educação ao povo, logo eles falando isso, quando são responsaveis por votar orçamentos, por fiscalizar o Executivo (se o leitor não sabe o que é isso, explico: o governo) e por fazer leis, aprovar planos, etc.  Os politicos são os maiores responsáveis pela nulidade das leis ambientais e de tantas outras, guiados apenas pela choradeira de cidadãos irresponsaveis que não sabem viver as leis e não querem participar da elaboração delas.  Deixam as leis ruins sairem, para depois descobri-las, deixam as leis boas sairem, para depois tentarem anula-las.

Noutra oportunidade, conversava com um sujeito sobre o Brasil, o cara reclamava disso e daquilo, enquanto tentava fazer uma ligação ao celular estando no volante e que estava roubando a empresa dividida com outros socios.

Ninguem quer dar exemplo, ninguem quer pensar em ninguem, acha que um dia não estará no lugar do outro, que só vai se dar bem sempre.

26.4.11

O que deveria existir

em um codigo florestal:

1. Sem essa de florestal, porque não é apenas a floresta a ter importancia ambiental.  Tem que ser um codigo de flora e de flora terrestre.  Teimar na proteçao apenas das florestas é produto de uma falha de julgamento dos ambientalistas;

2. Se é de interesse publico preservar determinado tanto de area das propriedades, que isso seja tanto para as rurais quanto para as urbanas;

3. Se é de interesse publico preservar determinado tanto de areas das propriedades, que essa preservação redunde em desapropriação ou em subsidio ao dono do imovel, seja ele quem for.  A segurança publica, a saude publica, a educação publica, a conservação das vias, tudo isso é financiado com dinheiro publico;

4. A reserva legal deveria ser abolida, para todos, em troca, o governo teria de ampliar o % de areas preservadas no país;

5. As areas de importancia para a segurança ambiental e interligação de fragmentos deveriam ser obrigatoria para todos, urbanos e rurais, com o governo assegurando de algum modo a conservação delas em parceria com os donos;

6. Os cultivos florestais deveriam ser isentados de estudos de impacto ambiental, a pecuária e a agricultura não fazem isso, porque o plantio de florestas tem que cumprir isso?

Codigo Florestal em ponto decisivo

Semana que vem o novo Codigo Florestal será votado, na verdade, o relatório do deputado Aldo Rebelo.

Ambientalistas e ruralistas estão em pé de guerra, SBPC e outros cientistas tentam dar a sua contribuição, disputando espaço num debate cheio de celebridades; os deputados tentam fazer valer um consenso e a população segue sua vida, a impressão que dá é que não importa o que irá sair dessa votação, ninguem obedecerá.

A avaliação superficial que faço da questão é que a ciencia continua mantida bem longe, o bom senso tecnico e a honestidade politica também.  Ora, se a preservação de areas e de remanescentes são de interesse publico, se os biomas são patrimonio nacional, porque os custos dessa preservação pesam sobre o meio rural enquanto a cidade continua destruindo o que tem?  Se é de interesse publico, por que quem preserva não é remunerado ou beneficiado com isenções?

A briga entre ruralistas e ambientalistas é uma coisa péssima, as ironias de ambas as partes envenenam a sociedade, o tema é importante demais para ficar nas mãos desta gente e mais ainda de artistas, jornalistas, etc. 

Vou dar um exemplo: a definição de faixa marginal de proteção, das larguras, deveria seguir critérios tecnicos, caso a caso, e não apenas o achismo dos 15 ou dos 30 metros minimos.

8.4.11

Aquecimento Global - um grande negocio

Pense nisso:

Variações no clima da Terra já são previsiveis, com base em estudos paleoclimáticos.  Estaríamos entrando numa natural e ciclica era de aquecimento, coisa impossivel de ser impedida, pelas forças da natureza envolvidas no processo, como as variações orbitais e ciclos solares.

Pense então que, alguem muito astuto resolveu tirar proveito politico e econômico disto, usando do poder já existente em suas mãos, para divulgar ao mundo que esse aquecimento é algo inusitado e provocado pelo Homem.

Quem tem a informação e quem se antecipa aos fatos detem um poder crescente, será dono dos fatos.

Usando e abusando dos temores de uma revolta da natureza contra o Homem, temores estes muitas das vezes fundamentados na verdade, esses individuos espertos introduziram esse novo elemento, o aquecimento causado pelo Homem para impor uma mudança tecnologica favorável a seus projetos de poder.

Daqui 100, 200 anos, o aquecimento continuará e nenhuma medida tomada pelo Homem terá surtido efeito, então, os novos milionários e seus herdeiros darão de ombros, dirão que "faz parte" da incerteza do Universo, estarão trilionários e poderosíssimos, uma nova geração de senhores do mundo.

