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21.8.06

A Globo é fantástica

A recente reforma do Jornal O Globo online talvez não tenha sido percebida ainda pelos leitores e pelo público em geral quanto ao poder politico ampliado conquistado com ela.

O Globo Online agora tem uma sessão "Eu Repórter" por meio da qual os colaboradores podem enviar matérias, que serão analisadas e, aprovadas, publicadas - o jornal assim amplia seu alcance, seu poder de noticiar, de obter informações, com o trabalho gratuito de colaboradores, ávidos por um reconhecimento!

O Globo deu a seus articulistas o status de blogueiros, desse modo, o Globo Online incorporou essa ferramenta, que é o blog, abrindo seus articulistas ao debate público, ganhou a democracia? Certamente, mas também a empresa, que ampliou o seu status de "voz do povo", de um povo instruído. O blog vinha sendo tratado nos EUA, onde surgiu, como uma alternativa a imprensa convencional, "chapa branca". Ao transformar-se num jornal blog, O Globo cria uma áura "alternativa" para si? Rouba público dos outros blogs? "Oficializa" o blog? Usa de seu poder atrativo e sedutor para atrair grande público para seus blogs, ao mesmo tempo em que isso faz com esse público não busque os blogs alternativos?

Podería dizer que tal reforma no jornal online se encaixa em um novo possível projeto de poder da empresa? Há anos vemos o crescimento dos telejornais como "representantes do povo", as empresas de rádio e de TV atuam cada vez mais como fiscais dos governos, como palanque de queixas ou propostas da sociedade, como tribunais de julgamento não oficial mas bastante eficiente, como descobridoras e exibidoras de bons exemplos, ou recolhendo e juntando as desgraças do planeta num só lugar e horário, dando a impressão que o mundo está ruindo.

Aqueles que pedem uma democracia direta talvez estejam sendo embalados por esse projeto de poder midiático, afinal, quem irá dizer para a sociedade o certo e o errado? Quem irá tirar do anonimato maus e bons? As alternativas para isso ou aquilo?

Quem hoje é capaz de expor ao cidadão as tantas informações? Quem tem condições de filtrá-las, a seu modo, sem que ninguém saiba o que está sendo filtrado, e depois exibir como "as noticias mais importantes" (para quem?) ou "a realidade como ela é" (para quem?)?

9.8.06

Carta aos Cariocas

Cariocas,

Estamos vivendo um tempo tenebroso e indigno no município, para não falarmos do estado, do Brasil e também no mundo.

Não preciso listar aqui os problemas, cada qual com sua gravidade.

Todos são decorrentes de nossos erros e omissões, precisamos ser honestos, justos, não há quem possa dizer-se inocente. Mas, há quem possa se dizer preocupado e interessado em mudanças, mudanças verdadeiras, urgentes e vitais.

E é para os que estão preocupados e interessados que dirijo essas palavras.

As eleições de 2006, para a gestão estadual, estão perdidas, não há mais como mudar o quadro e não há como acreditar que mudanças virão, não importa qual dos três candidatos vença: Cabral, Crivella e Denise.

Porém, mesmo que a nova gestão estadual fosse digna da missão, nós não poderíamos fugir da nossa, como cariocas e moradores do município – há uma missão e um papel que é só nosso, que temos de pegar com as unhas e dentes.

Para nós cariocas, temos as eleições de 2008, municipais, após o PAN, eleições para prefeito e vereadores, essa sim, decisiva.

Decisiva porque não temos mais o direito de errar, porque não teremos outra chance de mudar: a próxima gestão municipal terá a tarefa de começar as mudanças, eternamente adiadas ou distorcidas, ou simplesmente poderá dar continuidade ao desastre, consolidando-o, transformando o Rio de vez no paraíso do mal.

E como garantir que em 2008 um novo tempo surja?

Nos comprometendo com um projeto que declare guerra a esse estado de coisas tenebroso e indigno no qual vivemos. Um projeto sem cor ideológica, partidária, religiosa, classista ou bairrista. Um projeto dos cariocas, ricos e pobres, de todas as zonas e bairros. Um pacto pela ordem, pelo amor ao Rio e pela paz, mas paz com justiça e com liberdade responsável.

Muitos são os cariocas que têm formulado propostas viáveis, outros milhões se angustiam por uma chance de colaborar com o Bem - precisamos uni-los num movimento de cidadãos, vencendo a incredulidade e a indiferença geral, o medo, criando uma força social capaz de dobrar os ferros da politicagem, do crime e do oportunismo.

