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Atrás sempre de um ponto de equilibrio e do desenvolvimente responsavel

30.8.07

Suicidio Politico Brasileiro

Dois problemas me afligem como cidadão que participa e ama esse país.

Um, a crescente acomodação da sociedade, representada pela progressão do voto nulo por motivos torpes, pela mania da “ação online” e do predomínio do deboche sobre qualquer alternativa que se apresente no cenário político.

Dois, a trapaça que vem sendo montada a título de se fazer reforma política no país. O que percebo é que se está construindo uma teia legal que concentrará poder, preservará as forças majoritárias e bloqueará o acesso dos cidadãos ao poder oficial.

Pessoas que se consideram inteligentes e com acesso privilegiado a informação – inclusive internet – tem demonstrado crescente gosto pelo voto nulo, como voto de protesto. Ok, mas o voto nulo só serve como protesto daqueles que não gostam de votar, daqueles para quem o voto facultativo seria uma benção, para eles poderem ir pra praia, jogar bola ou ir ao shopping. O voto de protesto dos que estão indignados com a situação do país, com os políticos, tem de ser o voto naquele que todos dizem “é bom, mas não vai ganhar, se ganhar não governará”, é o voto de protesto que pode virar a mesa, realmente. Para piorar, o voto nulo, sendo praticado por quem se diz consciente, favorece os currais eleitorais, os candidatos que compram votos, ou têm suas ovelhas fiéis, porque estes não deixarão de votar. Desse modo, o voto nulo favorece a decadência e anula, de fato, a representação política dos que se dizem conscientes – é um autêntico suicídio político daqueles que se consideram capazes de bem votar.

Outro problema: a mania das “ações online”, que está nos abaixo assinados e nos protestos de orkut, p.ex., os donos do poder já perceberam que esse povo não sai pra rua, não vai bater na porta deles, não move ações judiciais, é uma ação realmente virtual, de mentirinha. Uma masturbação, tanto quanto agir politicamente na mesa do bar com um chope ou uísque na mão...

O terceiro ingrediente é o deboche a tudo e a todos. Rir das desgraças é um traço do brasileiro, porém, rir é ter prazer, oras, se temos prazer com nossas desgraças, como acabar com elas? No final do regime militar, os comediantes temiam a falta de assunto... Os brasileiros reclamam dos atuais donos do poder, dos políticos que já estão mandando, dos chefes dos sindicatos, dos líderes religiosos, dos donos de empresas, dos síndicos! Quando surgem pessoas e instituições alternativas, elas são alvo de deboche, de gozação e descrença – “é mais um querendo nos roubar”, ou “mais um idiota querendo aparecer”. Quem já manda não presta e quem se apresenta como alternativa também não, sobra o quê?

O deboche só não ocorre contra alguém que detem a força e o poder de humilhar ou fazer sentir dor, sem temer a Lei – milícias, traficantes, MST, radicais de todo tipo... é cada dia mais forte a voz por uma nova ditadura ou o uso de meios radicais, ou seja: não participamos, não deixamos participar e ainda por cima abrimos a porta para um regime ou um sistema ainda mais violento e autoritário, porque não queremos assumir nossos compromissos de cidadãos, não queremos cuidar da nossa rua, mas apenas de nosso poder de consumo e prazer – queremos a Lei e a força conosco, pouca farinha meu pirão primeiro, pau nos outros e o paraíso para mim. Queremos ver outros assumindo os nossos deveres, por nós, e eles têm que meter medo na gente, do contrário, são uns merdas em potencial...

O resultado: o sistema vai ficando cada vez mais caótico, de fato, violento, injusto, perverso, a ponto de as pessoas se desesperarem e adotarem medidas radicais e puxarem para dentro do poder indivíduos e grupos radicais...

O segundo grande problema se combina com essa mentalidade descrita: a trapaça política que se forma no Congresso, visando estreitar a porteira de acesso a arena política – poucos partidos, fortes, com verba publica, voto em lista, etc. Nós, assim, caminhamos no sentido oposto da democracia real, onde se tem voto facultativo e onde um individuo pode se candidatar sem pertencer a partido. Com a reforma política que vem sendo arquitetada, estabeleceremos uma ditadura de uma meia dúzia de empresas partidárias, sustentadas com nossos impostos, mas sem nos dar o necessário acesso, teremos de votar nos candidatos delas, eleitos em convenções fechadas.

Esse grande problema fica ainda mais grave quando consideramos os milhares de cidadãos que participam dessa jogatina política, como cabos eleitorais, paus mandados e assessores, e os milhões de brasileiros que de algum modo lucram com a associação em crimes e infrações neste país.

