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Atrás sempre de um ponto de equilibrio e do desenvolvimente responsavel

31.3.11

O DIREITO HUMANO DE BOLSONARO

Jair Bolsonaro, deputado federal pelo Rio de Janeiro, é conhecido por ter com principal eleitorado as famílias de militares das três forças, mesmo que nem todos votem nele. É conhecido também por suas opiniões que enaltecem o passado regime militar e relativizam o valor das liberdades individuais, dos direitos da pessoa humana, etc.

Ou seja: todos ou quase todos sabem quem é Jair Bolsonaro. Pois bem, esse deputado participou de uma entrevista em um programa de TV que faz parte de uma linha de humor diferente das até então em vigor na mídia – o CQC – linha que tem causado também constrangimentos e irritação em algumas pessoas, não apenas nos políticos alvejados por suas encenações e argumentações criticas, se não, vale lembrar que dias atrás um dos apresentadores se travestiu de homem bronco que, acompanhado de uma criança, de alegados 10-12 anos, foi a recepção de hospitais, de emergências, acusando o menor de estar “virando gay” e que precisava aplicar nele uma injeção para curá-lo disso. Ironias a parte, tratou-se de uma encenação a meu ver muito pior que os argumentos do Sr. Bolsonaro, pois não apenas usou e abusou de argumentos homofóbicos como envolveu um menor de idade e ainda criou atrapalhou a rotina de alguns profissionais destas unidades hospitalares, assim como irritou várias pessoas ali presentes que aguardavam atendimento.

Pois bem, o Sr. Bolsonaro aceitou participar da entrevista e o CQC a pôs no ar (alguns até alegam que foi editada). As perguntas trataram de temas que, sabidamente, o Sr. Bolsonaro possui respostas ou opiniões que divergem, em diferentes graus, das opiniões de outras tantas pessoas da sociedade brasileira, não importando aqui se elas estão certas ou erradas.

O Sr. Bolsonaro foi indagado e expressou sua opinião, é direito dele, gostemos ou não disso. O programa sabendo quem é Bolsonaro colocou no ar assim mesmo. Lembrar que TV é concessão publica.

As opiniões expressadas sobre a homossexualidade e a relação inter-racial ofenderam os que fizeram as perguntas, celebridades do mundo midiático que sabiam a quem estavam sendo feitas as perguntas e que, no mínimo, tinham noção de quem é o Sr. Jair Bolsonaro.

Pois bem, essas pessoas, com apoio de outros políticos – que agora posam de homens justos e corretos – e da imprensa (inqualificável muitas vezes), estão querendo constranger o Sr. Bolsonaro, obriga-lo a achar bonito o que acha feio, saudável o que acha doentio? Ora! Aonde está a liberdade de expressão, de opinião? Quantos brasileiros hoje, certos ou errados, não estão sendo coagidos neste momento para não expressarem suas opiniões, para se manterem nos empregos, ou para terem segurança ou alguma paz na vida?

A onda do “politicamente correto” é uma onda hipócrita e tão perigosa quanto a do “incorreto”, fulano não teria relações afetivas-sexuais com uma pessoa de outro tipo que não o dele? Paciência. Sicrano acredita que homossexualidade é apenas produto de uma educação errada e que acredita estar evitando isso em sua família? Paciência. Aprendam a conviver com as diferenças senhores defensores das diferenças.

Só falta agora também me perseguirem por telefone ou e-mail.

30.3.11

Para Onde Vamos

Lendo as ultimas analises sobre o andamento das disputas geopoliticas e os planos imperialistas de EUA, China, Russia e países europeus, acendeu em mim uma luz amarela há muito apagada.  Se a nivel global as coisas parecem ter entrado num ciclone imprevisível, internamente, no Brasil, as coisas parecem muito bem - parecem.

O país hoje tem muito dinheiro, mas, como um macaco com uma pistola na mão, o Brasil tem muito dinheiro mas está gastando muito mal.  O petróleo do Pre-Sal a cada dia mais parece uma maldição escondida atrás da porta.  As obras do PAC, os bolsas disso e daquilo, os projetos para a Copa e as Olimpiadas, tudo é maravilhoso visto de cima, mas, as entranhas revelam o velho Brasil sujo, corrupto, perverso e desperdiçador de futuro.

Obama, com seu canto sedutor, encantou meia duzia de zé manés, pobres e ricos, anonimos e famosos, mas, felizmente, a maior parte tem expressado no minimo desconfiança a respeito desse senhor.

