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Atrás sempre de um ponto de equilibrio e do desenvolvimente responsavel

29.9.11

Por Que o Poder Publico é Ruim?

POR QUE O PODER PUBLICO É RUIM?

Por que a saúde e a segurança estão tão ruins?  Por que a justiça não anda?  Por que os transportes são uma vergonha?  Por que ninguém consegue resolver as enchentes?  As epidemias de dengue?  Por que, enfim, o que é público, governamental, funciona tão mal?  Você sabe?  Ou pensa que sabe?

O Poder Publico é formado por empresas publicas, prefeituras, tribunais, parlamentos (de vereadores, deputados e senadores), governos estaduais, governo federal, forças armadas, etc.  São organizações como quaisquer outras: reúnem pessoas, dinheiro e outros recursos para realizar objetivos.

Porém, se as organizações privadas têm como objetivo o lucro e o ganho de seus donos, o objetivo do Poder Público é o de gerar benefícios para a sociedade, atender aos interesses de todos – homens, mulheres, idosos, crianças, ricos, pobres, etc – enfim, da sociedade.

Sociedade é o grupo de pessoas com objetivos comuns e que trabalham juntas para atingi-los.

Sim, claro, cada um tem seus interesses, mas, existem alguns interesses que são comuns, como a prevenção de epidemias, o socorro de emergência, a justiça, a segurança nas ruas, os serviços de comunicação e informação, a educação básica e a conservação de estradas, aeroportos, etc.

A sociedade sustenta as empresas e órgãos públicos com os impostos e taxas, e também com pessoal, porque os funcionários públicos não vêm de outro planeta, ou de outro país, eles são cidadãos como você, e como você eles podem ser honestos ou sem vergonhas, idealistas ou oportunistas.

Porém, ao contrário das empresas particulares, que se não forem eficientes e bem administradas quebram, o Poder Público pode criar impostos, taxas e loterias para cobrir os rombos que surgem da má administração.

Da mesma sociedade saem os candidatos para serem votados nas eleições, e ela mesma que vota, que escolhe, quais deles receberão o poder para administrar os órgãos públicos, ou fiscalizá-los.  É mais ou menos a mesma coisa que acontece num condomínio, numa associação, num clube, em algumas igrejas, etc.  Ora, o Serviço Publico é o espelho da sociedade.

Quando as pessoas deixam de lado os objetivos comuns e passam a trabalhar em favor de seus próprios interesses, muitas vezes por meio de trapaças e violências, elas deixam de compor uma sociedade, não passando de um ajuntamento de indivíduos, aqueles mais organizados formam os bandos.

E assim, o Poder Público deixa de ser o instrumento de vida e felicidade geral, passa a ser a galinha dos ovos de ouro, a teta da vaca gorda, o trem da alegria que todos cobiçam.  Ao colocar no comando do Poder Publico políticos sem vergonha, a sociedade lhes dá carta branca para agir dessa forma.

A sociedade só se importa um pouco com o que acontece dentro dos órgãos públicos quando o mal finalmente a morde – aí já era.

Os malfeitores eleitos têm como primeira missão corromper o funcionamento da máquina pública, já desrespeitada por uma sociedade que age como um ajuntamento.  Começam favorecendo os funcionários que aceitam ajudar, seja por idealismo ingênuo, seja por oportunismo picareta, seja por pura covardia.

Não há político corrupto, malfeitor, sem sua rede de colaboradores, de cabos eleitorais a funcionários públicos de carreira.

Montam assim uma teia de colaboradores, todos com a missão de viabilizar a safadeza: o uso eleitoreiro da máquina, o roubo, o gozo particular dos recursos públicos (ex. carro oficial para ir ao shopping) e o uso do poder para extorquir.

O Poder Publico acaba por fim sustentando partidos políticos, sindicatos, associações de todos os tipos, religiões e empresas privadas de vários tamanhos e tipos, além dos bandidos comuns.  É a ruína do serviço público em favor do ganho privado.

A ruína dos serviços públicos os prejudica?  De modo algum, é mais um motivo para usarem da maquina para criarem seus centros sociais, para darem esmolas, para criarem dificuldades e vender facilidades, etc – aparecem assim como benfeitores do povo e parceiros de empresários.

E, quando as coisas beiram o caos, o discurso é sempre o mesmo: a culpa é dos funcionários públicos!  Todos os beneficiários com esses esquemas infames (incluindo a imprensa) fazem o coro de condenação.  A saída é privatizar, administrar o Poder Público como empresa privada, dando fim aos tais privilégios – que surgiram justamente para proteger os bons funcionários em sua luta pelo interesse publico contra esses malfeitores todos.

Parabéns povo brasileiro.