Só com um movimento formado por cidadãos conscientes e dispostos poderemos superar a enganação dos lobos vestidos de cordeiros, dos falsos profetas, só assim superaremos o poder paralelo dos bandidos do tráfico e dos malfeitores vestidos de lideranças comunitárias, só assim evitaremos o retorno de tiranias e o sucesso dos demagogos.

Não pensemos, porém, que tudo se resolverá rápido e facilmente, os desafios são enormes, a começar pelo esforço para vencer o medo e a descrença, reunir as pessoas e recursos, sem que se percam em debates sem fim, em promessas inviáveis.

E nos será exigida muita fé, não a fé religiosa nisto ou naquilo, mas a fé de quem vê, lá na frente, um novo Rio de Janeiro, segundo o projeto abraçado.

Como disse, 2008 poderá ser o começo da mudança, a próxima gestão terá 4 anos para mudar o curso do barco e executar as medidas mais urgentes e criar condições fundamentais para que a sociedade continue no novo curso.

Só com um movimento de pessoas comprometidas com um projeto, sem interesses mesquinhos, partidários, dispostas ao sacrifício, é que poderemos inverter o curso dos fatos e marcar o ano de 2008 e nossos nomes na história do Rio, de forma positiva e exemplar.

Salvador Correa de Sá e Benevides – cidadão carioca

7.8.06

PPPs são micro AMIs

Vejam os senhores esse texto que foi publicado no site do jornalista Sidney Rezende:

Parcerias Público-Privadas: uma ameaça à democracia
Renata Lins - 06.08.06

O que são, de fato, as Parcerias Público-Privadas (PPP), que nos são apresentadas pelo governo Lula como a poção mágica que nos fará sair do marasmo de investimento em que nos encontramos? Em que consiste esta suposta alavanca fundamental para a retomada dos investimentos e do crescimento do país?

Em poucas palavras, as PPP são uma retomada dos princípios do AMI (Acordo Multilateral de Investimentos) "a nível nacional". Ou seja, trata-se de um mecanismo legal que permite às grandes corporações exercerem direitos extensos, deveres poucos, risco nenhum e lucro garantido.

O acordo do AMI – defendido pelos EUA e pela UE -, quando da sua negociação [1], foi veementemente criticado por organizações da sociedade civil, pois estas entendiam que este acordo reduziria de forma drástica a capacidade regulatória dos governos nacionais quanto à entrada e à atuação de investidores estrangeiros em seu território. O Acordo Multilateral de Investimentos revelava-se, pois, nocivo à democracia – em sua acepção tradicional de instrumento do direito soberano dos povos (e não, como hoje parece, de defesa dos direitos das corporações capitalistas) -, já que colocava as obrigações para com os investidores estrangeiros à frente das prioridades e necessidades do país em que investiam. Caso tivesse sido concluído o AMI, governo de um país signatário não poderia mais definir que sua prioridade estava no atendimento à sua população; em primeiro lugar, viriam os intocáveis investidores. Qualquer impedimento ao lucro seria taxado, e o patrimônio nacional poderia ser vendido a qualquer comprador interessado, não importando suas prioridades: era a privatização dos países [2]. A mobilização da sociedade civil, revelando as nefastas conseqüências deste acordo, constrangeu os governantes e deu suporte para que o AMI não se concretizasse. Agora, esta possibilidade encontra-se de novo em pauta, sob nova roupagem.

Com a divulgação para o grande público, que acabou levando à não-conclusão do AMI, ficou claro que o mundo ainda não estava preparado para aceitar o domínio inconteste das grandes empresas, nem a declarar o lucro como único fim válido a ser defendido na justiça – conseqüências diretas de se aceitar como incontestáveis as modernas regras do livre comércio.

No entanto, as empresas multinacionais não abandonariam o terreno sem lutar ferrenhamente pela possibilidade dos ganhos fáceis, vislumbrada quando da tentativa de fazer passar o AMI na OCDE. E não encontraram melhor solução do que fazer passar pelos parlamentos nacionais dos países (sobretudo, evidentemente, dos países mais frágeis) uma regulação que prescinde das difíceis rodadas de queda-de-braço entre nações de diferentes tamanhos e forças, com resultados muito semelhantes aos anteriormente pretendidos.