Outra alternativa: o aquecimento continuará e a ineficácia das medidas tomadas, naturalmente inuteis contra um processo natural não revelado, levará os donos do poder que medidas mais duras precisarão ser tomadas... Tirania salvadora.

O consumo dos fósseis só faz crescer...

Vamos pensar nisto?

Superando o Massacre

Ontem, ao longo do trajeto de casa, tentava entender o massacre ocorrido em Realengo e que tipo de consolo seria possível aos que saíram vivos daquilo, aos pais, amigos, etc. Um evento aterrador, porque escapa a qualquer meio de previsão, de qualquer prevenção. É a parte terrível da vida: a imprevisibilidade do Mal. Não se trata de uma agressão anunciada por um bandido, por um país inimigo, não se trata de uma força impessoal, como um terremoto, uma enchente. Trata-se de uma outra pessoa, um jovem, conhecido por alguns, reconhecidamente estranho no comportamento (e daí alvo de chacotas), mas uma pessoa que foi capaz de realizar esse mal.


E o que fazer agora? Neste momento me veio uma única certeza: de que só os fortes podem sobreviver a isso e continuar sua vida.

Precisamos ser fortes para suportar tamanha dor, porque o monstro, mesmo morto, pode continuar matando – mentalmente - as pessoas.

Nossa espécie tem peculiaridades, uma delas é a de não se conformar com os fatos, essa nossa insatisfação natural e crônica com a vida. Entretanto, neste momento, precisamos nos conformar, fazer como todas as demais espécies, pois nada mais podemos fazer para evitar o que já foi feito.

Conformar-se na certeza de que aconteceu foge completamente de nossa razão, de nossa capacidade de prevenir problemas. Fizemos o possível ao longo da vida para manter os pequenos sãos, na escola, etc. Mas não podemos fazer o impossível.

Conformar-se de que do pó viemos e para o pó retornaremos, não importando de que forma retornaremos. Vamos ser fortes, guardar as boas lembranças, deixemos ir os que já estão no outro caminho, precisamos deixa-los ir, porque é bom.

Sim, se pudesse não daria um enterro comum ao malfeitor - me reservo o direito de não dizer o que faria com ele.

A todos peço que lutemos para superar esse drama, não adianta sequer culpar as autoridades, pois o monstro foi muito hábil no seu intento.  Talvez seja uma asneira dizer que não há culpados disto.

Vamos superar, porque precisamos seguir na vida, enfrentando os seus desafios, enfrentando as coisas previsíveis, e as imprevisiveis também, honrando os que se foram, revendo nossos conceitos e na forma como tratamos os demais. Precisamos continuar vivendo.

31.3.11

O DIREITO HUMANO DE BOLSONARO

Jair Bolsonaro, deputado federal pelo Rio de Janeiro, é conhecido por ter com principal eleitorado as famílias de militares das três forças, mesmo que nem todos votem nele. É conhecido também por suas opiniões que enaltecem o passado regime militar e relativizam o valor das liberdades individuais, dos direitos da pessoa humana, etc.

Ou seja: todos ou quase todos sabem quem é Jair Bolsonaro. Pois bem, esse deputado participou de uma entrevista em um programa de TV que faz parte de uma linha de humor diferente das até então em vigor na mídia – o CQC – linha que tem causado também constrangimentos e irritação em algumas pessoas, não apenas nos políticos alvejados por suas encenações e argumentações criticas, se não, vale lembrar que dias atrás um dos apresentadores se travestiu de homem bronco que, acompanhado de uma criança, de alegados 10-12 anos, foi a recepção de hospitais, de emergências, acusando o menor de estar “virando gay” e que precisava aplicar nele uma injeção para curá-lo disso. Ironias a parte, tratou-se de uma encenação a meu ver muito pior que os argumentos do Sr. Bolsonaro, pois não apenas usou e abusou de argumentos homofóbicos como envolveu um menor de idade e ainda criou atrapalhou a rotina de alguns profissionais destas unidades hospitalares, assim como irritou várias pessoas ali presentes que aguardavam atendimento.

Pois bem, o Sr. Bolsonaro aceitou participar da entrevista e o CQC a pôs no ar (alguns até alegam que foi editada). As perguntas trataram de temas que, sabidamente, o Sr. Bolsonaro possui respostas ou opiniões que divergem, em diferentes graus, das opiniões de outras tantas pessoas da sociedade brasileira, não importando aqui se elas estão certas ou erradas.

O Sr. Bolsonaro foi indagado e expressou sua opinião, é direito dele, gostemos ou não disso. O programa sabendo quem é Bolsonaro colocou no ar assim mesmo. Lembrar que TV é concessão publica.