Enquanto a sociedade se acomoda, enquanto outros optam por simplesmente esperar o pior e daí a vinda de um messias tirânico para destruir o mal – fruto da conivência e da acomodação, enquanto os partidos tecem um novo e estúpido regime político-eleitoral, enquanto milhões ganham com fraudes, roubos, mentiras, violências, abusos, enquanto tudo isso ocorre, o país vai naufragando, se dividindo, se favelizando, se “miamificando”, ao sopro das demandas de potências realmente emergentes, esmagado pelas crises e apagões internos, pela guerra civil não declarada.

20.8.07

Os Perigos Que O Brasil Corre

1. Ameaça às conquistas do Estado laico, por conta da ascensão politica das igrejas evangélicas e a da reação católica, que não buscam apenas o direito de liberdade de culto, mas o poder supremo do país para imposição de seus interesses. Sabemos no que deu isso no passado. Hoje, por conta de uma série de fatores, a sociedade se dispõe a isso.

2. Ameaça às conquistas do estado de direito, por conta da evolução do crime organizado e do crime "pé de chinelo". É o outro lado da crise da sociedade (o outro é essa ascensão politica-religiosa). O crime organizado, formado por redes de mafiosos, juizes, policiais, politicos, empresários, etc, nativo está globalizado, associado a grupos mafiosos estrangeiros. Já o crime pobre vai no rastro e é favorecido pela desordem e pela crise moral.

3. Ameaça de retrocesso nacional, por conta da debilidade diante das forças economicas que são a China, a Índia e a Russia, com o Brasil, supostamente membro do grupo emergente, assumindo um novo e animado papel de colonia fornecedora de insumos brutos e importadora de manufaturados e produtos culturais. O Brasil assiste a quebra de seu parque industrial, a fuga de cérebros, o roubo de biodiversidade, a bobeira das patentes, a falta de poupança e se transforma em mercado consumidor dos produtos deles, favorecendo o desenvolvimento deles. Os novos "senhores que nos ajudam" serão eles, não mais os EUA.

4. Ameaça da desnacionalização produtiva e decisória, representada pela entrada de capitais estrangeiros - japoneses, dos EUA, espanhóis, italianos, etc - na formação de entidades civis e para a compra de usinas de álcool, montagem de parques hoteleiros, fazendas de grãos, certificadoras, concessões florestais, etc. O Brasil renova sua condição de quintal de negócios, importador de soluções, desprezando os seus potenciais.

5. Ameaça a biodiversidade, em nome da geração de empregos e rendas. Destrói-se, como nos ciclos da cana e café, os potenciais em biodiversidade, mal conhecidos, compostos de milhares de espécies e de bilhões de relações ecológicas, para se dar lugar a produção de uma dezena de itens, mantidos com meios artificiais. Enquanto isso, rouba-se diversidade, patenteia-se lá fora aquilo que é tido como coisa de caipira, importa-se conhecimento cientifico de nossa realidade.

6. Ameaça a democracia, representada pela postura dos brasileiros de não aproveitar bem a democracia e apostar nas disputas politicas e nos jeitos autoritários, nos salvadores da pátria, nas ilegalidades, etc. O Brasil trata a democracia como um intervalo entre ditaduras, onde vale-tudo, até o próximo tirano. Preferimos a boa bravata ao invés de a boa gestão.

7. Ameaça da má gestão publica, expondo o país a epidemias, a catástrofes naturais, ao genocidio nas estradas, a favelização, etc. Saúde, segurança, educação, meio ambiente, moradia, tudo em crise, agravando os problemas relacionados ao crime organizado, a ascensão politica-religiosa, a desordem urbana, a financeira, etc.

8. Ameaça da crise moral e de identidade. Que está na base de todas as outras. Uma sociedade dividida, desigual, injusta, que se despreza mutuamente, habituada a impunidade, a ilegalidade, ao "jeitinho", a malandragem, a exploração predatória, ao desrespeito. Nacionalidade mal desenvolvida e desprezada, lembrada apenas em alguns momentos, de festa. Indignados tomando caminhos errados, importando identidades, soluções, revelando igualmente incapacidade para se nacionalizar. Drogas, gravidez precoce, DSTs, familias rachadas, violencia sexual, fanatismo religioso, gangues, trapaças, corrupção...

16.8.07

A Coisa Tá Esquisita

Enquanto lulistas e não lulistas se engalfinham em discussões intermináveis e estéreis, o país anda, como carro de rodas quadradas.

Já li vários comentários de "especialistas" com espaço em mídia graúda que no Brasil precisamos resgatar a paixão dos mais jovens pela politica, como no passado. Eu acho que não, acho que já temos paixão demais nisto, no passado, já se matava por politica, já se roubava por politica e já se prejudicava o país por conta dessa paixão pela politica.

Acho que precisamos neste país é, justamente, abrandar a paixão, pensar e agir menos partidariamente, porque zero é impossivel. Os problemas da segurança, da saúde, da educação, dos aeroportos, das estradas, tudo, são problemas que só serão resolvidos com técnica, determinação e bom senso, ou seja: boa gestão, que não depende de partido ou ideologia.