Internamente, o Brasil parece muito bem, mas a nova pintura de um futuro tanto tempo adiado, agora chegado, apenas encobre coisas também adiadas ou mal resolvidas.  Alguns aqui no Rio já estão pensando com ironia: "O Brasil vai acabar depois de 2016" tal é o nivel de promessas para até esta data e também o nivel de ausencias para depois disso.

27.3.11

Oba Oba Dia da Terra

Oba oba do Dia da Terra


Neste sábado, 26 de abril, autoridades brasileiras e empresas participaram do Dia da Terra, uma iniciativa da multinacional ambientalista WWF. Monumentos e prédios tiveram luzes apagadas por alguns minutos em favor de um mundo melhor.

Sem ficarmos examinando a WWF ou essa iniciativa, cabe apenas escrever o seguinte:

Enquanto as autoridades brasileiras, municipais, estaduais e federais, junto com empresários, apagam suas luzes por alguns minutos, em nome de um planeta melhor, conduzidos pela iniciativa da municipal ambiental WWF, todos aparecendo muito bem na fita, a verdade permanece:

Ecossistemas são destruídos de forma licenciada, o que dá aos empreendimentos legitimidade, ninguém pode reclamar porque têm licença. As licenças são dadas a partir de análises questionáveis por equipes técnicas mal montadas, mal preparadas, mas subjugadas a chefias comprometidas com os atuais modelos de desenvolvimento – isso quando as licenças não saem diretamente dos gabinetes dos chefes. As licenças são ainda fortalecidas por exigências de compensação ambiental, muitas das vezes ridículas, inúteis, porque os órgãos ambientais não estão preparados para defini-las e executá-las, muitas delas acabam reduzidas a meras peças publicitárias de secretários e ministros de ambiente, e seus projetos eleitorais – travestidas de material educativo. Essa dinâmica está presente em muitas cidades do país, onde a especulação imobiliária e a industria combinam-se com empreiteiras. Nenhum Dia da Terra é capaz de neutralizar isso, nenhuma mobilização charmosa e midiática de ONG tem sido capaz de mudar essa conduta, e não se vê qualquer mobilização neste sentido – mas, quantos agentes de ONGs já não ocuparam em cargos oficiais?

Enquanto as pessoas, as poucas, desligam as suas luzes pela Terra, pela causa defendida pelo WWF, unidades de conservação brasileiras padecem cronicamente de falta de pessoal, de sinalização, de demarcação, de recuperação, de conscientização das pessoas que vivem nas suas vizinhanças, etc. Problemas que permanecem há décadas. Entretanto, quantos milhões de dólares já não foram gastos com projetos baseados na idéia de ajudar as unidades de conservação?

Enquanto você sonha com energias alternativas e forma uma massa de opinião a favor delas, o mercado brasileiro vai sendo conquistado por empresas estrangeiras, algumas bem grandes, dedicadas ao novo ramo, das energias alternativas. Os parques eólicos são todos importados, os painéis solares cada vez mais usados são estrangeiros, a industria nacional agoniza, ou dá pequenos pulos para em alguns anos cair de novo. Até o álcool está cada vez mais estrangeirizado: investidores e empresas de fora estão comprando fazendas e usinas brasileiras. Os brasileiros, como sempre, ficarão com a faxina dos banheiros ou a prostituição nas ruas dos bairros de luxo. Viva o Dia da Terra!

Ambições políticas locais adoram essas oportunidades, de se unirem a campanhas internacionais com entidades famosas, atraindo gente famosa. Será que você já não percebeu ainda como os pop stars da política, daqui e de fora, adoram a causa ambiental? Como é vantajoso empregar um ongueiro famoso num órgão publico ambiental? E os jornais? Que faturam horrores com anúncios imobiliários e propagandas de industrias, dos destruidores, ao mesmo tempo em que abrem blogs falsamente livres, na verdade blogs seus, dedicados a causa verde.

Está demorando muito para termos aqui uma ONG multinacional de combate a corrupção, com artistas de grandes gravadoras e redes de TV e presidentes imperialistas aparecendo como bons moços, pedindo para a gente se negar a ajudar nisso.