As opiniões expressadas sobre a homossexualidade e a relação inter-racial ofenderam os que fizeram as perguntas, celebridades do mundo midiático que sabiam a quem estavam sendo feitas as perguntas e que, no mínimo, tinham noção de quem é o Sr. Jair Bolsonaro.

Pois bem, essas pessoas, com apoio de outros políticos – que agora posam de homens justos e corretos – e da imprensa (inqualificável muitas vezes), estão querendo constranger o Sr. Bolsonaro, obriga-lo a achar bonito o que acha feio, saudável o que acha doentio? Ora! Aonde está a liberdade de expressão, de opinião? Quantos brasileiros hoje, certos ou errados, não estão sendo coagidos neste momento para não expressarem suas opiniões, para se manterem nos empregos, ou para terem segurança ou alguma paz na vida?

A onda do “politicamente correto” é uma onda hipócrita e tão perigosa quanto a do “incorreto”, fulano não teria relações afetivas-sexuais com uma pessoa de outro tipo que não o dele? Paciência. Sicrano acredita que homossexualidade é apenas produto de uma educação errada e que acredita estar evitando isso em sua família? Paciência. Aprendam a conviver com as diferenças senhores defensores das diferenças.

Só falta agora também me perseguirem por telefone ou e-mail.

30.3.11

Para Onde Vamos

Lendo as ultimas analises sobre o andamento das disputas geopoliticas e os planos imperialistas de EUA, China, Russia e países europeus, acendeu em mim uma luz amarela há muito apagada.  Se a nivel global as coisas parecem ter entrado num ciclone imprevisível, internamente, no Brasil, as coisas parecem muito bem - parecem.

O país hoje tem muito dinheiro, mas, como um macaco com uma pistola na mão, o Brasil tem muito dinheiro mas está gastando muito mal.  O petróleo do Pre-Sal a cada dia mais parece uma maldição escondida atrás da porta.  As obras do PAC, os bolsas disso e daquilo, os projetos para a Copa e as Olimpiadas, tudo é maravilhoso visto de cima, mas, as entranhas revelam o velho Brasil sujo, corrupto, perverso e desperdiçador de futuro.

Obama, com seu canto sedutor, encantou meia duzia de zé manés, pobres e ricos, anonimos e famosos, mas, felizmente, a maior parte tem expressado no minimo desconfiança a respeito desse senhor.

Internamente, o Brasil parece muito bem, mas a nova pintura de um futuro tanto tempo adiado, agora chegado, apenas encobre coisas também adiadas ou mal resolvidas.  Alguns aqui no Rio já estão pensando com ironia: "O Brasil vai acabar depois de 2016" tal é o nivel de promessas para até esta data e também o nivel de ausencias para depois disso.

27.3.11

Oba Oba Dia da Terra

Oba oba do Dia da Terra


Neste sábado, 26 de abril, autoridades brasileiras e empresas participaram do Dia da Terra, uma iniciativa da multinacional ambientalista WWF. Monumentos e prédios tiveram luzes apagadas por alguns minutos em favor de um mundo melhor.

Sem ficarmos examinando a WWF ou essa iniciativa, cabe apenas escrever o seguinte:

Enquanto as autoridades brasileiras, municipais, estaduais e federais, junto com empresários, apagam suas luzes por alguns minutos, em nome de um planeta melhor, conduzidos pela iniciativa da municipal ambiental WWF, todos aparecendo muito bem na fita, a verdade permanece:

Ecossistemas são destruídos de forma licenciada, o que dá aos empreendimentos legitimidade, ninguém pode reclamar porque têm licença. As licenças são dadas a partir de análises questionáveis por equipes técnicas mal montadas, mal preparadas, mas subjugadas a chefias comprometidas com os atuais modelos de desenvolvimento – isso quando as licenças não saem diretamente dos gabinetes dos chefes. As licenças são ainda fortalecidas por exigências de compensação ambiental, muitas das vezes ridículas, inúteis, porque os órgãos ambientais não estão preparados para defini-las e executá-las, muitas delas acabam reduzidas a meras peças publicitárias de secretários e ministros de ambiente, e seus projetos eleitorais – travestidas de material educativo. Essa dinâmica está presente em muitas cidades do país, onde a especulação imobiliária e a industria combinam-se com empreiteiras. Nenhum Dia da Terra é capaz de neutralizar isso, nenhuma mobilização charmosa e midiática de ONG tem sido capaz de mudar essa conduta, e não se vê qualquer mobilização neste sentido – mas, quantos agentes de ONGs já não ocuparam em cargos oficiais?

Enquanto as pessoas, as poucas, desligam as suas luzes pela Terra, pela causa defendida pelo WWF, unidades de conservação brasileiras padecem cronicamente de falta de pessoal, de sinalização, de demarcação, de recuperação, de conscientização das pessoas que vivem nas suas vizinhanças, etc. Problemas que permanecem há décadas. Entretanto, quantos milhões de dólares já não foram gastos com projetos baseados na idéia de ajudar as unidades de conservação?