Assim como honestidade e amor ao próximo não são exclusividades cristãs, assim se dá com a visão e a boa gestão, não dependem de se ser do PT ou do PSDB. Obviamente, ideologias interferem no modo de pensar e agir, a saída socialista para a crise da saúde seria diferente da saída liberal, as cartas já foram postas na mesa, entretanto, juízos honestos diriam que há várias outras saídas. Mas, eu entendo que há uma só saída: dar atendimento decente a TODOS, pelo menos nas urgências e postos de saúde.

No Orkut tenho postado sobre os inimigos do Brasil, uma parte, composta por alguns milhões de brasileiros, está se dando bem (ou pensa assim) em participar de ilícitos, de crimes, de maldades e safadezas. Outra parte, composta por outros tantos milhões, reclama e propõe, discute politca com paixão, na internet, nas mesas dos bares, praias, corredores de trabalho, mas, não fazem nada, na prática, dançam conforme a musica. Uma minoria trabalha, dá duro, se arrisca, me emociona, para melhorar o Brasil.

Precisamos ter a ousadia dos homens maus e a voz tão potente quanto a dos demagogos e sensacionalistas, precisamos mudar, porque estamos sendo engolidos...

A mudança deve começar por baixo, construindo fundamentos, pois não passa de loucura e imaturidade querer tomar o poder federal, para de lá querer mudar o Brasil por decreto ou cacete.

19.7.07

Desastre da TAM e terrorismo

Mais um, infelizmente mais um e o risco da banalização da tragédia vai sendo construido, como já existe por conta da violência urbana, de bandidos e de maus motoristas.

O fato relevante no caso desse desastre em Congonhas é esse: houvesse área de escape, uma área verde e fofa com uns 300 metros de extensão, o avião derraparia e ficaria atolado, mas ninguém morreria, tudo não passaria de um grande susto e uma indignação menor contra as autoridades.

Mas, uma área de escape tem um valor imobiliário e eleitoral enorme, não foi possivel permitir isso, não é mesmo? Quem foram os prefeitos e vereadores que permitiram que o entorno de Congonhas virasse cidade? Com um posto de gasolina na cabeceira!!!???

Quem foram os responsáveis por manter Congonhas funcionando sem condições? Que juíz? Qual superintendente da INFRAERO? Que empresas fizeram lobby para isso?

18.7.07

Desastre da TAM

Em plena crise do setor aéreo acontece uma nova tragédia, de um lado mais uma legião de cidadãos que choram suas vítimas, seus queridos, suas mentes não conseguem pensar em mais nada, a não ser na dor... de outro, aqueles que buscam os responsáveis, como impedir que outro mal aconteça, porque a crise no setor aéreo acenava para a possibilidade de que o acidente da Gol não seria educativo e nem o seu clímax, não, a crise mostrava que outros viriam, como é da natureza das crises que se arrastam.

Incêndio no recém inaugurado Santos Dumont já parecia um alarme quando horas depois tivemos esse terrível desastre em Congonhas, reconhecidamente um perigosíssimo aeroporto – você errou? Não tem escapatória, vai parar fora da pista, no meio da cidade! Casos não faltam em Congonhas.

Quem autorizou Congonhas a funcionar em dias de chuva, antes das obras, a despeito dos riscos, por achar que isso traria má imagem e efeitos econômicos (dinheiro) negativos?

Quem autorizou Congonhas a funcionar sem que as obras tivessem sido terminadas e aprovadas?

Quem autorizou a existência de um aeroporto, no caso Congonhas, dentro da cidade?

Quem permitiu, por omissão ou conivência, que a cidade crescesse e cercasse Congonhas?

Quem consentiu na existência de construções na cabeceira da pista, principalmente do posto de gasolina?

Quem se beneficiou, política e financeiramente, da elevação dos riscos do aeroporto de Congonhas?

Como bem lembrou noutro dia um orkuteiro, a crise que hoje se agrava sobre o setor aéreo, que se arrasta há anos e explodiu no desastre da Gol, é uma crise que existe há anos no setor rodoviário, com ruas e estradas ruins de traçado e de conservação, utilizadas por maus motoristas e por empresas perversas, com policias rodoviárias corruptas, resultando em milhares de mortes e prejuízos materiais ao ano, dentro e fora das cidades. A crise nacional, da infra-estrutura (para não falar da saúde, segurança, meio ambiente e educação) que já havia matado as ferrovias e está sufocando a rodoviária e a hidroviária, chegou macabramente na aeroviária.

O país vai sendo inviabilizado por um exército de brasileiros malfeitores, negligentes e incompetentes, de todos os partidos, posições e tendências. Fica a impressão de que não precisamos importar terroristas.