Porque é disso que se trata: as PPP dão todas as garantias às grandes empresas, sem que estas assumam nenhum risco como contrapartida. E quem se encarrega da conta? Os governos nacionais, é claro. Aos governos nacionais (cujas instituições são seguidamente chamadas de paquidérmicas, antiquadas, ineficientes, morosas, dispendiosas) cabe assumir os riscos que as grandes empresas ("eficientes", "dinâmicas", "arrojadas", "competentes", "eficazes") não desejam, garantindo simultaneamente a remuneração de seus investimentos. Nada de novo no front: parcerias entre governo e setor privado não são nenhuma novidade e sempre existiram: para isso os instrumentos da licitação, da concessão governamental e, evidentemente, as empresas estatais. O que este projeto coloca em pauta é uma mudança de regras em favor dos interesses dos investidores, que garante às empresas privadas o lucro sem risco, e engessa o governo na obrigação de priorizar o pagamento das empresas "parceiras" em detrimento de outras necessidades.

Segundo o professor Dércio Garcia Munhoz, em entrevista ao Correio da Cidadania [3], "a diferença para a PPP é que não há uma empresa constituída para isso. É um sistema de parcerias em que o Estado dá garantias de rentabilidade ao capital privado. O capital, para investir em uma economia em crise, bloqueada, como a nossa, precisa de garantia de lucro. Isso significa que chova ou faça sol o governo tem que dar um rendimento determinado para o capital privado."

A lógica do governo é simples: decretada a inexorabilidade da geração de superávits pelo governo, é necessário que o setor privado realize os investimentos necessários ao país. E para isso [4], deve-se garantir ao "parceiro" privado o lucro sem risco [5] que o levará a realizar o investimento. O que acontece, então? Os recursos que o governo não tem para investir (por causa da necessidade de gerar superávit) subitamente aparecem quando se trata de remunerar os investidores privados, conforme reza o artigo 7 o : "para o cumprimento das obrigações mencionadas no art.6o desta Lei [obrigações contraídas pela administração pública com o parceiro privado], será admitida a vinculação de receitas e a instituição de fundos especiais...". E, no artigo 8 o : "para a concessão de garantias(...) fica a união autorizada a integralizar recursos (...) em fundos fiduciários de incentivo às parcerias público-privadas criados por instituições financeiras públicas." Como aponta a economista Ceci Vieira Juruá [6]: "Paradoxal no entanto, na proposta de PPPs, é que o mesmo governo que se considera desprovido de recursos financeiros suficientes para cumprir suas atribuições constitucionais, apresenta-se ao setor privado, e à sociedade, como um parceiro que poderá assumir o resgate das dívidas contraídas pelo setor privado para operacionalização dos contratos de parceria(...)."

Mais uma vez, o dinheiro vai para os poderosos, e a sociedade que elegeu Lula com esperança de mudança "assiste bestificada". Assim como o compromisso com o superávit primário faz com que os pagamentos de juros da dívida venham antes das reais necessidades do país (de saúde, educação, moradia, segurança), as PPP garantem que os lucros vêm antes dos salários dos professores e dos médicos do setor público, antes do pagamento aos aposentados, antes da reparação de escolas e hospitais. E o "governo democrático e popular" revela-se, a cada passo, o algoz de seus eleitores e o humilde cumpridor dos mais obscuros desejos do FMI e do Banco Mundial.

Renata Lins é economista, doutoranda do IE/UFRJ***

[1] O AMI acabou não se concluindo, essencialmente devido à pressão da sociedade civil organizada.
[2] Sobre isso, ver artigo de Christian de Brie no Monde Diplomatique ( www.monde-diplomatique.fr ) de dezembro de 1998.
[3] www.correiocidadania.com.br/
[4] observe-se que esta lógica já está claramente delineada no texto do Ministério do Planejamento "Parcerias Publico-Privadas" de setembro de 2002 – anterior pois ao governo Lula.
[5] Diz o PL das PPP(art 2o inciso V): "repartição dos riscos de acordo com a capacidade dos parceiros em gerenciá-los". Evidentemente, o governo tem muito mais capacidade (ou necessidade) de "gerenciar riscos" do que qualquer parceiro privado...
[6] em texto disponível no site www.lpp-uerj/outrobrasil/

3.8.06

Eleições 2006 e o Voto Nulo

Que surpresas estão guardadas para o pleito de 2006 relativas ao voto nulo?