Enquanto você sonha com energias alternativas e forma uma massa de opinião a favor delas, o mercado brasileiro vai sendo conquistado por empresas estrangeiras, algumas bem grandes, dedicadas ao novo ramo, das energias alternativas. Os parques eólicos são todos importados, os painéis solares cada vez mais usados são estrangeiros, a industria nacional agoniza, ou dá pequenos pulos para em alguns anos cair de novo. Até o álcool está cada vez mais estrangeirizado: investidores e empresas de fora estão comprando fazendas e usinas brasileiras. Os brasileiros, como sempre, ficarão com a faxina dos banheiros ou a prostituição nas ruas dos bairros de luxo. Viva o Dia da Terra!

Ambições políticas locais adoram essas oportunidades, de se unirem a campanhas internacionais com entidades famosas, atraindo gente famosa. Será que você já não percebeu ainda como os pop stars da política, daqui e de fora, adoram a causa ambiental? Como é vantajoso empregar um ongueiro famoso num órgão publico ambiental? E os jornais? Que faturam horrores com anúncios imobiliários e propagandas de industrias, dos destruidores, ao mesmo tempo em que abrem blogs falsamente livres, na verdade blogs seus, dedicados a causa verde.

Está demorando muito para termos aqui uma ONG multinacional de combate a corrupção, com artistas de grandes gravadoras e redes de TV e presidentes imperialistas aparecendo como bons moços, pedindo para a gente se negar a ajudar nisso.

23.3.11

Especulações sobre o Futuro Agrário do Brasil

Ao optar por ser uma grande fazenda transnacional, o Brasil cederá cada vez mais as pressões do mercado, principalmente por se fazer fornecedor de economias emergentes como Russia e China. Sacrificaremos todas as nossas potencialidades em favor do abastecimento das listas pedidas pelo mercado e por suas bolsas de commodities. Paralelamente a isso, a sociedade brasileira buscará mais e mais consumir estes mesmos itens, para se sentir inserida na aldeia global, se sentir rica, conforme os padrões importados de vida.


A exploração florestal na Amazonia e nas demais regiões ainda detentoras de grandes matas nativas, legal e ilegal, seguirá até a completa exaustão, não há qualquer limite firme e aceito para essa exploração, a pressão da demanda é cada vez maior e as iniciativas de cultivo florestal se limitam a celulose e carvão industrial. Os contratos de exploração “racional” nas FLONAS são fracos o suficiente para não merecerem crédito.

As commodities continuarão destruindo a biodiversidade e com isso as inumeráveis oportunidades nativas, eliminarão o Cerrado, a Caatinga e confinarão a Amazonia a umas poucas UCs melhor cuidadas.

Todas as alternativas que dependem da adesão oficial estão sujeitas a variação de humor oficial: havendo recursos suficientes para comprar autoridades, a agricultura industrializada pode ter, de uma hora para outra, o domínio total do mercado, com o fim de todos os apoios a agricultura familiar.

Os itens da biodiversidade remanescentes permanecerão medíocres, de mercado limitadíssimo e desprezados pela grande massa da população. Espécies brasileiras serão produzidas fora do país, como pode acontecer com o Açaí.

A agricultura ecológica, ou orgânica, permanecerá limitada pelos preços altos dos produtos, pelos problemas da certificação, pelo misticismo de alguns grupos e pela promoção pesada da agricultura convencional. Continuará sendo uma alternativa viável de alimentação apenas para uma minoria urbana e para os próprios produtores orgânicos, encurralados nas áreas mais problemáticas de produção (ex. regiões serranas).

O Estado brasileiro perderá algumas UCs pela frouxidão administrativa (incapaz de deter as agressões) e por pressões de redução de áreas, outras permanecerão razoavelmente preservadas, por estarem em zonas em esvaziamento econômico ou porque gozarão da função de “vitrines” para patrocinadores.

Mais e melhores terras serão adquiridas por especuladores e por empresas interessadas em produzir industrialmente para abastecimento do mercado internacional. Grandes áreas serão ecologicamente alteradas, com custos expressivos (“pegadas”) para que possam produzir esses itens desejados, como acontece hoje no Semi-Árido (fruticultura e grãos), no Pampa (celulose) e Cerrado (grãos e cana).

A contaminação ambiental e humana por agrotóxicos, transgenicos e fertilizantes aumentará a níveis de quase catástrofe, como aconteceu nos EUA. Uma vez contaminados e prejudicados, importaremos da Europa e de outros países as tecnologias e soluções de produção limpa que nos negamos em desenvolver.