Desastre da TAM

Em plena crise do setor aéreo acontece uma nova tragédia, de um lado mais uma legião de cidadãos que choram suas vítimas, seus queridos, suas mentes não conseguem pensar em mais nada, a não ser na dor... de outro, aqueles que buscam os responsáveis, como impedir que outro mal aconteça, porque a crise no setor aéreo acenava para a possibilidade de que o acidente da Gol não seria educativo e nem o seu clímax, não, a crise mostrava que outros viriam, como é da natureza das crises que se arrastam.

Incêndio no recém inaugurado Santos Dumont já parecia um alarme quando horas depois tivemos esse terrível desastre em Congonhas, reconhecidamente um perigosíssimo aeroporto – você errou? Não tem escapatória, vai parar fora da pista, no meio da cidade! Casos não faltam em Congonhas.

Quem autorizou Congonhas a funcionar em dias de chuva, antes das obras, a despeito dos riscos, por achar que isso traria má imagem e efeitos econômicos (dinheiro) negativos?

Quem autorizou Congonhas a funcionar sem que as obras tivessem sido terminadas e aprovadas?

Quem autorizou a existência de um aeroporto, no caso Congonhas, dentro da cidade?

Quem permitiu, por omissão ou conivência, que a cidade crescesse e cercasse Congonhas?

Quem consentiu na existência de construções na cabeceira da pista, principalmente do posto de gasolina?

Quem se beneficiou, política e financeiramente, da elevação dos riscos do aeroporto de Congonhas?

Como bem lembrou noutro dia um orkuteiro, a crise que hoje se agrava sobre o setor aéreo, que se arrasta há anos e explodiu no desastre da Gol, é uma crise que existe há anos no setor rodoviário, com ruas e estradas ruins de traçado e de conservação, utilizadas por maus motoristas e por empresas perversas, com policias rodoviárias corruptas, resultando em milhares de mortes e prejuízos materiais ao ano, dentro e fora das cidades. A crise nacional, da infra-estrutura (para não falar da saúde, segurança, meio ambiente e educação) que já havia matado as ferrovias e está sufocando a rodoviária e a hidroviária, chegou macabramente na aeroviária.

O país vai sendo inviabilizado por um exército de brasileiros malfeitores, negligentes e incompetentes, de todos os partidos, posições e tendências. Fica a impressão de que não precisamos importar terroristas.

28.6.07

Atingindo a questão crucial do país

Vinicius L. Gomes, analista de sistemas do Inst. de Controle de Tráfego Aéreo, em seu depoimento na CPI do Apagão, resumiu bem o problema não só do sistema de controle, mas do país inteiro:

O que não falta é verba, grana, o problema se resume a INCOMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA, MÁ GESTÃO DO RECURSO (PÚBLICO), FALTA DE VISÃO ESTRATÉGIA e INEXISTÊNCIA DE PLANEJAMENTO PARA MÉDIO E LONGO PRAZOS.

Esses são males que atingem o país inteiro, desde o individuo, passando por familias, clubes, associações, padarias, até órgãos governamentais, empresas e o poder supremo do país - mas, com mais peso naquilo que não vive competição e está vulnerável a pressões por eficiência e decência, como é o poder público.

Como resolver isso? Deixando o bicho voar por si. Eu explico no próximo blog.
ONU adverte que em 2030 a Terra será um lugar de favelas e que 60% da população estará morando em cidades. No Brasil, já se estima que mais de 80% vivam em áreas consideradas urbanas - mas não necessariamente com cara de cidade, com shoppings, parques, metrô, etc.

As zonas rurais estão se despovoando, produções agrícolas e extrativismo sendo abandonadas ou sendo concentradas nas mãos de poucos, dos poucos dotados de capital, tecnologia e influência política, dos poucos capazes de produzir para milhões, para as grandes redes de comércio, capazes de abastecer com eficiência a demanda crescente das cidades.

O despovoamento decorre da degradação ambiental, que tornam áreas improdutivas e inviáveis a vida, e também decorre do empobrecimento devido a fragilidade econômica dos pequenos produtores diante das complexidades do sistema (e não apenas do mercado). O êxodo rural está inchando as cidades, complicando a administração pública e privada da vida urbana, já prejudicada pela corrupção, omissão, incompetência e pelo próprio gigantismo e complexidade das cidades. As médias cidades, com 500 mil habitantes, seriam as mais visadas pelas novas ondas, porém, o tempo pressionará as pequenas também – porque os pobres e ambiciosos irão para as localidades que se mostrarem promissoras, eles querem água, comida, moradia, serviços sociais e emprego.

Mas, os técnicos da ONU dizem que o crescimento das cidades não se dá tanto por migração, mas pela diferença entre natalidade e mortalidade locais, o crescimento é de dentro para fora.

