Quem sou eu

Minha foto
Atrás sempre de um ponto de equilibrio e do desenvolvimente responsavel

23.3.11

Especulações sobre o Futuro Agrário do Brasil

Ao optar por ser uma grande fazenda transnacional, o Brasil cederá cada vez mais as pressões do mercado, principalmente por se fazer fornecedor de economias emergentes como Russia e China. Sacrificaremos todas as nossas potencialidades em favor do abastecimento das listas pedidas pelo mercado e por suas bolsas de commodities. Paralelamente a isso, a sociedade brasileira buscará mais e mais consumir estes mesmos itens, para se sentir inserida na aldeia global, se sentir rica, conforme os padrões importados de vida.


A exploração florestal na Amazonia e nas demais regiões ainda detentoras de grandes matas nativas, legal e ilegal, seguirá até a completa exaustão, não há qualquer limite firme e aceito para essa exploração, a pressão da demanda é cada vez maior e as iniciativas de cultivo florestal se limitam a celulose e carvão industrial. Os contratos de exploração “racional” nas FLONAS são fracos o suficiente para não merecerem crédito.

As commodities continuarão destruindo a biodiversidade e com isso as inumeráveis oportunidades nativas, eliminarão o Cerrado, a Caatinga e confinarão a Amazonia a umas poucas UCs melhor cuidadas.

Todas as alternativas que dependem da adesão oficial estão sujeitas a variação de humor oficial: havendo recursos suficientes para comprar autoridades, a agricultura industrializada pode ter, de uma hora para outra, o domínio total do mercado, com o fim de todos os apoios a agricultura familiar.

Os itens da biodiversidade remanescentes permanecerão medíocres, de mercado limitadíssimo e desprezados pela grande massa da população. Espécies brasileiras serão produzidas fora do país, como pode acontecer com o Açaí.

A agricultura ecológica, ou orgânica, permanecerá limitada pelos preços altos dos produtos, pelos problemas da certificação, pelo misticismo de alguns grupos e pela promoção pesada da agricultura convencional. Continuará sendo uma alternativa viável de alimentação apenas para uma minoria urbana e para os próprios produtores orgânicos, encurralados nas áreas mais problemáticas de produção (ex. regiões serranas).

O Estado brasileiro perderá algumas UCs pela frouxidão administrativa (incapaz de deter as agressões) e por pressões de redução de áreas, outras permanecerão razoavelmente preservadas, por estarem em zonas em esvaziamento econômico ou porque gozarão da função de “vitrines” para patrocinadores.

Mais e melhores terras serão adquiridas por especuladores e por empresas interessadas em produzir industrialmente para abastecimento do mercado internacional. Grandes áreas serão ecologicamente alteradas, com custos expressivos (“pegadas”) para que possam produzir esses itens desejados, como acontece hoje no Semi-Árido (fruticultura e grãos), no Pampa (celulose) e Cerrado (grãos e cana).

A contaminação ambiental e humana por agrotóxicos, transgenicos e fertilizantes aumentará a níveis de quase catástrofe, como aconteceu nos EUA. Uma vez contaminados e prejudicados, importaremos da Europa e de outros países as tecnologias e soluções de produção limpa que nos negamos em desenvolver.

Sustentada por uma agropecuária não sustentável, a população brasileira crescerá em numero e urbanidade, estando exposta perigosamente a variações na oferta de insumos e equipamentos agrícolas e também no clima, devemos considerar também o perigo de ter pouquíssimas pessoas produzindo e detendo técnicas de produção diante dos riscos pandemicos. Problemas graves na economia global, como no petróleo, pandemias ou crises climáticas, poderão levar a fome e sede milhões de cidadãos urbanos.

A riqueza urbana, ainda hoje em parte forjada sobre a produção agrária, crescerá, mas estará cada vez mais vulnerável.

Nenhum comentário: