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17.6.10

Obrigado Imprensa

O jornal O Globo de 13/06, domingo, em seu caderno especial do bairro da Barra da Tijuca, exibiu materia sobre a vida na Ilha da Gigoia, tratada como um pequeno paraiso ilhéu encravado no cada vez mais populoso e agitado bairro beira-mar carioca.  Ali tem restaurantes, mercado, ong ambientalista, pousada, etc.  Todos falam da beleza do lugar, da tranquilidade, da preservação ambiental.  Que lindo.

Acontece que a ocupação na Ilha da Gigóia e nas outras a seu redor são ilegais.  Acontece que todas as ocupações ali contribuem com esgoto in natura para a poluição da laguna.

As ilhas nasceram de obras de dragagem daquele trecho da Laguna da Tijuca, que formaram bancos de areia pequenos, nos anos 1960-70, que foram inicialmente ocupados por pescadores e depois por pessoas com autorização da Marinha ou da Superintendencia de Patrimonio da União - porque são ilhas criadas em águas de laguna, logo, pertencentes e sob gerenciamento da União.

Os anos se passaram e sem qualquer tipo de fiscalização - é o que dá pra entender - as ocupações foram sendo ampliadas, mediante aterros e corte de manguezal.  O unico lugar que preservou alguma coisa proxima do antigo cenário original foi a ilha ocupada pelo Clube Marina.  O que surgiu em Gigóia foi uma favela classe media, acessada por barco.  Essa favela classe media disseminou mau exemplo para o Itanhangá, já no continente e a beira da laguna, cujas margens estão tomadas por favela de rico (loteamento e condominio irregular) e de pobre.

Por Lei 37 de 1977, a Prefeitura do Rio destinou as ilhas das lagoas da Baixada de Jacarepaguá a atividades de lazer, não de moradia e nem de comercio, cabendo a Prefeitura conceder ou não as autorizações para tais usos recreativos.  Em 1978, a Lei 68 institiuiu a area de preservação ecologica na Ilha da Coroa.  Por outro lado, sempre coube, como dissemos, a União, disciplinar o uso e ocupação daquelas frações de terra.  O que temos hoje?

O mais curioso é saber que, no meio daquela ocupação que viola leis, leis ambientais inclusive, existe uma ONG que se diz preocupada com o meio ambiente na região.

A situação nas ilhas e a conduta da imprensa não difere de tantos outros casos em que a imprensa, longe de atuar como sustentadora da Lei, mesmo que de leis burras, atua como legitimadora dos que violam as leis, tratados em materias jornalisticas como empreendedores de visão, socialmente responsaveis, ambientalmente corretos, politicamente justos, bla bla blá.

O que fica como exemplo é isso: violar a Lei no Brasil é vantajoso, bobo é quem a respeita, pois perde oportunidades valiosas.  O abusado não apenas se beneficia de seu abuso e da impunidade, mas ainda é enaltecido pela imprensa.  Violemos as leis e tenhamos o nosso minuto de fama e de elogio civico.

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