11.9.11

EPITÁFIO PARA OUTRO 11 DE SETEMBRO

ARIEL DORFMAN - extraido da Folha de SP

Naquele 11 de setembro letal --lembro que era uma terça-feira--, acordei pela manhã com um som de angústia, a ameaça de aviões que sobrevoavam nossa casa. E quando, uma hora mais tarde, vi uma nuvem de fumaça que subia do centro da cidade, eu soube que minha vida e a vida de meu país tinham mudado de forma drástica e taxativa, para sempre.

O ano era 1973, o país era o Chile e as forças armadas acabavam de bombardear o palácio presidencial em Santiago, deixando claro desde o início a ferocidade com que responderiam a qualquer tentativa de resistir ao golpe contra o governo democrático de Salvador Allende. Esse dia, que começou com a morte de Allende, terminou convertendo em matadouro a terra onde tínhamos tentado uma revolução pacífica. Quase duas décadas, que vivi principalmente no exílio, se passariam antes que pudéssemos derrotar a ditadura e recuperar nossa liberdade.

Vinte e oito anos depois daquele dia inexorável de 1973 aconteceu um novo 11 de setembro, também numa manhã de terça-feira, e agora foi a vez de outros aviões, foi outra cidade que também era minha a que recebeu um ataque; foi um terror diferente que desceu do ar, mas de novo meu coração se encheu de angústia, de novo confirmei que nunca mais nada seria igual, nem para mim, nem para o mundo. Desta vez o desastre não afetaria a história de um país apenas, nem seria apenas um povo que sofreria as consequências do ódio e da fúria --seria o planeta inteiro.

Me causou sobressalto, nos últimos dez anos, essa justaposição de datas. É possível que minha obsessão por procurar um sentido oculto por trás dessa coincidência se deva ao fato de que eu era residente de ambos os países no momento em que sofreram a dupla investida, a circunstância adicional de que essas duas cidades agredidas constituem os fundamentos gêmeos de minha identidade híbrida. Porque cresci aprendendo o inglês em Nova York, ainda criança, e passei minha adolescência e juventude apaixonando-me pelo espanhol em Santiago, porque pertenço tanto à América do Norte quanto à do Sul, não posso deixar de sentir de forma pessoal a paralela destruição dessas vidas inocentes, e tenho a esperança que da dor e da confusão ardentes nasçam algumas lições, quiçá alguma aprendizagem.

De fato, Chile e Estados Unidos oferecem modelos contrastantes de como se pode reagir diante de um trauma coletivo.

Uma nação submetida a uma adversidade tão brutal inevitavelmente se vê diante de uma série de perguntas básicas que interrogam seus valores essenciais, sua necessidade de obter justiça para os mortos e reparação para os vivos sem fraturar ainda mais um mundo já perturbado. É possível restaurar o equilíbrio desse mundo sem nos entregarmos à compreensível sede de vingança? Não corremos o risco de ficarmos parecidos com nossos inimigos, de nos convertermos em sua sombra perversa --será que não corremos o risco de terminar governados por nossa raiva, que costuma ser tão má conselheira?
Se o 11 de setembro de 2001 pode ser entendido, então, como uma prova em que se avalia a sabedoria de um povo, me parece que os Estados Unidos, infelizmente, se saiu mal no exame. O medo gerado por um grupo pequeno de terroristas conduziu a uma série de ações devastadoras que excederam em muito o dano causado pelo estrago original: duas guerras desnecessárias; um colossal desperdício de recursos destinados ao extermínio, mas que poderiam ter sido investidos para salvar nosso planeta de uma hecatombe ecológica e nossos filhos da ignorância; centenas de milhares de pessoas mortas e mutiladas, e milhões de outras deslocadas; uma erosão dos direitos civis e o uso da tortura pelos norte-americanos, o que avalizou outros regimes para que abusassem ainda mais de suas populações cativas. E, finalmente, o fortalecimento em todo o mundo de um Estado de Segurança Nacional que exige e propaga uma cultura de espionagem, mendacidade e medo.

O povo chileno também poderia ter respondido à violência com mais violência. Sobravam razões que justificavam levantar-se em armas contra o déspota que traiu e derrubou um presidente legítimo. Não obstante, os chilenos democráticos e os líderes da resistência --com algumas exceções lamentáveis-- decidiram desalojar o general Pinochet do poder mediante uma não-violência ativa, recuperando, parte por parte, uma organização atrás de outra, o país que nos haviam roubado, até derrotar o tirano em um plebiscito que ele tinha tudo para ganhar. O resultado não foi perfeito. Mas, apesar de, décadas mais tarde, a ditadura derrotada continuar a contaminar a sociedade chilena, a forma em que travamos nossa batalha continua a ser um exemplo definitivo de como é possível criar uma paz duradoura depois de tantas perdas, tanto sofrimento persistente. O Chile demonstrou uma determinação cuidadosa e ajuizada para assegurar que nunca haverá outro 11 de setembro de morte e destruição.