O voto nulo vem sendo cogitado por alguns, intenção que surgiu e veio crescendo espontaneamente, principalmente entre os que votaram em Lula, movimento que foi adotado por uma legião de pseudo-profetas e agitadores, que agora se arvoram em promotores de uma "grande campanha nacional".

Entretanto, a despeito de ser um defensor do voto nulo, em determinadas condições (vide site), passei de uns tempos para cá a refletir sobre os riscos do mesmo.

Se os mais críticos e insatisfeitos votarem nulo, ganharão espaço ainda maior as facções organizadas, como os evangélicos, as máfias, os radicais de esquerda e os de direita. O Rio de Janeiro está sendo pródigo com relação aos evangélicos e mafiosos, vide as cadeiras na Câmara municipal obtidas pelos chefes de grupos de extermínio.

Mas, o que me preocupa não é o voto nulo, que a meu ver não chegará a 25%, que poderá quando muito justificar projetos de voto facultativo numa reforma, o que preocupa é a instabilidade previsível a frente.

A desordem parece estar a vista: um governo de Lula reeleito, desmoralizadíssimo, açoitado por opositores de todas as cores, com um congresso ainda mais desmoralizado, com mais bandidos que antes. O país acuado por ações ainda mais terríveis do crime organizado pé-de-chinelo, do MST, com mais gente falando em golpe, em crise, com empresariado ainda mais inquieto com o adiamento ou parcialidade das reformas, com o petróleo chegando a 100 dólares... Cenário perfeito para pretensões golpistas ou para que os quatro anos seguintes sejam marcados pela formação de candidaturas para 2010 baseadas na radicalização moralista e reformista - Lula governando, governadores conspirando, facções também.

Não parece haver condições para uma nova ditadura militar, mas sim para um golpe realizado por militares com o governo sendo entregue imediatamente a um civil do gosto dos interesses privados contrariados ou ameaçados. Conseguirão os banqueiros manter seus agentes no poder?

Sim, penso que uma ditadura ou um governo autoritário pode estar no horizonte, posto como única forma de se realizar as reformas pretendidas pelos grandes interesses privados e por grandes máfias, temerosos de que a radicalização reformista caia nas mãos de pessoas certas. Os figurões já devem ter no bolso um plano B, para o caso de Lula pifar no meio do novo mandato.

Plano B: um governo autoritário civil, apoiado por militares e escorado por um discurso de combate ao crime organizado, de reforma politica e econômica, apoiado pela velha e oportunista classe média, por sindicalistas brandos e pelo grosso do empresariado - se o grosso do crime organizado (juízes, grandes especuladores, grandes grileiros, bicheiros, etc) se deixará ser engolido? Não sei, tradicionalmente, o crime organizado graúdo paga campanhas e segue atrás...

Um governo que também poderá fazer do Brasil a base de operações secretas dos EUA contra os governos de esquerda vizinhos (derraderia reação), que poderá ser hostil ao ambientalismo e ao indigenismo, inspirado em teorias de conspiração, que poderá fechar o Congresso, tudo em nome da moralidade e nacionalismo.

Candidatos: Aécio Neves e Ciro Gomes.

15.5.06

NOTA DA AEPET SOBRE A NACIONALIZAÇÃO DO GÁS

A Associação dos Engenheiros da Petrobrás, com a autoridade de ter sido a maior voz que se manifestou, com veemência, contra o projeto e o contrato do gasoduto Bolívia-Brasil da forma como foi concebido, vem a público se posicionar sobre a recente atitude do governo boliviano na nacionalização do gás e demais instalações petrolíferas naquele país.
Fomos contra o projeto pelas seguintes razões:

1) Era danoso para a Petrobrás: a fim de viabilizar o mercado para as reservas que as multinacionais Enron, Total, Shell (campo de Camisea, no Peru) haviam descoberto na Bolívia (e Peru), a Petrobrás foi obrigada a investir no pior projeto de sua historia: o do gasoduto Bolívia-Brasil. Ele tinha economicidade duvidosa, pois a taxa de retorno, calculada na época por especialistas da empresa, era 10% ao ano e o custo financeiro 12% a/a; o contrato, ainda, continha cláusulas leoninas contra a Petrobrás, entre elas aquela denominada `take or pay` que a obrigava a pagar pelo volume de gás contratado, mesmo que não tivesse demanda para o referido volume (a Petrobrás chegou a importar 12 milhões de metros cúbicos por dia e pagar por 24 milhões); a Petrobrás seria obrigada a bancar o risco cambial já que o gás era importado em dólar e o preço dele era atrelado ao preço internacional do petróleo; a Petrobrás seria obrigada a comprar a energia gerada pelas usinas termoelétricas a serem construídas (perdeu US$ 2 bilhões pagando energia das três usinas marchant da Enron, El Passo e Eike Batista, sem que elas gerassem um único Kilowatt). Acabou tendo que comprar as três usinas para estancar a sangria. Finalmente havia dúvidas se a Bolívia tinha as reservas de gás apregoadas. A pressão da AEPET gerou a pesquisa da Petrobrás para comprovar as reservas e ela acabou descobrindo os campos de San Alberto e San Antonio, cujas reservas se revelaram maiores do que as das multinacionais;

2) Era ruim para o Brasil: para viabilizar o uso do gás o governo FHC suspendeu os projetos de hidrelétricas em andamento, desprezando um potencial de 120% de energia elétrica a ser gerada de forma limpa e renovável. Iria sujar a matriz energética brasileira e criar a dependência de um insumo energético externo, comprado em moeda forte e controlado por transnacionais que só visam lucro. Além disto, determinou a Petrobrás suspendesse suas pesquisas em energia renovável como biomassa, eólica, solar e outras. Foi extinta a Divisão de Fontes Alternativas (DIFEA). Um desastre estratégico;

3) Era ruim para a Bolívia: pelo fato de as reservas pertencerem às multinacionais e o Governo Boliviano deter pouco mais de 10% delas, o povo boliviano não teria nenhum beneficio com a exploração da única riqueza que lhe restava. Ao contrário, iria ver o seu patrimônio ser dilapidado pelas multinacionais, restando-lhe apenas cerca de 30%, em impostos que seriam usados para pagar dívidas contraídas com bancos americanos e parte do gasoduto construída em seu território. O economista americano Jeffrey Sachs fez um plano para acabar com a inflação boliviana e acabou com a economia do país. Aliás, o então presidente boliviano, Sanchez de Lozada, mentor do projeto do gasoduto, junto com FHC falava espanhol com sotaque americano, o que é significativo.

Todas essas agressões cometidas contra a Petrobrás e o país tiveram maciço apoio da mídia brasileira, que também fez uma campanha insidiosa contra a empresa e o Monopólio Estatal do Petróleo. Inclusive, durante 25 anos, a Petrobrás foi obrigada a importar petróleo a US$ 25 por barril e vender a 14 dólares o barril. Nenhuma censura da mídia sobre isto.Agora ela se arvora em arauta defensora da Petrobrás e do Brasil. Mas esta mesma mídia aplaudiu quando o governo Fernando Henrique vendeu 40% das ações da Petrobrás, em poder do governo, nos EUA, por cerca de R$ 20 bilhões quando o valor real seria cerca de US$ 100 bilhões, já que a Lei 9478, a do petróleo, transferiu a propriedade das reservas da União para as concessionárias. Esta mídia aplaudiu quando o governo FHC fez uma troca de ativos com a espanhola Repsol e deu um prejuízo de US$ 2 bilhões à Petrobras. O STJ, em decisão estranha, derrubou a liminar do SINDIPETRO RS subsidiada pela AEPET dando ganho de causa a Repsol, alegando que a empresa iria perder os investimentos que não fez. Como a empresa não respeitou a liminar, a decisão foi um beneficio ao infrator.

A mais recente ameaça que paira sobre a Petrobrás e o país é o Projeto de Lei 226, do senador Rodolfo Tourinho, coincidentemente, ex-ministro das Minas e Energia de FHC, o qual, agredindo o direito constitucional de propriedade, confisca os dutos de óleo e gás da Petrobrás para entregá-los à ANP que os `arrendará` para as transnacionais e, certamente transferirá boa parte do gasoduto Bolivia-Brasil para a Shell e British gás proprietárias da Comgás, distribuidora de gás paulista, vendida pelo então genro, de FHC, David Zilberstajn, por preços-doação praticados nas privatizações do governo FHC. Não vimos uma palavra contrária da mídia;

CONCLUSÃO
Com a mesma autoridade que temos criticado duramente o governo LULA na questão energética (leilões de áreas de petróleo e não investimento em energia renovável); na questão econômica (juros altos e superávit primário que impedem o crescimento, não recomposição de perdas salariais); na questão previdenciária em que se inventa um déficit inexistente para justificar uma perniciosa reforma (na previdência pública não existe déficit e sim desvio das verbas do Pis/Cofins e CSLL, criadas para a previdência, para pagar juros). Na previdência pública o governo optou por não recolher suas contribuições para os seus funcionários e pagá-las em forma de salário. Agora quer dar o calote através de nova reforma. Também discordamos profundamente do projeto de Lei 4776 que entrega terras da Amazônia para empresas estrangeiras por 40 anos, prorrogáveis, votado e transformado em Lei.