Sustentada por uma agropecuária não sustentável, a população brasileira crescerá em numero e urbanidade, estando exposta perigosamente a variações na oferta de insumos e equipamentos agrícolas e também no clima, devemos considerar também o perigo de ter pouquíssimas pessoas produzindo e detendo técnicas de produção diante dos riscos pandemicos. Problemas graves na economia global, como no petróleo, pandemias ou crises climáticas, poderão levar a fome e sede milhões de cidadãos urbanos.

A riqueza urbana, ainda hoje em parte forjada sobre a produção agrária, crescerá, mas estará cada vez mais vulnerável.

20.3.11

Sorria, o Imperador Te Ama

SORRIA O IMPERADOR GOSTA DE VOCÊ


As demonstrações de deslumbre nacional para com a visita de Obama ao Brasil revelam como nós, ricos e pobres, somos um povo infantil e despreparado. Com essa visita e com as reações demonstradas posso dizer que o Brasil está pronto para servir aos EUA como nunca antes na história deste país.

Não devemos ser de todo amargos ou incrédulos, é possível que a família Obama sinta realmente afinidades com os brasileiros e que veja a nossa parcela parda da população com carinho: os EUA possuem hoje um presidente que tem um grande e inovador alcance político, por sua condição humana, alcance que fura o cerco da elite e chega lá no “povão” – Obama é preto como nós, saiu da pobreza, então Obama não é bacana da Zona Sul, é como nós.

É possível que os discursos de Obama revelem de fato uma afinidade com o Brasil e que ele tenha tentado discursar para nós movido por um sentimento sincero.

Mas, lembremos que ele é um político, que não está aqui por própria conta, e que aqui chega trazido por interesses outros e não apenas os pessoais. Ele representa o império mais poderoso da Terra, a maior economia, a maior potencia militar e tecnológica, a avassaladora máquina cultural e midiática, o porrete cristão e que, a despeito de manter os genocídios de suas guerras, de revelar-se um mentiroso ao seu próprio povo, Obama recebeu o Nobel da Paz, para desmoralização final de um premio hipócrita, como a ONU.

Devemos nos lembrar de que Obama tem como característica pessoal esse gosto de falar para massas, de ser um “pastor”, um bom exemplo a ser disseminado. É de fato um sedutor, ô sujeito para discursar bonito, só Brizola teve carisma semelhante. Então, como sedutor, como conquistador de mentes e corações, ele cumpre maravilhosamente o seu papel.

Os EUA precisam desfazer a péssima imagem que conseguiram com o falso líder cristão, George Bush, porém, o próprio Obama não é mais bem quisto em sua terra, precisa encantar o mundo e mostrar aos estadunidenses que eles estão errados em rejeitá-lo – Obama já começou sua campanha por reeleição.

A possível ruína dos governos pró-Ocidente nos países muçulmanos acendeu a luz “laranja”, de um grave risco de desabastecimento de petróleo. Enquanto os EUA afundam no Afeganistão e no Iraque – sem terem a realização de seus projetos imperiais - enquanto as ex-republicas soviéticas cheias de gás e petróleo não se libertam da Rússia de vez, a China avança, tomando mercados compradores e fontes de matérias primas na Ásia, na África e cada vez mais na América do Sul. Se na Ásia a Índia poderia ajudar os EUA, quem ajudaria na África e na América do Sul? Então, surge o Brasil com o Pre-Sal e sua defesa dos países pobres.

Os EUA nunca precisaram invadir o Brasil, nem tomar um pedaço nosso, nossa elite tem se encarregado há décadas de nos fazer de cães de guarda deles no continente, não temos força militar para enfrentá-los, a nossa só serviu até hoje para massacrar brasileiros rebelados. Nossas mentes não vivem sem os EUA, se eles suspenderem o fornecimento cultural para nós, cairemos de joelhos implorando por rock, holywood, sanduiches, intercâmbios, Disney, coisas cults, Discovery, etc.

Mas, a gestão Lula nos abriu para outros países, nos aproximou da China, da França, nos colocou em debates sobre como abandonar ou furar o cerco dos EUA, do dólar – como construir uma ordem sem a mão pesada dos EUA. Está claro para os EUA que já é hora de reparar o estrago e retomar o papel de grande irmão, acabando com esse assanhamento, mas numa boa, pois os tempos são outros, pegaria mal uma outra reação.

O Brasil também não é mais o mesmo: essa é a terceira gestão de um governo de linha um pouco diferente dos anteriores. O custo da reaproximação será alto, depois de tantos conflitos na ONU, na OMC, do caso do Legacy, da IV Frota, dos vistos, das revistas nos aerportos deles, etc. O governo Dilma abriu a pasta de exigências e precisa manter-se firme. Obama fala, fala, mas nada assina, neste aspecto foi leviano, superficial e, por que não, desrespeitoso: enquanto trata com superficialidade (tratados de intenções são apenas isso) justas demandas brasileiras, tenta cativar o povo daqui, com a figura de um “bom imperador” para quem poderá o povo pedir socorro, no caso de Dilma vacilar.