A mesma ONU e cientistas do IPCC alertam que mudanças climáticas poderão ampliar desertificação, enchentes e secas, com danos graves ao abastecimento de água, alimentos e outros insumos para a vida humana – sem falar das pragas, incêndios e doenças decorrentes disso. Então, além da degradação ambiental local e da crise econômica no campo por conta de fatores políticos e econômicos, o êxodo será agravado pelo colapso do clima.

A ONU alerta para o fato de que, se estivesse sendo bem gerenciada essa migração, ela seria positiva para todos, entretanto, não está, de modo que a favelização e as tensões sociais só tendem a ser agravadas. Recomenda que as cidades sejam projetadas para os pobres também.

Recomendação crucial, porque hoje as cidades são desenvolvidas pelas forças especulativas sobre um recurso esgotável e essencial, que é o ESPAÇO. Empreendimentos são lançados para especuladores, lavadores de dinheiro e para endinheirados. O Estado, falido e ruim, não faz projetos para os pobres e, quando faz, são ruins.

As cidades grandes já estão sendo consideradas um mar de favelas com ilhas de ordem e prosperidade, entretanto, a pressão social combinada com má gestão arruinará a todos e nivelará a todos, apocalipticamente. Os serviços de saúde, educação, segurança, limpeza, conservação, saneamento, transportes, tendem a ficar cada vez piores e os privados não darão conta das demandas e direitos de uma massa crescente de clientes. Convulsionadas, as cidades grandes já deixam de ser atraentes e mais e mais pessoas se dirigem para as médias e algumas pequenas. Já os cidadãos das grandes cidades, com recursos, fogem do caos e migram para cidades menores, mas sem fazer uma prévia reavaliação cultural – assim, transportam para seus "novos paraísos" os mesmos vícios e visões de mundo, causadores dos males dos quais fogem.

Essa concentração humana é positiva para aqueles que buscam concentrar seu poder econômico e político, é o caso, p.ex., das empresas de telefonia e de TV, planos de saúde, comércio varejista, transportes, partidos políticos, financeiras, tráfico de drogas, empresas de água e esgoto, etc – é mais fácil controlar 100 milhões de pessoas concentradas em cinco cidades que 100 milhões dispersas pelo campo e por cidades médias e pequenas. Se, por um lado, essa concentração facilita as coisas e permite evolução mais veloz, por outro promove grandes tensões, disputas e pressões sobre recursos. Ao mesmo tempo, é fácil controlar 100 insatisfeitos de um serviço que satisfaz outros 100.000, mas não é nada fácil controlar 100.000 insatisfeitos com um serviço que só satisfaz a 100.

O que prevê? Mesmo que os índices macroeconômicos sejam positivos, os índices sociais e politicos tendem a se agravar, viabilizando o chamado Estado Policial, fascista, militarizado, seja ele de esquerda ou de direita - um momento que antecederá o colapso final.

Os que querem um futuro melhor têm de prestar a atenção a estes fatores, a este processo, e se antecipar a ele, sendo vanguarda e tirando proveito dessa condição, para construir uma outra realidade.

9.4.07

A coisa esquenta no país rabudo

Aldo Rebelo, um comunista, para ser ministro da defesa? Depois dos eventos do apagão aéreo, que ainda não terminou?

A frigideira esquenta e atiça as duas forças que disputam o poder: os que querem continuar nele e os que querem resgatá-lo, de um lado o PT, com seus aliados mercenários e traiçoeiros, de outro o PSDB e o PFL, agora DEM, no meio o PMDB e a turma de Edir Macedo, Garotinho, Enéias, etc. Todos atuam nos bastidores por meio de intelectuais, jornalistas, estudantes, associações civis e militares...

O agravamento da crise nacional, que não se deve apenas a Lula, leva determinados grupos e pessoas a defenderem o tempo do regime militar, ignorando, por má fé ou por estupidez, aquela era marcada também por corrupção e golpes na soberania: filhos de milicos nunca eram presos, contrabando e descaminho eram promovidos por militares, a EMBRAFILME bancava pornografia, militares doaram terras na Amazônia para multinacionais parceiras, obras superfaturadas milionárias foram abandonadas (Ferrovia do Aço, p.ex.) ou tocadas na marra ao arrepio da Lei, do meio ambiente e dos mais fracos - o MAB, germe do MST, surgiu com a truculenta construção de Itaipu. Obviamente, os que defendem a volta do regime militar não mencionam isso...

Por outro lado, será que um novo golpe militar destronaria a GLOBO e poria a TV brasileira no eixo? Ou poria fim na ciranda financeira atual? Ou realmente mataria na raíz as causas da violência e da desordem? Ora, quem seriam os aliados de um golpe militar?

Fato é que as grandes questões nacionais, aquelas que impedem do Brasil viver por si e ser uma nação inteira e não dividida, ainda estão por ser tratadas honestamente.