Pois é com essa mesma autoridade crítica que afirmamos que a atitude do governo brasileiro em relação ao boliviano está correta. Há duas razões para essa exacerbação da grande mídia (controlada pelo capital financeiro internacional como mostra o escritor americano, John Perkins, em seu livro `Confissões de um assassino econômico`, editado pela Cultrix): I) 50% das ações da Petrobrás estão em mãos de empresas americanas; II) Os EUA não querem que lideranças latino-americanas se tornem paradigmas de nacionalismo e de defesa dos interesses do seu povo. John Perkins mostra bem isto em seu livro quando explica o assassinato de Omar Torrijos, que retomou o canal do Panamá, Jayme Roldós, que nacionalizou o petróleo do Equador, Salvador Allende do Chile, Jacob Arbens, presidente da Guatemala, que tentava impedir que a Unite Fruit, do Bush pai, destruísse a Guatemala e outros. Na semana passada o `Jornal Nacional` mostrou a secretária Condoleeza Rice vociferando ameaças de intervenção militar em paises da América Latina, de cujos recursos naturais não renováveis os EUA dependem profundamente, mas não querem pagar o justo valor.

A AEPET considera a soberania um valor inalienável e, portanto, o presidente da Bolívia tem o dever de defender os interesses do povo que o elegeu através do único bem mineral, que resta ao seu país tão explorado em suas riquezas no passado. Da mesma forma achamos que o governo LULA tem dever de defender o patrimônio da população brasileira que o elegeu. Temos recursos minerais abundantes, temos o maior volume de água doce do planeta que, junto com a energia do sol nos faz o país mais viável do mundo. TAMBÉM DEFENDEMOS O DIREITO DE AUTODETERMINAÇÃO DOS POVOS, HOJE TAO DESRESPEITADOS PELO PODER DO IMPÉRIO ANGLO-AMERICANO. DIRETORIA E CONSELHO DELIBERATIVO DA AEPET

22.3.06

dia da água

Dia 22 de março, dia internacional da água, neste dia renova-se o alarde em defesa dos recursos hídricos, promessas, etc. O que vc pode fazer para colaborar? Comece mudando seus hábitos, é tão pouco, se metade dos habitantes das cidades mudasse seus hábitos já seria muito, não precisaríamos fazer passeatas, leis severas, cobranças de taxas, etc.

Mereça a água que vc consome, do contrário, a tirarão de vc e venderão, como commoditie ou produto de exportação, a algum estrangeiro sedento. Economize no banheiro, na cozinha, não beba também refrigerante e cerveja - sim, rios e nascentes estão sendo utilizados para abastecer a industria de bebidas. Não jogue lixo nas águas, não lave recipientes sujos de químicos em lagoas, rios, brejos. Não despreze os brejos: eles são bancos de água doce, ali escondida sob a vegetação, no solo encharcado.

16.3.06

exército

Mordemos a lingua, o exército parece ter recuperado as armas roubadas. Parece, pois, acho muito estranho esse desfecho.

De qualquer modo, o exército foi atrás do seu prejuízo, não contestamos, o que contestamos foi a forma usada: 1600 homens, blindados, 11 dias, pressão sobre favelas, cheias de pessoas dignas, obrigando mesmo as escolas locais ao fechamento. A descoberta das armas na Rocinha é um testemunho do poder do serviço de inteligência, poderia o exército ter usado tal serviço sem espalhar o terror na população das favelas. Infelizmente, coronéis e generais não vivem em favelas, mas no asfalto, onde as pessoas aplaudiram - chumbo no favelado, afago no do asfalto.

Parabéns ao exército por reaver as armas, se são elas mesmas e não um embuste para calar os críticos e a imprensa que, nas edições do dia anterior, havia estampado manchetes tratando do fracasso, alguns jornais foram até afrontosos...