23.3.11

Especulações sobre o Futuro Agrário do Brasil

Ao optar por ser uma grande fazenda transnacional, o Brasil cederá cada vez mais as pressões do mercado, principalmente por se fazer fornecedor de economias emergentes como Russia e China. Sacrificaremos todas as nossas potencialidades em favor do abastecimento das listas pedidas pelo mercado e por suas bolsas de commodities. Paralelamente a isso, a sociedade brasileira buscará mais e mais consumir estes mesmos itens, para se sentir inserida na aldeia global, se sentir rica, conforme os padrões importados de vida.


A exploração florestal na Amazonia e nas demais regiões ainda detentoras de grandes matas nativas, legal e ilegal, seguirá até a completa exaustão, não há qualquer limite firme e aceito para essa exploração, a pressão da demanda é cada vez maior e as iniciativas de cultivo florestal se limitam a celulose e carvão industrial. Os contratos de exploração “racional” nas FLONAS são fracos o suficiente para não merecerem crédito.

As commodities continuarão destruindo a biodiversidade e com isso as inumeráveis oportunidades nativas, eliminarão o Cerrado, a Caatinga e confinarão a Amazonia a umas poucas UCs melhor cuidadas.

Todas as alternativas que dependem da adesão oficial estão sujeitas a variação de humor oficial: havendo recursos suficientes para comprar autoridades, a agricultura industrializada pode ter, de uma hora para outra, o domínio total do mercado, com o fim de todos os apoios a agricultura familiar.

Os itens da biodiversidade remanescentes permanecerão medíocres, de mercado limitadíssimo e desprezados pela grande massa da população. Espécies brasileiras serão produzidas fora do país, como pode acontecer com o Açaí.

A agricultura ecológica, ou orgânica, permanecerá limitada pelos preços altos dos produtos, pelos problemas da certificação, pelo misticismo de alguns grupos e pela promoção pesada da agricultura convencional. Continuará sendo uma alternativa viável de alimentação apenas para uma minoria urbana e para os próprios produtores orgânicos, encurralados nas áreas mais problemáticas de produção (ex. regiões serranas).

O Estado brasileiro perderá algumas UCs pela frouxidão administrativa (incapaz de deter as agressões) e por pressões de redução de áreas, outras permanecerão razoavelmente preservadas, por estarem em zonas em esvaziamento econômico ou porque gozarão da função de “vitrines” para patrocinadores.

Mais e melhores terras serão adquiridas por especuladores e por empresas interessadas em produzir industrialmente para abastecimento do mercado internacional. Grandes áreas serão ecologicamente alteradas, com custos expressivos (“pegadas”) para que possam produzir esses itens desejados, como acontece hoje no Semi-Árido (fruticultura e grãos), no Pampa (celulose) e Cerrado (grãos e cana).

A contaminação ambiental e humana por agrotóxicos, transgenicos e fertilizantes aumentará a níveis de quase catástrofe, como aconteceu nos EUA. Uma vez contaminados e prejudicados, importaremos da Europa e de outros países as tecnologias e soluções de produção limpa que nos negamos em desenvolver.

Sustentada por uma agropecuária não sustentável, a população brasileira crescerá em numero e urbanidade, estando exposta perigosamente a variações na oferta de insumos e equipamentos agrícolas e também no clima, devemos considerar também o perigo de ter pouquíssimas pessoas produzindo e detendo técnicas de produção diante dos riscos pandemicos. Problemas graves na economia global, como no petróleo, pandemias ou crises climáticas, poderão levar a fome e sede milhões de cidadãos urbanos.

A riqueza urbana, ainda hoje em parte forjada sobre a produção agrária, crescerá, mas estará cada vez mais vulnerável.

20.3.11

Sorria, o Imperador Te Ama

SORRIA O IMPERADOR GOSTA DE VOCÊ


As demonstrações de deslumbre nacional para com a visita de Obama ao Brasil revelam como nós, ricos e pobres, somos um povo infantil e despreparado. Com essa visita e com as reações demonstradas posso dizer que o Brasil está pronto para servir aos EUA como nunca antes na história deste país.

Não devemos ser de todo amargos ou incrédulos, é possível que a família Obama sinta realmente afinidades com os brasileiros e que veja a nossa parcela parda da população com carinho: os EUA possuem hoje um presidente que tem um grande e inovador alcance político, por sua condição humana, alcance que fura o cerco da elite e chega lá no “povão” – Obama é preto como nós, saiu da pobreza, então Obama não é bacana da Zona Sul, é como nós.

É possível que os discursos de Obama revelem de fato uma afinidade com o Brasil e que ele tenha tentado discursar para nós movido por um sentimento sincero.