Infelizmente, como foi nos anos 60 do século XX, as questões nacionais viram instrumentos da disputa politica entre duas forças, a esquerdista e a direitista, os que querem o poder e os que querem se manter no poder. Isso é visivel hoje no governo comandado pela esquerda petista.

Saude, previdência, educação, segurança, meio ambiente... tudo isso é apropriado pelos dois lados para defenderem seus interesses, como se a cura dos males dependesse da cor ideológica. Os velhos donos do mundo não reformaram nada e mantiveram o Brasil como uma colônia, rabo do mundo, os novos donos metem os pés pelas mãos na busca por reformas.

Entra governo e sai governo é a mesma merda!

Mas, não poderia dar noutra coisa. O povão foge das brigas, das demandas, a história lhe ensinou que escravo não se mete em briga de senhores, no máximo o que pode fazer é se aproveitar disso para roubar um pão ou um toucinho na despensa... a discussão e a disputa em torno das grandes questões nacionais não são para o povo, o país não é do povo. Ao povo é dado o BBB, o fuxico artistico e outras velhas paixões: o futebol, o misticismo, a putaria, a droga lícita ou ilicita... ao povo - de qualquer país - cabe curtir a vida no que é possivel e chorar miséria para obter caridades, porque a qualquer momento o senhor das suas vidas pode convocá-lo, para ir no seu lugar.

Os donos do poder, por sua vez, estudam fora, vivem a fé de deuses estrangeiros, copiam seus projetos, vicios, modas, não se identificam com a terra natal, têm vergonha da realidade que eles mesmos formaram, por sua omissão, por sua corrupção e preguiça! Culpam os pobres, o povão, por ser o país assim tão ruim, atrasado, mas, quem são os donos dos empregos, das industrias, das lavouras, das leis e verbas, dos bancos, do poder para fazer? Quem poderia mexer nisso tudo e não o faz?

E, no meio, está a classe média, essa cobra traiçoeira, que faz de tudo para parecer dona do mundo e não é.

Somos um país rachado, porque não há projeto nacional que mobilize ambas as partes divididas, não há nacionalismo e patriotismo que extermine a injustiça nativa ou faça o graúdo amar sua terra e seu povo! E a culpa é sempre dos estrangeiros.

Um povo rabo, uma nação de escravos e exploradores.

30.3.07

31 de Março

Neste dia 31 de Março, alguns brasileiros farão questão de relembrar o Golpe Militar no governo Jango, uns com orgulho, outros com pesar.

Neste 31 de Março de 2007, em meio ao agravamento da crise dos aeroportos, não são poucos os brasileiros metidos nos debates politicos a fazerem especulações com a crise e com o fato de Lula estar fora do país.

Neste momento, dois grupos acirram seus discursos, especulações e provocações: os amigos de Lula e do PT e os adversários. De um lado aqueles que se insurgem contra a "república de sindicalistas" e de outro os que tentam conter os ânimos dos "reacionários de direita".

No meio nós, cidadãos que queremos justiça imparcial, gestão imparcial, responsabilidade geral, atendimentos total às demandas do país e que não vemos a necessidade de tais questões serem tratadas de forma partidária, parcial, tendenciosa, maliciosa.

Esse 31 de Março pode passar desapercebido, como pode ser um marco de uma crise maior.

Eu não quero nada com nenhum dos lados.

26.3.07

Soluções para os danos previsiveis do aquecimento

Diante dos danos esperados pela mudança climática o que nos resta fazer?

São 3 as ações cabíveis:

1. conter a liberação de gases - pela redução drástica na perda de área verde, pelo aproveitamento dos gases gerados pelos resíduos orgânicos (lixo e esgoto) e pela redução drástica da queima de fósseis. A redução da perda de área verde não tem a ver apenas com redução de desmatamento por ações agropecuárias e extrativas, mas também pela especulação imobiliária, isso é extremamente grave em cidades como o Rio de Janeiro.

2. reisolamento do carbono - é necessário retirar o carbono excedente da atmosfera, principalmente aquele oriundo dos fósseis, porque era carbono totalmente fora do sistema, da biosfera, que foi devolvido pelo homem. Enquanto não inventam um processo de captura e reisolamento artificial, a melhor forma é pela via biológica: plantios para produção de madeira ou restauração de áreas florestais, com ganhos outros indiretos.

3. medidas de sobrevivência - a sociedade vai ter que se reinventar. O aumento de temperaturas e de pluviosidade, os extremos meteorológicos, a elevação do nível dos oceanos, tudo isso pede soluções de engenharia, de saúde pública, de comportamento, de reassentamento, etc.