Mais uma vez: saldo - um jovem morto, meia dúzia de favelados (inclusive um bebê de meses) feridos, dias de aula perdidos por centenas de crianças, centenas de pais angustiados, danos em alguns imóveis por conta de tiros, para reaver 11 armas velhas, descobertas não por meio de terror, mas de uma denuncia, que até agora ninguém sabe se foi por telefone ou pessoalmente.

Se foi denuncia e não uma negociação...

14.3.06

Exercito e Aracruz

Confirma-se a tese de que o exército não conseguirá reaver as armas roubadas do quartel e de que sairá do caso desgastado e desmoralizado, não para a sociedade do asfalto, mas a do morro, da favela, de onde vem muitos dos soldados e cabos hoje em serviço.

A ação do movimento campesino contra viveiro e laboratório da Aracruz, no RS, é mais um ato de quem aposta na desordem crescente do país, o ataque revela bem que certos movimentos agrários e sociais não visam a reforma agrária, mas o empoderamento de um movimento ideológico radical, que quer impor seu modelo ao resto do país.

Até onde vai, não sei, sei que foi um tiro no joelho e que a sociedade brasileira tem seus limites.

7.3.06

exercito, PSDB

Exército entra em várias favelas no Rio para reaver armas roubadas de quartel. Cariocas do asfalto comemoram, finalmente o exército nas ruas e nos morros!

Povo que não aprende mesmo. O exército até o momento não recuperou uma arma, 1200 homens estão ocupados, inclusive de outros estados, verbas gastas. Alguns especialistas questionam, alegam (como vários militares também) que os soldados não estão preparados para esse tipo de missão - ora, os que estão no Haiti estão?

Resultado esperado: de dois tipos. Eu imagino que, se o exército tiver recursos, pode manter o sufoco por mais alguns dias e o tráfico pode vir a entregar as armas, para ter as bocas liberadas.

Por outro lado, oso lucros obtidos no Carnaval podem manter os traficantes parados por um tempo além do normal, com o exército nas favelas, eles se convertem em simples civis, as armas ficam escondidas. A ação militar parece desprovida de planejamento ou de conhecimento, roda e roda e nada surge, 1200 homens e blindados mobilizados para resultado zero até o momento.

Minhas conclusões: o tráfico é sustentado pelo consumo, quem movimenta o tráfico não está na favela, a ação militar é uma demonstração politica do tipo "vamos mostrar que mexer com o exército dá merda", o classe média do asfalto aplaude, iludido.

O que era para se fazer? Bom, se o interesse não acabar com o tráfico, apenas recuperar as armas, ideal seria mobilizar a inteligência do exercito e fazer uma operação planejada sobre os autores do abuso.

PSDB - tem cheiro de candidatura Aécio Neves para presidência, seriado JK parece mais que simples relembrança da história, cuidado com a Globo...

4.3.06

dilema do PSDB

A imprensa vem dedicando espaço excessivo ao dilema do PSDB, o que me leva a suspeitar que isso não é meramente falta de atenção da imprensa ou um sinal de estupidez do partido.

A suspeita é essa: o dilema é, na verdade, mais que uma disputa interna, é uma forma de envolver a sociedade no processo de escolha, dando legitimidade ao vencedor.

Parece intencional, o país com tantos fatos noticiáveis e a imprensa dedicando atenção a um problema do partido que não interessa a sociedade brasileira.

28.2.06

tudo começa no seu pequeno mundo

A gente ouve e lê muitas criticas na internet, nas ruas, as pessoas se dizendo indignadas, outras pregando revoluções, movimentos politicos por mudanças, etc. Critica-se, com razão, a corrupção, o desgoverno, etc.

Porém, como está a sua casa?

Sim, o exercicio da democracia, da gestão participativa, da defesa da ordem, começa na sua familia, no seu condominio, na sua associação profissional, no seu centro acadêmico, na sua igreja, no seu clube, etc. Aonde vc puder participar, participe, assuma compromissos, responsas, valorize sua opinião, suas idéias.

Há muita gente preocupada com o Brasil, essas pessoas estão pensando alto demais, como está a casa delas? A vida delas?

Como podem querer arrumar a casa de todos quando a sua própria é desordem?

Por fim, o Carnaval:

Duas coisas incomodam no desfile das grandes escolas cariocas: a relação com o crime organizado e a transmissão da Globo...

um abraço a todos.