Apesar disso, foi muito interessante ver Obama elogiar Lula e a evolução do país, durante sua gestão, a uma forte democracia, “o Brasil que já é futuro” – tudo o que a mídia e demais grupos políticos não queriam ouvir de um presidente dos EUA. Bom, sendo tudo isso bajulação, eles não estão se importando.

Conclusão: eu não caio no canto da sereia democrata, negra e liberal de Obama, como não caí no papo cristão, conservador e republicano de Bush, o satanás de Bíblia na mão. Os EUA estão mal, estão em crise econômica, política e moral, o mundo está se arrumando sem eles, porque se cansou deles, a América Latina é seu ultimo e mais proximo quintal, eles não podem nos perder! A mesma sedução será despejada no Chile, alto-falante para os países de língua espanhola, fará o mesmo, sedutor.

Cabe a nós, bobocas, não nos derretermos como os repórteres e artistas da Globo (quanto a Globo pagou para transmitir a estada de Obama aqui? Foi exclusividade foi?). De qualquer modo, o Brasil segue num caminho perigoso, apesar de cheio de dinheiro.

16.3.11

Visita de Obama

Os preparativos da visita de Obama são verdadeiramente os preparativos de visita de um imperador a sua colonia mais festiva e tola.  Obama não terá apenas uma visita protocolar de um chefe de potencia, visitando instituições republicanas brasileiras e associações comerciais e de intercâmbio.  Obama fará, dentre outras coisas, um discurso numa das praças mais usadas pelos movimentos populares de protesto e proposição politica do Brasil, a Cinelândia, no centro da cidade carioca.  Fará um discurso em inglês e os promotores do evento esperam, mesmo sendo num domingo, uma alta presença de brasileiros - de cariocas.  Obviamente, tudo isso será registrado e transmitido para os EUA e demais países, com apoio de nossa imprensa, altamente dependente e servil aos interesses da midia estadunidense.

Já circulam cartazes que exibem Obama e a mensagem de convocação como se ele fosse um pop star ou um grande lider popular, o visual não é a de um imperador todo poderoso e sisuto, mas de um pop star que é presidente.  A campanha de Obama para eleição e pós-eleição o transformou nisto mesmo, um herói africano governando os EUA, um negro que superou todo o racismo do país e chegou antes dos demais países ao posto de comando supremo, um negro de nome islâmico no comando da maior nação cristã (argh) do mundo, etc, etc.

Enfim, não bastassem os preparativos que os EUA exigem, que insultariam qualquer pai de familia, teremos algo a mais por ser Obama o visitante.

Obama espera abrir o Brasil e daí o resto da América do Sul, aos projetos de recuperação econômica e politica daquela potencia: Obama concorre com Hugo Chaves e Obama quer renovar as rédeas sobre a nossa economia - o Brasil precisaria comprar mais dos EUA, apesar destes já terem superavit comercial conosco.  Mais uma vez o Brasil fica no centro da arena entre dois blocos potentes - EUA e China - como uma mulher gostosa cobiçada por todos, mas que "dá facinho".

Brasileiros, não compareçam ao evento, não compareçam a nenhum lugar, não se importem com as pessoas que - compradas com bolsas e vales disso e daquilo - comparecerão e serão expostas nas TVs e jornais como felizardas ganhadoras de fotos com Obama.  A visita de Obama é uma peça de marketing em favor do império e dos nossos chefões amigos do império.

Estendam faixas pretas nas janelas, façam faixas em ingles do tipo "No, You Can't".  Mas, por favor, nada de coisas vermelhas ou de figuras como Che ou Hugo Chaves, vamos parar com essa bobagem.

9.3.11

O BRASIL PODE QUEBRAR

O BRASIL PODE QUEBRAR


Eu não estou só, eu sei, pois, como eu muitos pensam também. O que você lerá aqui é um exercício de reflexão sobre o que estamos vivendo e no que poderemos ter nos próximos anos.

O Brasil parece muito bem: muitas obras bilionárias de infra-estrutura, moradia, muitos bilhões sendo injetados no Pre-Sal, na agropecuária exportadora, nos projetos para a Copa e as Olimpiadas. O bilionário Eike criando vários negócios, herdeiro que é da agenda secreta de seu pai, chefe durante anos da mais valiosa empresa de mineração do mundo, a Vale – valor esse evidente nos muitos negócios e vitórias da empresa pelo mundo.

Uma engenharia contábil tem dado ao governo brasileiro índices muito favoráveis, coisa como superávits inflados, PIBs surpreendentes, etc. Antes que o amigo diga que isso é culpa do governo petista, recomendo que consulte a história.