Me parece maravilhoso e até mágico que, quando os chilenos tomaram a decisão de lutar contra a malevolência por meios pacíficos, estavam, sem saber disso, fazendo eco a outro 11 de setembro. De fato, nesse exato dia em 1906, Mohandas Gandhi, no Empire Theatre de Johanesburgo, convenceu milhares de seus compatriotas indianos a usar a não violência para contestar um conjunto de leis discriminatórias que, concretamente, já preparavam o futuro regime do apartheid na África do Sul. Essa estratégia incipiente de "satyagraha" levaria, com os anos, à independência da Índia e a muitos outros movimentos para conseguir paz e justiça no mundo, incluindo a luta de Martin Luther King pela igualdade racial e contra a exploração.

Cento e cinco anos depois daquela memorável exigência do Mahatma para imaginar uma maneira de sair do delírio e da armadilha da cólera, 38 anos depois de aqueles aviões me despertarem pela manhã para me avisar que eu nunca mais poderia escapar do terror, dez anos depois de a Nova York de minha infância ter sido dizimada pelo fogo, tenho a esperança de que o epitáfio final para cada um e todos os possíveis 11 de setembros seja dado pelas palavras suaves e imortais de Gandhi: "A violência vai prevalecer contra a violência apenas quando alguém puder provar que o modo de acabar com a escuridão é com mais escuridão".

O último livro de Ariel Dorfman é "Entre Sueños y Traidores: un Striptease del Exilio".

7.9.11

Acorda Cara-Pintada!

Acorda cara-pintada, que estão te manipulando e são eles de novo.  A corrupção está na tua cara, mas a pintura que usas só deixa ver aquela corrupção que eles querem que você veja, para puxar você pra rua e te usar como peão, arma de pressão política.

Você vive dizendo que eles não te enganam mais, que o povo não é bobo, etc, etc, mas, basta botar olhos e ouvidos nos mantras e imagens que eles lançam no ar, no papel, e lá está você de novo às ordens.  Pare com isso cara-pintada!

Vou te contar um segredo nada novo: a razão de eles estarem de novo tirando as pessoas de casa, da inércia, para a rua, está nos bastidores que você não buscou conhecer, nas entrelinhas que você sempre se nega a ler, mas que são razões publicas, para quem quiser ver.

Há uma grande discussão no governo envolvendo novas regras para telecomunicações, discussão essa que visa acabar com décadas de abusos econômicos e usos políticos sujos, todos impunes, e que tenta também abrir o mercado para mais empresas, sabe lá no que isso irá resultar.  É coisa de dezenas de bilhões de reais mensais em jogo, é o controle da formação da opinião publica, que é muito mais que formação de voto, é orientação de consumo, de negócios.  Acorda cara-pintada, a mira foi posta sobre Brasilia, porque é lá a discussão.

Mas, você me dirá como quem descobre uma falha: “mas isso é muita mesquinharia, é outra teoria da conspiração” – e eu te replicarei: como a da pacificação dos morros no Rio, balela que agora vai sendo desmascarada, não é?  Pois bem cara-pintada, é isso mesmo, é mesquinharia mesmo, porque eles com seus bilhões garantidos podem viver aonde quiserem, podem fazer o que quiserem, como ou sem corrupção generalizada e destrutiva - você que se dane!  Você acha que eles pensam no Brasil, como patriotas?  E você, pensa?  O Brasil é um grande mercado.

É como se no Rio de Janeiro (onde não ocorre uma grande operação da PF sequer), ou em São Paulo, em Minas, ou no Ceará, ou no Rio Grande, não houvesse coisa sinistra.  É como se nos municípios estivesse tudo bem.  Esses caras que te levaram pra rua nos anos 90, porque o filhote os traiu, no Fora Collor, agora querem te usar de novo, para lá nas quatro paredes dizerem ao governo que têm o povo e que o governo tem que comer na mão, se não...

A corrupção de Brasília existe porque existe uma trama, como raízes da floresta, a nivel estadual e municipal, nas empresas e entidades sem fins lucrativos, como os clubes, as igrejas, as ONGs, os conselhos profissionais, nas entidades estudantis como a UNE, e nas sociedades secretas.  Cortar cabeças em Brasilia?  Essa árvore do mal fará brotar outras e você não sentirá a seiva maldita passar por baixo dos teus pés, para alimentar os que entrarão no lugar dos decepados.

Olhe pra você mesmo e avalie o quanto contribui para o mal, pois ele está em cada um de nós.  Se de nós não vier a solução, de onde ela virá?  Ah, mas eles não querem que você pense nisso, deixe a solução com eles, certamente, já possuem os caras certos sentadinhos esperando a vez.  Você só precisa esquentar o clima, fazer o clamor e abalar as estruturas, o resto deixa com eles... E depois senta mais 10 anos e chora.