20.2.06

ilha Grande e PL das florestas

Parabéns aos órgãos envolvidos na repressão a invasão de turistas na Ilha Grande - RJ neste Carnaval, finalmente, alguém está botando ordem na casa, parabéns a Prefeitura de Angra, ao juíz que concedeu sentença favorável a ação, a Policia Florestal, etc, etc.

Feliz será o dia em que noutras localidades, como Arraial do Cabo e Trindade, tivermos operações do mesmo calibre.

Com relação ao Projeto de concessões de exploração florestal na Amazônia: o PSOL é um partidinho mesmo e lamento a quantidade de garotos que estão fazendo coro contra o projeto.

Infelizmente, temos uma realidade na Amazônia, é impossível impedir a exploração, então, que se ordene, o PSOL reclama, mas não dá alternativas, é um partido de merda.

O único porém: será que o governo terá pernas para fiscalizar os contratos? Bom, fiscalizar toda a Amazônia não dá, mas talvez dê para fiscalizar 3%.

19.2.06

Rolling Stones

Fui ao show dos Stones, parentes meus têm casa em Copacabana. Muita gente na praia, realmente, um grande evento que honrar o histórico dos Stones.

Curioso um país como o Brasil oferecer a eles uma oportunidade como essa, não sei se em algum país do primeiro mundo eles tiveram algo assim, um milhão de pessoas...

Copacabana, numa área de uns 6 quarteirões, foi transformada em banheiro público, a organização da infra, a cargo da Prefeitura, foi ruim. Fiscalização de camelô? Que comédia! Não existiu. Banheiros químicos, que comédia, só na praia, as ruas internas, portarias de prédios, tudo fedendo a vômito e xixi.

Show a parte é dos otários que enchem a cara e apagam, demandando socorro dos bombeiros.

Não dava para ver os Stones, palco muito longe, fui para casa, atravessei a rua e fiquei em frente da TV, cobertura da Globo defasada em 15 minutos, mas a cara de pau dizia que era ao vivo.

Muitos barcos no mar, belíssimo, pessoas vendo o show dentro da água, boiando!

A Prefeitura investiu um milhão e meio no show...

17.2.06

Gripes

A todo momento o noticiário fala sobre o avanço da gripe aviária pelo planeta, que já chegou na Europa. Por enquanto, apenas uns poucos infelizes que tiveram contato direto com aves doentes ou com doentes humanos contrairam a doença. Segundo site da BBC, o indíce de mortalidade é de 50%, por outro lado, uma pesquisa feita na Ásia revela suspeitas de que o virus não ataca apenas o sistema respiratório, podendo estar envolvido com doenças radicais e subitas naquela região - ou seja: o número de vítimas estaria subestimado.

O drama da possível pandemia reside no fato de que os pesquisadores precisam ter nas mãos a variante ou cepa do virus responsavel por ela, não adianta investirem os caros e complicados recursos hoje para inventar uma vacina que poderia nascer superada pela cepa pandemica, pegando todos no meio do caminho.

A criação de uma vacina para virus depende de um processo que envolve ovos embrionados. Para cada dose precisa-se de um ovo, logo, para os 180 milhões de brasileiros seriam precisos 180 milhões de ovos, de aves susceptíveis a gripe também - ou seja: será que o plantel de aves no país, para tal uso, sobreviveria a uma pandemia? Por outro lado, a vacina é criada pela inoculação do virus no embrião, que depois é morto e o virus neutralizado, para virar vacina - o problema do virus H5 é que ele é tão letal que mata o embrião no ovo! Os cientistas terão que possuir um virus criado em laboratório, semelhante ao H5, o que ainda não existe.

Fala-se muito das aves migratórias como fator de disseminação da doença, contudo, esse é um argumento pífio diante desse: uma ave migratória que saia dos EUA, p.ex. (que seria a nossa rota) leva dias ou semanas para chegar ao Brasil, já um vôo Miami-São Paulo, com centenas de passageiros, leva menos de 15 horas. As aves européias não voam para o Brasil, mas um vôo Lisboa-Rio leva 7 horas, tempo suficiente para infectar os mais de 200 passageiros, transformando o avião numa bomba biológica.

Então, essa estória de ave migratória é, na verdade, uma forma de colocar a natureza mais uma vez como bode expiatório da tragédia.

16.2.06