Mas, lembremos que ele é um político, que não está aqui por própria conta, e que aqui chega trazido por interesses outros e não apenas os pessoais. Ele representa o império mais poderoso da Terra, a maior economia, a maior potencia militar e tecnológica, a avassaladora máquina cultural e midiática, o porrete cristão e que, a despeito de manter os genocídios de suas guerras, de revelar-se um mentiroso ao seu próprio povo, Obama recebeu o Nobel da Paz, para desmoralização final de um premio hipócrita, como a ONU.

Devemos nos lembrar de que Obama tem como característica pessoal esse gosto de falar para massas, de ser um “pastor”, um bom exemplo a ser disseminado. É de fato um sedutor, ô sujeito para discursar bonito, só Brizola teve carisma semelhante. Então, como sedutor, como conquistador de mentes e corações, ele cumpre maravilhosamente o seu papel.

Os EUA precisam desfazer a péssima imagem que conseguiram com o falso líder cristão, George Bush, porém, o próprio Obama não é mais bem quisto em sua terra, precisa encantar o mundo e mostrar aos estadunidenses que eles estão errados em rejeitá-lo – Obama já começou sua campanha por reeleição.

A possível ruína dos governos pró-Ocidente nos países muçulmanos acendeu a luz “laranja”, de um grave risco de desabastecimento de petróleo. Enquanto os EUA afundam no Afeganistão e no Iraque – sem terem a realização de seus projetos imperiais - enquanto as ex-republicas soviéticas cheias de gás e petróleo não se libertam da Rússia de vez, a China avança, tomando mercados compradores e fontes de matérias primas na Ásia, na África e cada vez mais na América do Sul. Se na Ásia a Índia poderia ajudar os EUA, quem ajudaria na África e na América do Sul? Então, surge o Brasil com o Pre-Sal e sua defesa dos países pobres.

Os EUA nunca precisaram invadir o Brasil, nem tomar um pedaço nosso, nossa elite tem se encarregado há décadas de nos fazer de cães de guarda deles no continente, não temos força militar para enfrentá-los, a nossa só serviu até hoje para massacrar brasileiros rebelados. Nossas mentes não vivem sem os EUA, se eles suspenderem o fornecimento cultural para nós, cairemos de joelhos implorando por rock, holywood, sanduiches, intercâmbios, Disney, coisas cults, Discovery, etc.

Mas, a gestão Lula nos abriu para outros países, nos aproximou da China, da França, nos colocou em debates sobre como abandonar ou furar o cerco dos EUA, do dólar – como construir uma ordem sem a mão pesada dos EUA. Está claro para os EUA que já é hora de reparar o estrago e retomar o papel de grande irmão, acabando com esse assanhamento, mas numa boa, pois os tempos são outros, pegaria mal uma outra reação.

O Brasil também não é mais o mesmo: essa é a terceira gestão de um governo de linha um pouco diferente dos anteriores. O custo da reaproximação será alto, depois de tantos conflitos na ONU, na OMC, do caso do Legacy, da IV Frota, dos vistos, das revistas nos aerportos deles, etc. O governo Dilma abriu a pasta de exigências e precisa manter-se firme. Obama fala, fala, mas nada assina, neste aspecto foi leviano, superficial e, por que não, desrespeitoso: enquanto trata com superficialidade (tratados de intenções são apenas isso) justas demandas brasileiras, tenta cativar o povo daqui, com a figura de um “bom imperador” para quem poderá o povo pedir socorro, no caso de Dilma vacilar.

Apesar disso, foi muito interessante ver Obama elogiar Lula e a evolução do país, durante sua gestão, a uma forte democracia, “o Brasil que já é futuro” – tudo o que a mídia e demais grupos políticos não queriam ouvir de um presidente dos EUA. Bom, sendo tudo isso bajulação, eles não estão se importando.

Conclusão: eu não caio no canto da sereia democrata, negra e liberal de Obama, como não caí no papo cristão, conservador e republicano de Bush, o satanás de Bíblia na mão. Os EUA estão mal, estão em crise econômica, política e moral, o mundo está se arrumando sem eles, porque se cansou deles, a América Latina é seu ultimo e mais proximo quintal, eles não podem nos perder! A mesma sedução será despejada no Chile, alto-falante para os países de língua espanhola, fará o mesmo, sedutor.