O Estado brasileiro hoje se vê obrigado a praticar taxas de juros altas, para atrair capitais especulativos, que compram os papéis do governo, que serão resgatados lá na frente, com estes juros, daqui meses ou anos; assim, lá na frente o Estado terá de possuir a grana para pagar estes juros, mas, a esperança é que, estando o Brasil bem, os credores poderão rolar, adquirindo novos papéis, com juros tentadores.

Com essa grana que entra, o Estado brasileiro paga seus gastos e investimentos, muitos deles de má qualidade: as inchadas folhas de pagamento de pessoal, o desperdício por incompetência, negligencia, etc, o que é desviado pela corrupção. Poderiamos dizer que o Estado viveria com 50% menos de gastos, mas, na pratica não vive, porque a gestão publica é péssima, movida por interesses de grupos políticos e de seus aliados privados – é a velha estória. O país não anda conforme a boa técnica, o bom senso, a honestidade, mas conforme o desejo de uma maioria, que renova seus representantes a cada eleição. Os governantes são expressões do eleitorado.

De onde vem essa grana para pagar essa gastos ruins e bons? Vem dos impostos e taxas mil, vem do que é arrecadado nas participações em empresas (como sócio, ex. Petrobrás) e vem destas vendas de papéis oficiais no mercado financeiro.

Mas, o aumento na arrecadação tributária é uma medida ruim em termos políticos, a participação nas empresas depende dos contratos e dos demais sócios, logo, cada vez mais o Estado depende do que arrecada nestas vendas de papéis oficiais, da especulação financeira.

Quando o Estado brasileiro aparece mal, ele se vê obrigado a oferecer mais ganhos e garantias aos investidores.

Porém, parte dos gastos é bancada com empréstimos e financiamentos, parte fica pendurada, como divida a ser paga mais a frente.

Tudo isso forma a tal Divida Publica, enorme. O que aconteceria se amanhã o Estado perdesse a credibilidade? Tudo isso seria cobrado e as propinas sustadas. As tais reservas sumiriam no pagamento das dividas e dos resgates de papéis. O país poderia entrar no vermelho, obrigando-o a ceder, o Brasil seria cedido, os negócios dos donos do poder não.

Os donos do poder mantem o controle da situação com forte participação da grande mídia, seja pela imprensa, seja pelas novelas, campeonatos televisionados, programas de auditório, etc. Circo. E mais circo virá se os preços dos itens politicamente valiosos forem forçados para cima. Isso pode acontecer se uma crise internacional explodir. Como assim?

A vida brasileira está alicerçada por uma lista de itens – alimentos, combustíveis, comunicações, roupas, lazer, etc – que tem seus preços ditados pelo mercado internacional. Os que produzem e oferecem esses itens não querem perder, ninguém quer, logo, procuram manter seus preços vinculados as bolsas e sistemas internacionais. Se houver pressão de alta, eles subirão os preços. O Estado brasileiro, sendo parceiro maior da Petrobrás, tem mantido o preço dos combustíveis artificialmente nivelado, porque sabe do perigo político de deixa-lo flutuante: gás, diesel, gasolina e demais derivados do petróleo entram na formação dos preços de vários itens, dos pneus ao reparo em estradas, do pão a picanha, do açúcar ao papel.

A globalizar-se, o Brasil demonstrou ter uma pequena lista de itens negociáveis, basicamente agropecuários e extrativos (grãos, carnes, madeiras, minérios...), porque sempre manteve acanhados os outros setores produtivos. Para ampliar os espaços de venda destes produtos, o Brasil aceitou destruir seu parque industrial, abrindo espaço generoso e suicida para importados: eu aceito seu frango, mas você tem que deixar eu inundar seu mercado com minhas câmeras e tecidos, eu quero o seu minério, mas não quero comprar seus tratores. E investidores estrangeiros entraram comprando fazendas, usinas, terras, ou montando beneficiadoras de grãos e carnes, ou entrando como sócio capitalista – o campo também vai sendo desnacionalizado.

Não tendo investido em educação, porque educação tende naturalmente a clarear idéias, a fazer pobres disputarem espaços com ricos e a criar problemas para os tiranos, o Brasil passou a ser a “gostosa da vez” dos investimentos, entretanto, por falta de educação, está se perdendo: o povo não tem sabedoria para bem gastar e bem investir, e não há mão de obra qualificada suficiente, assim, o Brasil poderá desnacionalizar seu mercado de trabalho!

Isso tudo não seria problema se essa desnacionalização fosse apenas um mal necessário a qualificação do país como potencia industrial. Infelizmente, os altos impostos e as muitas outras dificuldades para empreendedores industriais, desanimam e tornam o imenso mercado brasileiro para bens e serviços do setor terciário e secundário (serviços e indústria) presa fácil da desnacionalização.