Tenho, por fim que fazer 3 outras considerações:

1. a moda da compensação ambiental pelo plantio de mudas é um exercício, a meu ver, de marqueting e uma brincadeira de mau gosto, isso está pervertendo o sentido da coisa e não serve de muita coisa não;

2. ainda tenho dúvidas se os problemas virão mesmo e se essa mudança é de origem humana;

3. a considerar a realidade atual, me preocupa a sinergia da mudança climática com a crise no serviço público, a indiferença da sociedade e outros tantos caracaterísticos da sociedade brasileira, sem falar dos potenciais riscos de um novo e maior conflito bélico e de pandemias, facilitadas pelas rotas aéreas, frouxidão fiscal em portos, turismo, etc.

A conclusão mais uma vez que tiro é essa: se os que estão realmente preocupados não tratarem do seu quinhão, da sua farinha, serão tragados no mesmo barco dos alienados, enquanto que os malfeitores, enricados pelos seus pecados, arrumarão proteções e abrigos - não confiem tanto na justiça divina, cuidem de suas vidas e dos seus entes queridos, "saiam de Sodoma e Gomorra" e deixem os abomináveis para trás...

14.3.07

Olhos Cariocas sobre o Aquecimento

Olhos Cariocas sobre o Aquecimento

Nos últimos meses, felizmente, o tema do aquecimento global parece ter batido definitivamente na consciência de muita gente, mesmo que o tema seja controverso para alguns (como eu). No rastro desse despertar está o interesse por saber que conseqüências o aquecimento pode produzir no Brasil.

No caso carioca, até o momento, as matérias jornalísticas e palestras de entendidos se limitaram a prever danos graves na orla, principalmente da Zona Sul – nada mais natural, afinal, para muitos ainda, o Rio de Janeiro é uma cidade limitada a Zona Sul e Centro. Entretanto, o problema vai além, muito além.

Considerando as previsões conservadoras do IPCC - de elevação de meio metro do nível do mar e de elevação de 2oC na temperatura, nesta região, neste século – podemos especular superficialmente sobre o grave cenário dos próximos 93 anos.

A elevação de meio metro no nível do mar, mesmo que gradual, poderá provocar o desmonte da Restinga da Marambaia, seu rompimento e a entrada de ondulação oceânica na Baía de Sepetiba, empurrando as areias para dentro da baía, mais propriamente contra os manguezais de Guaratiba, por sua vez, as lamas dos manguezais serão revolvidas e deslocadas pela baía e para dentro do mar, mas também serão empurradas para as zonas baixas de brejos próximas – todo esse movimento promoverá, no final das contas, a obstrução dos canais e rios que deságuam naquela baía e a expulsão da população residente nas vastas áreas baixas. A manutenção da navegabilidade do porto de Sepetiba ficará mais cara e difícil, as industrias localizadas ali, como o pólo siderúrgico, poderão sofrer problemas de drenagem, o grande tanque de rejeitos da Ingá será rompido e tudo aquilo se misturará com a lama já contaminada da baía.

Praias estreitas e hoje já vulneráveis a variações de maré e correntes poderão sumir, como já foi previsto. O Canal de Sernambetiba, com ou sem o molhe previsto, poderá sofrer represamento, gerando impactos na vida urbana a montante – os bairros do Recreio e Vargem Grande. Conforme nosso estudo preliminar dos impactos ambientais da urbanização na região do Recreio e Vargens, esse problema de inundações já é previsível com o ritmo atual de destruição ambiental em favor da expansão da cidade, então, isso poderá ficar em muito agravado pelas mudanças no mar.

O Pontal de Sernambetiba tornar-se-á uma ilha, a Av. Sernambetiba será rompida em alguns pontos, expondo aterros e molhes de sua construção, o cordão arenoso que separa o mar da Laguna de Marapendi ficará mais estreito. O Canal da Joatinga sofrerá represamento maior, com elevações mais freqüentes do nível das lagoas, o que gerará inundações em comunidades situadas em terrenos baixos, como Rio das Pedras e Anil, com o lodo contaminado refluindo para dentro dos canais e terrenos. A elevação do nível das lagoas prejudicará a drenagem e o esgotamento, condomínios, autódromo, centros empresariais, vias e favelas da grande região de Barra-Jacarepaguá sofrerão com refluxos e inundação – p.ex. a Av. Salvador Allende e Eng. Souza Filho/Est. do Itanhangá.

A elevação do nível corroerá as praias da Zona Sul, seus calçadões e infra-estrutura. A elevação do nível do mar combinada com ressacas fará com que as ondas destruam parte significativa da faixa de areia, com a espuma da arrebentação entrando por ruas e garagens, areia e água entulhando a rede de drenagem e estourando a de esgotamento. Os escombros da destruição causarão prejuízos de demorada reparação. A Laguna Rodrigo de Freitas terá mais freqüentes transbordamentos, com danos de grande monta a infra de lazer e esporte localizada na orla, sem falar nas vias.