Cabe a nós, bobocas, não nos derretermos como os repórteres e artistas da Globo (quanto a Globo pagou para transmitir a estada de Obama aqui? Foi exclusividade foi?). De qualquer modo, o Brasil segue num caminho perigoso, apesar de cheio de dinheiro.

16.3.11

Visita de Obama

Os preparativos da visita de Obama são verdadeiramente os preparativos de visita de um imperador a sua colonia mais festiva e tola.  Obama não terá apenas uma visita protocolar de um chefe de potencia, visitando instituições republicanas brasileiras e associações comerciais e de intercâmbio.  Obama fará, dentre outras coisas, um discurso numa das praças mais usadas pelos movimentos populares de protesto e proposição politica do Brasil, a Cinelândia, no centro da cidade carioca.  Fará um discurso em inglês e os promotores do evento esperam, mesmo sendo num domingo, uma alta presença de brasileiros - de cariocas.  Obviamente, tudo isso será registrado e transmitido para os EUA e demais países, com apoio de nossa imprensa, altamente dependente e servil aos interesses da midia estadunidense.

Já circulam cartazes que exibem Obama e a mensagem de convocação como se ele fosse um pop star ou um grande lider popular, o visual não é a de um imperador todo poderoso e sisuto, mas de um pop star que é presidente.  A campanha de Obama para eleição e pós-eleição o transformou nisto mesmo, um herói africano governando os EUA, um negro que superou todo o racismo do país e chegou antes dos demais países ao posto de comando supremo, um negro de nome islâmico no comando da maior nação cristã (argh) do mundo, etc, etc.

Enfim, não bastassem os preparativos que os EUA exigem, que insultariam qualquer pai de familia, teremos algo a mais por ser Obama o visitante.

Obama espera abrir o Brasil e daí o resto da América do Sul, aos projetos de recuperação econômica e politica daquela potencia: Obama concorre com Hugo Chaves e Obama quer renovar as rédeas sobre a nossa economia - o Brasil precisaria comprar mais dos EUA, apesar destes já terem superavit comercial conosco.  Mais uma vez o Brasil fica no centro da arena entre dois blocos potentes - EUA e China - como uma mulher gostosa cobiçada por todos, mas que "dá facinho".

Brasileiros, não compareçam ao evento, não compareçam a nenhum lugar, não se importem com as pessoas que - compradas com bolsas e vales disso e daquilo - comparecerão e serão expostas nas TVs e jornais como felizardas ganhadoras de fotos com Obama.  A visita de Obama é uma peça de marketing em favor do império e dos nossos chefões amigos do império.

Estendam faixas pretas nas janelas, façam faixas em ingles do tipo "No, You Can't".  Mas, por favor, nada de coisas vermelhas ou de figuras como Che ou Hugo Chaves, vamos parar com essa bobagem.

9.3.11

O BRASIL PODE QUEBRAR

O BRASIL PODE QUEBRAR


Eu não estou só, eu sei, pois, como eu muitos pensam também. O que você lerá aqui é um exercício de reflexão sobre o que estamos vivendo e no que poderemos ter nos próximos anos.

O Brasil parece muito bem: muitas obras bilionárias de infra-estrutura, moradia, muitos bilhões sendo injetados no Pre-Sal, na agropecuária exportadora, nos projetos para a Copa e as Olimpiadas. O bilionário Eike criando vários negócios, herdeiro que é da agenda secreta de seu pai, chefe durante anos da mais valiosa empresa de mineração do mundo, a Vale – valor esse evidente nos muitos negócios e vitórias da empresa pelo mundo.

Uma engenharia contábil tem dado ao governo brasileiro índices muito favoráveis, coisa como superávits inflados, PIBs surpreendentes, etc. Antes que o amigo diga que isso é culpa do governo petista, recomendo que consulte a história.

O Estado brasileiro hoje se vê obrigado a praticar taxas de juros altas, para atrair capitais especulativos, que compram os papéis do governo, que serão resgatados lá na frente, com estes juros, daqui meses ou anos; assim, lá na frente o Estado terá de possuir a grana para pagar estes juros, mas, a esperança é que, estando o Brasil bem, os credores poderão rolar, adquirindo novos papéis, com juros tentadores.