Enquanto isso, nossos cérebros, muitos deles formados em universidade publicas, financiadas com dinheiro publico, estão indo embora, para sustentarem o progresso de outros países, de onde importamos conhecimento, tecnologias, patentes, bens prontos, etc.

Desenvolver o próprio parque de conhecimento e tecnologia, alavancar o parque industrial e superar o atraso dependem de grossos investimentos e de compromisso com o país, infelizmente, o Estado gasta demais e mal, o setor privado não tem visão ou não se sente seguro para investir, e os interesses de grupos estão acima dos interesses do país. O nacionalismo só é lembrado quando os canalhas se vêem ameaçados por concorrentes estrangeiros mancomunados com inimigos políticos – há sempre alguém aqui ganhando com a traição ao país.

Muita gente está ganhando com a manutenção deste sistema infame que anula a capacidade inventiva e produtiva nacional, muita gente está ganhando com a abertura do mercado a importados a preço de banana.

Parte do capital que poderia ser aplicado nesta arrancada está sendo gasto hoje para rolar dividas do Estado e o pagamento dos juros praticados nos papéis do governo, negociados no mercado financeiro.

Muita gente está ganhando muito com a ajuda ao governo em sua atuação no mercado financeiro, muita gente assessorando, consultando, fazendo corretagem, etc.

E, dentre as autoridades que determinam a atuação oficial no mercado financeiro, estão os agentes de grandes bancos, como no caso do COPOM. Esses caras, obviamente, querem mais é que o governo se enrole no mercado financeiro, que mantenha os juros altos, porque eles ganham muito com isso, porque negociam esses papéis e porque fazem grandes negócios baseados nestes juros extorsivos, que eles tratam de aumentar ainda mais, a pretexto de que o mercado brasileiro continua arriscado.

Se o governo cortasse a farra da gastança, não precisaria tanto do mercado financeiro para arrecadar dinheiro. Ma, cortar a gastança é criar uma crise política descomunal. Mais uma vez, interesses de grupos ditando a vida nacional.

Se o governo cortasse a farra dos contrabandos e descaminhos, dos tráficos, do crime organizado, certamente criaria outro problema politico.

Pois bem, se no contexto internacional surgir algo mais atraente que investir nos papéis brasileiros, o Brasil entrará em crise. Se neste contexto internacional surgir algo que eleve em muito os custos do Brasil e reduza os ganhos das exportações, o país entrará em crise.

A medida que se desnacionaliza, com grossos capitais externos controlando mais e mais os setores mais exportadores e os que importam, a tendência é que estes forcem a queda dos preços de matérias primas, das commodities, derrubando os ganhos que aqui ficam.

Com o custo da crise financeira recente sendo transferido para os outros países que escaparam, teremos uma crise enorme. Uma disputa comercial e industrial entre EUA e China, previamente acordada entre eles, matará a nossa industria – isso já está acontecendo. Teremos de produzir mais commodities ainda, e com mais prejuízos ambientais, para cobrir as importações. Com o setor financeiro deles sendo mais interessante, o nosso perderá valor e o Estado entrará em crise para pagar seus gastos, assim, mais impostos e taxas, mais arrochos, preços mais altos no mercado interno, menos crédito, resultando em calotes, quebradeiras, vendas a preço de banana, mais desnacionalização...

Os grandes gastos em obras e serviços publicos terão de ser pagos de alguma forma, e aí entrarão compromissos políticos infames, o Estado privatizando-se em segredo para empreiteiras, multinacionais, fundos de pensão, máfias políticas, etc.

E todos estes grandes interesses se unirão para manter a estabilidade política interna, para calar as revoltas e transformar justas demandas do povo em atos e idéias subversivos, criminosos.

A nossa única saída seria um golpe certeiro e mortal nesta multidão de malfeitores que forma as várias máfias políticas no país, envolvendo prefeituras, governos, tribunais, parlamentos, fundos de pensão, marqueteiros, partidos, mídia, sindicatos, associações, maçonarias, igrejas, clubes de futebol, forças armadas, etc.

Nossa revoluções industrial, tecnológica, educacional, de defesa nacional, tributária, política, etc, etc, só serão bem sucedidas se previamente varrermos do mapa essa gente. Do contrário, toda e qualquer boa idéia será desvirtuada, transformada em fonte de safadezas, porque tudo passa por eles, tudo depende do aval deles.

E isso não pode depender da participação da maioria da população, porque a maioria não quer nada, segue na onda, é como folha seca ao vento, vai para onde o vento soprar.

Quando a nova crise vier, com os EUA e Europa empurrando a conta sobre os países emergentes, os governantes destes países empurrarão a conta para o seu povo, nós, e depois de nós não tem mais ninguém.