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5.5.10

PÉ COM PÉ




Não arrumei outro titulo melhor para o texto: hoje, como há 20, 50, 100, 200 anos atrás, existe um contingente de brasileiros insatisfeitos com o país, eu me incluo. Uma insatisfação múltipla, conforme a classe social, a raça (eu acredito nisto), sexo, idade, cidade, região, etc. Para alguns analistas, a insatisfação está concentrada na classe média, enternamente insatisfeita e medrosa, será? Não acredito.



Lula, em final de mandato, foi descrito por Michael Moore como aquele que desabrochou no Brasil o sonho americano, enquanto Obama presidência o processo de desmonte desse mesmo sonho, iniciado pelos antecessores. A solução do Brasil estaria em liberalizar a vida de modo que todos possam, por seu trabalho, obter renda e realizar seus sonhos materiais, sonhos de consumo, que o mercado se esforça por tutorar a seu favor.



Sim, cada um de nós tem o direito de, por seu trabalho, obter a renda para custear a realização dos sonhos pessoais, obter o meio de troca para viabilizar isso.



A cura da insatisfação brasileira estaria aí, porque essa é a raiz da insatisfação e esse é um direito que por séculos foi exercido apenas por uma pífia minoria, enquanto o grosso da população penava para sobreviver, muitas das vezes mediante humilhações. Essa liberdade, do liberalismo democrata, seria a essência do sonho americano. Lula, queiramos ou não, representa essa maioria, esse “paraíba que deu certo”.



Mas, esse poder sem formação, sem consciência, é como revolver em mão de criança, ou de macaco – os EUA, mais uma vez, têm muitas lições tristes a dar sobre isso, assim também a Europa. A insatisfação geral e o sonho de Lula desagradam os comunistas, claro.



Mas, a insatisfação não reside apenas na ausência de chances de ganhar dinheiro para com ele construir uma realidade melhor: uma casa, um carro, uma geladeira, mais cerveja e churrasco, celular cheio de recursos, etc. A insatisfação está também contra os meios que muitos têm usado para conseguir esse dinheiro e contra as formas de gasta-lo e de usar o que se comprou. A insatisfação no país pega no rabo de Lula também.



E aqui fica uma observação, para encurtar conversa: mais do que direcionar a insatisfação no esforço de um voto consciente (sendo tão difícil achar políticos decentes), essa insatisfação deveria ser usada para a nossa própria reformulação pessoal, no intuito de amadurecermos como cidadãos e membros do grande ecossistema. Essa insatisfação deveria nos fazer candidatos e assumir funções políticas, de governança, no condomínio onde moramos, no clube que freqüentamos, na religião que nos sustenta a alma, nas reuniões de pais da escola dos filhos, nas associações profissionais, etc, etc, para por fim, e aí sim, exercermos a insatisfação como candidatos a postos de comando da vida publica.



Uma outra forma de expressar uma INSATISFAÇÃO AMADURECIDA é exercer função econômica – trabalho, empreender, fazer negócio – balizada por essa insatisfação amadurecida, sermos funcionários ou patrões ou profissionais liberais conscientes, contaminando nosso trabalho com esse sentimento. Penso mesmo que, antes de querermos eleições limpas, candidatos corretos, leis decentes, etc, deveríamos construir um poder econômico comprometido com essa insatisfação amadurecida, para que ele pudesse financiar – aí sim – os esforços políticos.



Mais que políticos conscientes para serem votados, precisamos no Brasil de sociedade consciente, e de empreendedores e funcionários conscientes, precisamos enfim formar uma BASE consciente, a sociedade que se faz por si mesma – em vez de ficar torcendo para que dos covis brotem santos libertadores, torcida natural dos covardes e acomodados.



Mas, tenhamos uma certeza: a sociedade, em geral, ricos e pobres, não está interessada nisto, quer permanecer sim como macacos com pistolas nas mãos. A sociedade em geral, cultos e analfabetos funcionais, quer o álibi do alienado. A sociedade em geral, pretos e brancos, homens e mulheres, não quer as responsabilidades inerentes a liberdade, mas sim um “senhor que os ajude”.



Então, façamos nós a realidade que queremos para nós e tudo o mais será conseqüência.

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