Com essa grana que entra, o Estado brasileiro paga seus gastos e investimentos, muitos deles de má qualidade: as inchadas folhas de pagamento de pessoal, o desperdício por incompetência, negligencia, etc, o que é desviado pela corrupção. Poderiamos dizer que o Estado viveria com 50% menos de gastos, mas, na pratica não vive, porque a gestão publica é péssima, movida por interesses de grupos políticos e de seus aliados privados – é a velha estória. O país não anda conforme a boa técnica, o bom senso, a honestidade, mas conforme o desejo de uma maioria, que renova seus representantes a cada eleição. Os governantes são expressões do eleitorado.

De onde vem essa grana para pagar essa gastos ruins e bons? Vem dos impostos e taxas mil, vem do que é arrecadado nas participações em empresas (como sócio, ex. Petrobrás) e vem destas vendas de papéis oficiais no mercado financeiro.

Mas, o aumento na arrecadação tributária é uma medida ruim em termos políticos, a participação nas empresas depende dos contratos e dos demais sócios, logo, cada vez mais o Estado depende do que arrecada nestas vendas de papéis oficiais, da especulação financeira.

Quando o Estado brasileiro aparece mal, ele se vê obrigado a oferecer mais ganhos e garantias aos investidores.

Porém, parte dos gastos é bancada com empréstimos e financiamentos, parte fica pendurada, como divida a ser paga mais a frente.

Tudo isso forma a tal Divida Publica, enorme. O que aconteceria se amanhã o Estado perdesse a credibilidade? Tudo isso seria cobrado e as propinas sustadas. As tais reservas sumiriam no pagamento das dividas e dos resgates de papéis. O país poderia entrar no vermelho, obrigando-o a ceder, o Brasil seria cedido, os negócios dos donos do poder não.

Os donos do poder mantem o controle da situação com forte participação da grande mídia, seja pela imprensa, seja pelas novelas, campeonatos televisionados, programas de auditório, etc. Circo. E mais circo virá se os preços dos itens politicamente valiosos forem forçados para cima. Isso pode acontecer se uma crise internacional explodir. Como assim?

A vida brasileira está alicerçada por uma lista de itens – alimentos, combustíveis, comunicações, roupas, lazer, etc – que tem seus preços ditados pelo mercado internacional. Os que produzem e oferecem esses itens não querem perder, ninguém quer, logo, procuram manter seus preços vinculados as bolsas e sistemas internacionais. Se houver pressão de alta, eles subirão os preços. O Estado brasileiro, sendo parceiro maior da Petrobrás, tem mantido o preço dos combustíveis artificialmente nivelado, porque sabe do perigo político de deixa-lo flutuante: gás, diesel, gasolina e demais derivados do petróleo entram na formação dos preços de vários itens, dos pneus ao reparo em estradas, do pão a picanha, do açúcar ao papel.

A globalizar-se, o Brasil demonstrou ter uma pequena lista de itens negociáveis, basicamente agropecuários e extrativos (grãos, carnes, madeiras, minérios...), porque sempre manteve acanhados os outros setores produtivos. Para ampliar os espaços de venda destes produtos, o Brasil aceitou destruir seu parque industrial, abrindo espaço generoso e suicida para importados: eu aceito seu frango, mas você tem que deixar eu inundar seu mercado com minhas câmeras e tecidos, eu quero o seu minério, mas não quero comprar seus tratores. E investidores estrangeiros entraram comprando fazendas, usinas, terras, ou montando beneficiadoras de grãos e carnes, ou entrando como sócio capitalista – o campo também vai sendo desnacionalizado.

Não tendo investido em educação, porque educação tende naturalmente a clarear idéias, a fazer pobres disputarem espaços com ricos e a criar problemas para os tiranos, o Brasil passou a ser a “gostosa da vez” dos investimentos, entretanto, por falta de educação, está se perdendo: o povo não tem sabedoria para bem gastar e bem investir, e não há mão de obra qualificada suficiente, assim, o Brasil poderá desnacionalizar seu mercado de trabalho!

Isso tudo não seria problema se essa desnacionalização fosse apenas um mal necessário a qualificação do país como potencia industrial. Infelizmente, os altos impostos e as muitas outras dificuldades para empreendedores industriais, desanimam e tornam o imenso mercado brasileiro para bens e serviços do setor terciário e secundário (serviços e indústria) presa fácil da desnacionalização.

Enquanto isso, nossos cérebros, muitos deles formados em universidade publicas, financiadas com dinheiro publico, estão indo embora, para sustentarem o progresso de outros países, de onde importamos conhecimento, tecnologias, patentes, bens prontos, etc.