O Centro da cidade, assentado sobre precários aterros, sofrerá com refluxos de esgoto e de drenagem, inviabilizando o seu funcionamento a cada chuva, não necessariamente forte. Ruas inteiras ficarão atoladas em lama com séculos de existência, as regiões mais antigas e próximas ao mar sofrerão mais, assim também aquelas localizadas próximas ao Canal do Mangue, como a sede da Prefeitura – vide algumas ruas do Estácio.

Áreas aterradas poderão sofrer recalques de grande extensão, quarteirões inteiros poderão ruir, com graves danos para o patrimônio histórico e os transportes. O Parque do Flamengo, no ponto de deságüe de rios convertidos em valas negras, sofrerá com alagamentos.

A orla do Caju poderá assistir ao refluxo do lixo ali despejado por anos e anos, a lama negra e fétida do Canal do Cunha refluirá, o piscinão de Ramos deixará de existir, favelas imensas, estaleiros e possivelmente a Refinaria de Manguinhos sofrerão alagamentos permanentes e infectos, a Av. Brasil sofrerá graves problemas de drenagem mesmo com brandas chuvas, provocando interrupções de dias. Os rios que vem da Zona Norte sofrerão barramento mais intenso e freqüente, provocando refluxo de esgotos, problemas de drenagem e invasão por lama e lixo nos bairros próximo a foz, como Bonsucesso, Vigário Geral e Parada de Lucas.

A orla da Ilha do Governador terá problemas semelhantes. Os aeroportos Carlos Jobim e Santos Dumont poderão ter problemas de drenagem sérios por ocasião de chuvas. A elevação do nível do mar alterará correntes e ondulação, perturbando a rotina da Baía de Guanabara, o que poderá provocar o rompimento do Aterro de Gramacho, liberando toneladas de lixo e chorume altamente tóxico. A própria Reduc poderá sofrer paralizações por alagamentos. As estações de esgoto do PDBG poderão ser inviabilizadas.

Um enorme contingente de pessoas (favelados e não favelados), sentindo-se ameaçado ou efetivamente prejudicado pelos estragos, será empurrado para as áreas altas e encostas, criando uma colossal pressão de desmatamento e destruição dos parques da Tijuca e Pedra Branca e de invasões sobre imóveis já construídos, abandonados ou não. O quadro de inundações e refluxos mais intensos empurrará também vetores, como ratos e baratas, para um maior e mais perigoso contato com a população.

Com a previsão de um clima mais úmido, as chuvas poderão se tornar mais freqüentes e intensas, o que será um desastre para a geografia carioca, ainda mais considerando esse deslocamento populacional. O sistema de drenagem, mesmo aquele construído corretamente, não terá condições de suportar essa mudança de amplitude. O aumento da carga de sedimentos e de água a cada chuva torrencial aumentará, aumentando a pressão destrutiva sobre a drenagem construída e a drenagem natural. O sistema de abastecimento de água potável sofrerá danos perigosos, rupturas e contaminação. Mais água no sistema e mais calor significam ampliação de condições para epidemias.

A elevação de temperatura e a expansão da urbanização nos moldes atuais agravarão os efeitos do desconforto térmico, atingindo principalmente idosos, crianças e trabalhadores de serviços pesados e expostos ao sol. O desconforto térmico associado à poluição sonora agravará o quadro de irritabilidade e estresse. A erosão aumentada pelas chuvas e o refluxo de lodos infectos criarão, em momentos de estiagem, condições mais favoráveis a doenças respiratórias, de pele e olhos, sem falar em outras doenças, como a leptospirose, por conta da poeira em suspensão. Os problemas de drenagem causados pela carga hídrica além do previsto gerarão problemas na infra-estrutura de energia e comunicação. Temperaturas mais elevadas e estiagem poderão liquidar com os esforços de “compensação” dos gases por meio de plantio de mudas.

As tempestades mais intensas afetarão na mesma proporção o sistema aéreo de energia e comunicação. Enfim, em determinados momentos deste século XXI, o Rio poderá simplesmente entrar em colapso, com falta de energia, de água potável, de comunicação, de transporte e com pressão insuportável sobre o sistema de saúde e segurança. Não vamos aqui descrever os impactos sobre a fauna e a flora, mas apenas dizer que a elevação do lençol freático mais sua salinização em diversos pontos aniquilarão grandes extensões de áreas verdes, naturais ou plantadas.

Tudo isso pode ocorrer considerando-se apenas as previsões conservadoras do IPCC...

Será que, desta vez, nós conseguiremos aceitar a ligação da má conduta pessoal, egoísmo, ganância, demagogia, má gestão e corrupção, com o desastre ambiental e social? Ou continuaremos achando que isso é coisa de moralista, de gente que “quer salvar o mundo”?

Enfim, são especulações superficiais, totalmente vulneráveis a crítica e anulação.


Salvador Benevides