Desenvolver o próprio parque de conhecimento e tecnologia, alavancar o parque industrial e superar o atraso dependem de grossos investimentos e de compromisso com o país, infelizmente, o Estado gasta demais e mal, o setor privado não tem visão ou não se sente seguro para investir, e os interesses de grupos estão acima dos interesses do país. O nacionalismo só é lembrado quando os canalhas se vêem ameaçados por concorrentes estrangeiros mancomunados com inimigos políticos – há sempre alguém aqui ganhando com a traição ao país.

Muita gente está ganhando com a manutenção deste sistema infame que anula a capacidade inventiva e produtiva nacional, muita gente está ganhando com a abertura do mercado a importados a preço de banana.

Parte do capital que poderia ser aplicado nesta arrancada está sendo gasto hoje para rolar dividas do Estado e o pagamento dos juros praticados nos papéis do governo, negociados no mercado financeiro.

Muita gente está ganhando muito com a ajuda ao governo em sua atuação no mercado financeiro, muita gente assessorando, consultando, fazendo corretagem, etc.

E, dentre as autoridades que determinam a atuação oficial no mercado financeiro, estão os agentes de grandes bancos, como no caso do COPOM. Esses caras, obviamente, querem mais é que o governo se enrole no mercado financeiro, que mantenha os juros altos, porque eles ganham muito com isso, porque negociam esses papéis e porque fazem grandes negócios baseados nestes juros extorsivos, que eles tratam de aumentar ainda mais, a pretexto de que o mercado brasileiro continua arriscado.

Se o governo cortasse a farra da gastança, não precisaria tanto do mercado financeiro para arrecadar dinheiro. Ma, cortar a gastança é criar uma crise política descomunal. Mais uma vez, interesses de grupos ditando a vida nacional.

Se o governo cortasse a farra dos contrabandos e descaminhos, dos tráficos, do crime organizado, certamente criaria outro problema politico.

Pois bem, se no contexto internacional surgir algo mais atraente que investir nos papéis brasileiros, o Brasil entrará em crise. Se neste contexto internacional surgir algo que eleve em muito os custos do Brasil e reduza os ganhos das exportações, o país entrará em crise.

A medida que se desnacionaliza, com grossos capitais externos controlando mais e mais os setores mais exportadores e os que importam, a tendência é que estes forcem a queda dos preços de matérias primas, das commodities, derrubando os ganhos que aqui ficam.

Com o custo da crise financeira recente sendo transferido para os outros países que escaparam, teremos uma crise enorme. Uma disputa comercial e industrial entre EUA e China, previamente acordada entre eles, matará a nossa industria – isso já está acontecendo. Teremos de produzir mais commodities ainda, e com mais prejuízos ambientais, para cobrir as importações. Com o setor financeiro deles sendo mais interessante, o nosso perderá valor e o Estado entrará em crise para pagar seus gastos, assim, mais impostos e taxas, mais arrochos, preços mais altos no mercado interno, menos crédito, resultando em calotes, quebradeiras, vendas a preço de banana, mais desnacionalização...

Os grandes gastos em obras e serviços publicos terão de ser pagos de alguma forma, e aí entrarão compromissos políticos infames, o Estado privatizando-se em segredo para empreiteiras, multinacionais, fundos de pensão, máfias políticas, etc.

E todos estes grandes interesses se unirão para manter a estabilidade política interna, para calar as revoltas e transformar justas demandas do povo em atos e idéias subversivos, criminosos.

A nossa única saída seria um golpe certeiro e mortal nesta multidão de malfeitores que forma as várias máfias políticas no país, envolvendo prefeituras, governos, tribunais, parlamentos, fundos de pensão, marqueteiros, partidos, mídia, sindicatos, associações, maçonarias, igrejas, clubes de futebol, forças armadas, etc.

Nossa revoluções industrial, tecnológica, educacional, de defesa nacional, tributária, política, etc, etc, só serão bem sucedidas se previamente varrermos do mapa essa gente. Do contrário, toda e qualquer boa idéia será desvirtuada, transformada em fonte de safadezas, porque tudo passa por eles, tudo depende do aval deles.

E isso não pode depender da participação da maioria da população, porque a maioria não quer nada, segue na onda, é como folha seca ao vento, vai para onde o vento soprar.

Quando a nova crise vier, com os EUA e Europa empurrando a conta sobre os países emergentes, os governantes destes países empurrarão a conta para o seu povo, nós, e depois de nós não tem mais ninguém.